Ainda bem novo, Nabuco trocou o Rio por São Paulo para fazer Direito. Não concluiu o curso preferindo fazê-lo na capital pernambucana, onde nasceu.
Ao mesmo tempo que Nabuco voltava a Recife, desembarcavam no porto paulista de Santos Rui Barbosa e Castro Alves.
Barbosa e Castro Alves foram, pois, colegas na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
Bom, é sabido que Joaquim Nabuco e Rui Barbosa eram amigos. Jovens amigos. Os três aqui lembrados tinham a ideia fixa de acabar com a vergonha do escravismo.
O combate ao escravismo era compartilhado por vários romancistas, incluindo Joaquim Manuel de Macedo.
A obra de Macedo é extensa e pluralíssima.
O livro As Vítimas-Algozes reúne, como já disse, três textos identificados pelo autor como novelas.
Esse livro de Macedo começa com o personagem título Simeão. Termina em tragédia, eu também disse.
O segundo texto do livro Pai-Raiol, o Feiticeiro, é um tabefe na cara de quem até hoje gosta de humilhar seja quem for.
O personagem central é o pai aí citado nominalmente. O demônio em pessoa. Ruim que só. O tal manipula como quer a amante Esméria, uma crioula assim chamada pelo autor. É doida por sexo e transa com tudo quanto é escravo da fazenda onde vive, cujas terras são de um cara chamado Paulo Borges. Quarentão. É casado com uma mulher mais nova do que ele, Tereza. O casal tem três filhos. A história segue.
O feiticeiro aloprado convence Esméria a seduzir Paulo, que cai na rede dela. A mulher de Paulo endoida.
E por aí vai o enredo tramado por Macedo. Crianças são envenenadas pelas mãos... O próximo programado para morrer também envenenado era, ninguém mais ninguém menos...
O final dessa história é um barato. Tem duelo e nesse duelo morre pelas mãos de outro escravo o tal feiticeiro.
Lembro que também há um feiticeiro no romance A Carne (1888) de Júlio Ribeiro (1845-1890).
O feiticeiro desse romance, Joaquim, vive matando gente com ervas daninhas. Quando finalmente é descoberto, sai-se mal: é morto queimado pelos próprios companheiros de desgraça.
É um livraço!
Pouca gente sabe, por isso não custa lembrar, que o bom baiano Castro Alves começou a escrever e a publicar poemas num jornal recifense: A Primavera. Nesse jornal saiu o belíssimo poema Canção do Africano, em 1863.
Por essa mesma época, o poeta baiano escreveu A Destruição de Jerusalém.
Meu amigo, minha amiga, você sabia que O Navio Negreiro foi escriro em São Paulo?
Castro Alves escreveu esse poema em abril de 1868. No ano seguinte, foi publicado num jornal literário do Rio de Janeiro.
Um ano antes de morrer, em 1871, Castro Alves publicou o livro Espumas Fluctuantes.
O Navio Negreiro, antes de ser publicado em livro saiu a público na forma de folheto, em 1880. Três anos depois, no livro póstumo Os Escravos.
A terceira novela do livro As Vítimas-Algozes tem por título Lucinda, a mucana. Começa com uma festa de aniversário. A aniversariante, uma garotinha de 11 anos, ganha de presente do padrinho uma escrava de 12 anos.