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domingo, 22 de abril de 2012

OUTONO ATRASADO

Um mês depois da entrada oficial do outono, só agora, pra valer, essa estação começa a dar a cara.
Primeiro, foi ontem.
Clima ameno, tranquilo, de vento frio e garoa.
Repetido hoje.
Nesse tempo, a gente fica com cara de bobo.
Imangens esquecidas nos tornam à mente.
Lembramos de coisas, de histórias.
Parece que ouço, lá longe, o Alceu cantando o belíssimo poema do seu conterrâneo pernambucano, Pena Filho.
Aquele que fala de chopp, de mesa em bar.
Lá vem o refrão que não saiu da memória, este:

São trinta copos de chopp,
São trinta homens sentados,
Trezentos desejos presos,
Trinta mil sonhos frustrados...

Olhei para o teto, para os lados, desliguei da vitrola Gonzaga cantando Asa Branca, enfiei a roupa no corpo e decidi bater pernas em direção a um shopping.
Eu estava com fome e o lugar estava entupido de gente de todo tipo e idade.
Não gosto de shopping, mas fui.
Antes, a avenida que me levou ao tal, a Angélica, era uma confusão só: totalmente engarrafada, uma chuvinha persistente caindo, o frio pegando e buzinas enlouquecedoras dos automóveis não paravam.
Ensurdecedor.
Começo da tarde.
O taxista me diz o óbvio: é assim mesmo, daqui a pouco não haverá espaço nas ruas pra ninguém; nem para pessoas, nem para carros.
Já não há nem nos fins de semana, retruquei.
Bati num restaurante de nome Japengo ou algo parecido.
A pedida era um rodízio de sabores japoneses.
Imaginem! Um rodízio de comida japonesa.
Onde vamos parar?
O ambiente era pequeno; metido a chic, de uns 100 m², se tanto.
E três televisores pregados na parede, ligados.
Uma tortura.
Os garçons devagar, pra lá e pra cá sem trajes próprios da profissão.
No balcão, os responsáveis pelo preparo das iguarias trabalhando sem luvas...
Agora, pela janela do meu apartamento, veja a noite chegar.
O jornal anuncia Corinthians x Ponte Preta.
Vou assistir e depois findar de ler a história em quadrinhos de mestre Luiz Gê, Av. Paulista.

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