Ouso aqui dizer que esse João foi tão importante quanto o pernambucano de Exu Luiz Gonzaga, que para o mundo ficaria conhecido como o Rei do Baião.
O novo ritmo criado por João Gilberto chamou-se Bossa Nova. O mundo inteiro conhece esse gênero, esse ritmo, essa pancada sonora inventada pelo baiano João.
A primeira gravação de Garota de Ipanema, carro chefe do movimento bossa-novista, foi gravada no Brasil no dia 26 de março de 1963, lançada em julho num disco de 78 rpm pela gravadora Odeon. O intérprete, de quem privei amizade, foi o carioca Pery Ribeiro. Pery era filho da deusa da nossa música Dalva de Oliveira e do cínico Herivelton Martins, porém sem dúvida um grande letrista e melodista da nossa música popular. É dele, por exemplo, a canção Ave Maria no Morro. Essa canção foi gravada em muitas línguas.
Em muitas línguas, quase todas, foi também gravada Garota de Ipanema.
A primeira versão em inglês de Garota de Ipanema coube à baiana de Salvador Astrud Gilberto. Essa gravação Astrud fez no dia 12 de março de 1963, num estúdio de Nova Iorque lançada no ano seguinte, num single, sem créditos à intérprete. Não houve contrato na ocasião. Da parte dela, de Astrud, por ingenuidade ou amadorismo.
No começo da carreira, João brigou com muita gente. Até com Geraldo Vandré. Mas o tempo passou e a amizade entre os dois voltou.
O primeiro LP de Vandré tem a marca bossa-novista. Não é mesmo, maestro Júlio Medaglia?