Hoje segunda, 18, faz dez dias da tragédia incendiária que vitimou mortalmente o sonho de dez jovens, no Rio. Dos três que ficaram gravemente feridos, dois receberam alta hospitalar e um continua internedo: Jhonata Ventura, de 14 ou 15 anos.
O Rio de Janeiro é uma tragédia, por si só.
O Brasil é uma tragédia. Os poderosos são uma tragédia. Até
quando suportaremos tanta tragédia?
Como sobreviver às tragédias?
As tragédias acontecem de modo previsível, aqui no Brasil.
Especialmente aqui, no Brasil.
As últimas grandes tragédias ocorreram em Minas Gerais e no
Rio de Janeiro.
Em Minas, a Vale do Rio Doce assassinou trabalhadores das
localidades de Mariana e Brumadinho. A primeira, já está praticamente
esquecida. A segunda está indo para o esquecimento, também.
Pois é, há pouco veio aquela enxurrada que matou não sei
quantas pessoas no Rio de Janeiro e o caso do Ninho do Urubu. Que nome, hein?
O Ninho do Urubu é o local em que jovens treinavam sonhos
para alcançar o estrelato no mundo do futebol. Nessa “brincadeira”, morreram 10
futuros jogadores do Flamengo. Eram futebolistas em formação.
Bom, o Flamengo é um dos times mais antigos do Brasil. Tem
mais de 100 anos de existência. E é o mais rico dentre todos os times de
futebol do País.
Em 1920 um dos atletas do Flamengo e também jornalista,
Paulo Magalhães (1900-1972) compôs o hino oficial do time que defendia: Hino
Rubro-negro, gravado em disco pela primeira vez em 1932, pelo cantor Castro
Barbosa (1909-1975). Em 1945, Lamartine Babo compôs a marcha Hino ao Flamengo,
gravado originalmente por Gilberto Alves (1915-1992).
No céu não tem time de futebol, mas certamente foi pra lá
que os meninos assassinados pelos descaso dos diretores do Flamengo foram.
O Flamengo é o time de maior torcida do país, o segundo é o
Corinthians.
Grandes nomes das artes e da literatura torciam
fervorosamente pelo time de Zico: Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Ary Barroso.
Diz a lenda que uma vez perguntado porque torcia pelo
Flamengo o autor do clássico Grande Sertão: veredas, respondeu dizendo,
emblematicamente: “Os homens inteligentes torcem pelo Flamengo”.
Uma vez, também, Walt Disney ofereceu mundos e fundos ao
compositor Ary Barroso. Ele queria que o autor de Aquarela do Brasil fosse
trabalhar nos Estudos Disney, nos EUA. Conversa vai, conversa vem, Ary
perguntou: “Nos Estados Unidos tem Flamengo?”. E como nos Estados Unidos não
tinha e não tem Flamengo, Ary não foi trabalhar nos Estúdios Disney.
Não á toa, a marcha de Lamartine contém os versos: “Uma vez
Flamengo, Flamengo até morrer”. Foi por esse time que os meninos do Ninho do
Urubu morreram.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, há todas as
músicas enaltecendo o Flamengo gravadas em discos de 78 rotações, compactos e
LPs.
Ai na foto, duas matrizes com Flamengo interpretado por
Jacob do Bandolim e Flamengo em Marcha, do Spots contendo spots veiculados nas
emissoras de rádio no ano de 1962, quando o Rubro-negro carioca desenvolveu uma
grande campanha para construção do seu centro de treinamento, na Gávea.