São
Paulo é do Brasil a cidade que maior número tem de casas de espetáculos em
funcionamento.
Mas
faltam casas de espetáculos para ocupação de público em São Paulo.
Portanto,
São Paulo não pode se dar ao luxo de menosprezar os espaços culturais que tem,
como o da Fundação Memorial da América Latina, que fica ali na Barra Funda,
bairro famoso e histórico por ser o berço do samba da cidade há mais de 100
anos.
Mas
o vazio que tenho visto no Memorial me decepciona e dói, e muito.
O
projeto cultural desse importantíssimo espaço para São Paulo deve-se à
inteligência e persistência do antropólogo carioca Darcy Ribeiro; e a sua
construção, em terreno cedido pela Companhia do Metropolitano de São Paulo –
Metrô, ao arquiteto também carioca Oscar Niemeyer.
O
Memorial foi inaugurado em março de 1989.
De
direito público sem fins lucrativos, mantida pelo governo do Estado, a Fundação
Memorial da América Latina é uma ideia de integração também política e social
dos países vizinhos, com a Argentina à frente.
Mas
esse espaço, de quase 85 mil metros quadrados, está quase sempre vazio, abandonado
às moscas, por isso triste e assim dizer.
Hoje,
mais uma vez, constatei a tristeza do abandono da cultura popular nesse
espaço tão rico, indo à Feira Nacional de Cordel, Fenacordel, lá em vão livre instalada por
iniciativa e insistência de seus criadores abnegados, entre os quais os
cordelistas Varneci Santos do Nascimento e João Gomes de Sá.
O
que hoje vi, mais uma vez, no Memorial, doeu.
Doeu
porque não vi público lá, vi artistas simples do povo, incríveis, profissionais
que sonham, como a dupla de poetas repentistas João Doutor e Adão Fernandes, do
Ceará e da Paraíba, respectivamente (acima, na foto de Andrea Lago).
Pergunto-me:
por que tamanho descaso dar a Fundação Memorial da América Latina à cultura
popular?
Fiquei
sabendo que os espaços do Memorial hoje são alugados.
Fiquei
sabendo que cultura popular não é importante para o Memorial.
Fiquei
sabendo que o presidente do Memorial, o cineasta João Batista de Andrade, tem
tentado o impossível para manter acesa a luz da esperança no Memorial.
Fiquei
sabendo que...
Ora, governador Alckmin!
Ora, governador Alckmin!
Sugiro que se fechem as portas do Memorial, porque do jeito que está o Memorial não passa
de um elefante branco, e elefante branco é uma desgraça num país sem elefantes.
Quando
o Brasil descobrir que a digital do povo é a cultura popular, quem sabe as
coisas mudem, mas até lá...
Puta
que pariu!
INSTITUTO MEMÓRIA BRASIL
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