O baiano Gregório vira rapidamente centro de atenção. Ele e o casal que o acompanhou até aqui.
Curiosa, mocinha pergunta a Gregório quem são aquelas duas pessoas que o acompanham. E ele:
— Laurindo, diga a essa bela mocinha quem são vocês.
O casal se identifica rindo e bem à vontade dizem ser ele Laurindo Rabelo e ela, Francisca Júlia César da Silva.
Surpresa e sem se conter, Mocinha pergunta:
— Laurindo é o autor do poema safado As Rosas do Cume?
Pego assim de supetão, Laurindo balançou a cabeça afirmativamente, acrescentando:
— E essa mulher é simplesmente a autora do poema Dança de Centauras.
O destrambelhado Inácio da Cangaceira, lá de trás, tira da memória alguns versos do famoso As Rosas do Cume:
No cume da minha serra
Eu plantei uma roseira
Quanto mais as rosas brotam
Tanto mais o cume cheira
À tarde, quando o sol posto
E o vento no cume adeja
Vem travessa borboleta
E as rosas do cume beija
No tempo das invernadas
Que as plantas do cume lavam
Quanto mais molhadas eram
Tanto mais no cume davam…
Zé Ruela, que a tudo acompanhava um tanto nervoso, se mexendo todo, querendo falar, enfim toma coragem e após interromper Inácio da Cangaceira, pergunta com a voz enrolada e copo na mão:
— Vocês conhecem essa outra do Seu Laurindo?
E antes de ouvir qualquer resposta, começou:
Amor, ao teu carro em vão
Tu me pretendes jungir
Eu não te posso servir
Já não tenho mais tesão
De putas um batalhão
Já forniquei noutra era
Já fodi com porra fera
Mulatas, brancas e pretas
Hoje só como punhetas
JÁ não sou quem dantes era!
Todos batendo palmas, muita algazarra, brindes!
Levantei-me pedindo licença e perguntando se alguns dos presentes conhecia o poeta Renato Caldas, do Rio Grande do Norte. E antes que dissessem sim, porque não disseram, eu comecei:
Talvez não tivesse cheiro
Servia de brilhantina
Ninguém cagava em latrina
Se merda fosse dinheiro
Todo mundo era banqueiro!
Sanitário era baú
Porém aqui no Assu
A terra do interesse
Se tal coisa acontecesse
Pobre nascia sem cu
Enquanto dava uma bicada de boa cana e mordia um taco de carne de sol, Jarbas deu um berro chamando a atenção pra si.
— Esse poeta é dos bons. Supimpa!, disse emendando:
— O Carlos Lacerda era doido pelo Renato.
— De fato! O Lacerda chegou até a patrocinar um livro do Renato, confirmou o professor Wilson Seraine.
— O Wilson sabe das coisas. Ele é da terra do João Cláudio Moreno, o Piauí, disse batendo palmas o Jessier Quirino.
Aqui em Areia a vida é como no céu: ótima!
Aqui tem de tudo. Tem fruta de todo tipo, legumes que não acabam nunca, pé de coco, pé de caju. O que se plantar por cá, dá. A fava daqui é grande, bonita e gostosa. Não há feijão e arroz melhor do que aqui na nossa Areia. Aqui ninguém sabe o que é fome. E o clima, hein?
Bom, somos um país tropical. Mas nesse país o clima difere aqui e ali, sem mudar radicalmente suas características.
Aqui nessa terrinha o mês mais quente é janeiro. O mais frio são três: junho, julho e agosto.
No mês de calor mais forte os termômetros marcam até 31 graus. No tempo de frio, a máxima chega a 27 graus.