Hoje é domingo... Mas não foi num dia como hoje, tampouco num sábado ou numa sexta-feira que nasceu no já distante 1910 Rachel de Queiroz.
Rachel nasceu no dia 17 de novembro, uma quinta-feira. Cedo, muito cedo, ela passou a interessar-se pela vida brasileira a partir do seu Ceará.
Tinha ela 17 anos de idade quando começou a publicar poemas no jornal do Estado onde nasceu.
Foi no jornal O Ceará que Rachel passou a publicar seus primeiros textos na forma de versos, utilizando o pseudônimo de Rita de Queluz. Não demorou muito, essa Rita passou a integrar a redação daquele jornal.
Enquanto atuava no jornal, Rachel punha no papel a história da grande seca de 15 que testemunhou. Nessa história ela conta o sofrimento de uma família retirante, constituída por um pai, uma mãe e dois filhos. A fome toma conta desses personagens. Um menino come uma raiz pensando ser macaxeira. Engana-se e morre envenenado, pois o que comera foi mandioca.
No decorrer da história, o casal e o outro filho chegam esfarrapados e se desmilinguindo de fome na capital cearense. Lá são jogados num campo de concentração. Isso, antes da tragédia mundial provocada pelo nazismo.
O menino que tivera o irmão morto na estrada é adotado por uma jovem de nome Conceição, de família proeminente na região.
Pois bem, é a partir de Conceição que Rachel de Queiroz constroe grandes personagens femininas enriquecendo sua ampla bibliografia.
Em 1930, Rachel publicava seu primeiro romance com personagens fortes, fortíssimas e cheias de esperança, como essas que acabamos de lembrar.
O Quinze foi lançado à praça de modo independente. A tiragem não passou de mil exemplares.
Depois desse romance, que chamou a atenção de críticos do eixo Rio-São Paulo, Rachel continuou publicando livros como Caminho das Pedras; As Três Marias; A Beata Maria do Egito; Dora, Doralina...
As personagens dessas histórias são incríveis.
Em Caminho dss Pedras, Rachel mostra a força da mulher como política. O mesmo acontece nos seus outros livros.
No começo dos anos 30, Rachel chegou a ser presa sob a acusação de ser comunista.
Com a advento do Estado Novo (1937-1945), livros seus e de Jorge Amado, Zé Lins e Graciliano foram queimados em praça pública, em Salvador, BA.
Isto também ocorreria com Pagu, que pela primeira vez foi presa na França também sob a acusação de ser comunista.
Pagu foi presa outras 22 vezes por agentes do Estado Novo. A última prisão lhe rendeu cinco anos de cárcere. O PC a abandonou, como abandonou Graciliano e outros e outros e outros grandes nomes da intelectualidade brasileira. Pagu morreu de câncer. Mas essa é outra história.
Antes de se tornar a grande escritora que foi, Rachel traduziu uns 40 ou 50 livros do inglês e do francês para o português. Entre os autores que traduziu encontram-se Jack London, Dostoiévski, Jane Austen, Jules Verne, Emily Brönte.
Rachel de Queiroz casou-se duas vezes, teve uma filha que morreu com um ano e pouco de idade. E ela própria no dia 4 de novembro de 2003. Dormindo...
Foi a primeira mulher a conquistar uma cadeira na masculina Academia Brasileira de Letras, ABL, em 1977.
Rachel foi também a primeira escritora brasileira a ganhar o prêmio Camões, em 1993.
É de 1992 o último romance de Rachel: Memorial de Maria Moura.
Maria Moura é uma cangaceira arretada, como a sua autora!
Curiosidade: em 1961, o presidente eleito Jânio Quadros convidou Raquel a ser ministra da Educação do seu governo. Ao declinar o convite, a escritora disse ser apenas uma jornalista, mas que ele poderia contar com ela...