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quarta-feira, 21 de setembro de 2022

EU E MEUS BOTÕES (39)

"Que vergonha! Que vergonha! Que vergonha, seu Assis!", o bom Mané diz gritando, esbaforido, acrescentando: "Não é possível! Não é possível! Um presidente da República do nosso país dizer o que disse em Nova Iorque".
"É verdade! Eu não acreditei no que estava vendo na televisão: um presidente de um país tão grande e bonito como o nosso, falar o que falou num boteco em Nova Iorque", disse quase gritando, nervoso, o pacato Zé. Jão, por sua vez, balançou a cabeça decepcionado: "Pois é, que vergonha!".
Enquanto esses meus botões falavam, Lampa cabisbaixo cutucava as unhas com seu punhalzinho de estimação. Num momento qualquer, ele fez: "Hmmm... Hmmmrrr!".
Zoião deu uma geral em 360º e cutucou Biu, baixinho: "Sei não, sei não, acho que o Lampa tá tramando alguma coisa. Eu nunca vi esse cabra tão esquisito".
Biu olhou Zoião e baixinho respondeu: "Pois é, pois é, eu acho que você tem razão. O Lampa tá até mudando de cor, que nem um camaleão".
Barrica escutou a fala de Zoião e Biu, passou a mão na cara e espirrou. Depois, disse: "Vocês estão certos. Olha, olha! O Lampa tá se mexendo. Não tô gostando disso".
Pessoalmente, achei lamentável o comportamento do presidente da República lá na casa do Tio Sam. E mim mesmo perguntei: Como é que a mais importante autoridade do Brasil vai a um boteco comer churrasco e pronuncia um discurso mixuruca, trepado numa cadeira?
Antes que eu me estendesse o meu poeta predileto Zilidoro disse: "Um horror, um horror! Decepcionante! O cara vai pra Londres fazer campanha política no rastro de um velório e sepultamento de uma rainha e esculhamba com o candidato mais pontuado a ocupar o seu cargo no Planalto. Um horror! Um horror! Como é que pode!? Esse sujeito aí ainda ameaçou chutar o pau da barraca caso não ganhe no 1º turno com a diferença de pelo menos 60% dos votos do eleitor brasileiro. E isso tudo no plenário da ONU, que ele transformou em palanque de campanha política! É o fim da picada. E sabe o que eu acho mais, seu Assis? Acho que esse cara deveria é estar respondendo a processos criminais, pois o que ele tem feito contra nós, brasileiros, não é brincadeira não".
Lampa, num movimento rápido, olhou nos olhos de Zilidoro, levantou-se do tamborete e com força enfiou o punhal no lugar onde estava sentado. E num rompante, com sua voz tronitoante, desabafou: "Porra!".
No canto onde se achava, Barrica deu um pulo assustado: "Caralho!".
Calma, calma, Lampa! Calma Barrica, não é assim que a gente deve se comportar. O nosso péssimo presidente é o que é, não tem salvação. 
"Ele, o tal aí, não tem salvação mesmo, não. Mas nós temos. E vamos provar isso escolhendo alguém que possa levar o Brasil pra frente, com categoria, no próximo dia 2 de outubro", disse o poeta Zilidoro.
Respirei fundo, mudando de assunto. E perguntei: Alguém aqui já ouviu falar em Waldir Azevedo?
Barrica levantou a mão e falou: "Waldir Azevedo foi um artista de grande importância para a música instrumental brasileira. É dele o famoso baião Delicado".
O insuspeito botão Zé, abriu sorriso e disse: "Waldir, grande Waldir! Eu não o conheci, mas sei que o seu Assis o conheceu. E até o entrevistou".
Hmmm... Eu adoro o chorinho Delicado. A propósito, não custa lembrar que ele partiu há 42 anos, no dia 20 de setembro de 1980. Acho que agora é hora de a gente encerrar essa prosa nervosa ouvindo o Waldir. Que tal, hein?

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