O
disco Realejo Forrozeiro, gravado de modo independente originalmente no formato
de LP em 1988, no Rio de Janeiro, e depois lançado em CD pela Paulus (reprodução
da capa, aí ao lado), em 2000, reúne em dez faixas 19 músicas de Luiz Gonzaga (1912-89)
e alguns de seus parceiros mais importantes, como Humberto Teixeira, Zé Dantas e
Hervé Cordovil, todas magistralmente interpretadas pelo tocador de realejo – ou
gaita ou gaita de boca - mais completo do País: o pernambucano de Caruaru Rildo
Hora, que cresceu brincando e descobrindo os segredos desse complexo e limitado
instrumento de difícil execução e origens chinesas localizado em tempo anterior
ao nascimento de Cristo e aperfeiçoado no correr da segunda metade do século 19,
na Alemanha.
A
primeira faixa traz a toada baião clássica Asa Branca e a última o choro
Impertinente, gravadas pela primeira vez por Gonzaga em 1947 e 1945,
respectivamente.
Os
arranjos impressos no repertório escolhido a dedo por Rildo, que não esqueceu
de obras-primas como Assum Preto, Xote das Meninas, Cintura Fina, Qui Nem Jiló,
A Vida do Viajante e Baião, exultaram sobremaneira o genial Gonzagão, que de
maneira espontânea escreveu e assinou um texto tecendo loas ao resultado final
da gravação do disco - primoroso - e ao músico exemplar, seu amigo particular e conterrâneo.
“Luiz
Gonzaga foi único na arte de fazer música”, devolve Rildo, que chegou a dirigir
e a produzir discos do Rei do Baião e ter músicas suas por ele gravadas.
O
gaúcho Chiquinho do Acordeon, de batismo Romeu Seibel (1928-93), é a cereja de
Realejo Forrozeiro.
O Brasil é devedor de reconhecimento ao talento do grande artista que é Rildo Hora.
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Aí
em baixo, registro fotográfico da apresentação do projeto Rodas Gonzagueanas no
Centro Cultural Correios, Rio de Janeiro, dia 4 deste mês, no qual se vê,
entre
outros, Oswaldinho do Acordeon,
Socorro Lira, Ricardo Cravo Albin e Rildo Hora.
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