O cara sai de casa numa boa, assoviando e tal.
De repente, dá uma topada e, em alto e bom som...
O cara vai trocar a lâmpada queimada e leva um choque. Em
alto e bom som...
O cara vai tentar estancar a água da torneira que não para
de pingar e, de repente, o cano estoura. Em alto em bom som...
Pois é, o palavrão está na boca de todo mundo. De quase todo
mundo. Na verdade, o palavrão tá na boca do mundo.
Em 1974 o folclorista, advogado e político pernambucano
Mário Souto Maior (1920-2001) publicou o curioso Dicionário do Palavrão e
Termos Afins, com prefácio do sociólogo Gilberto Freyre (). Nesse livro há
cerca de 3.500 palavras pouco dicionarizadas. E cabeludas, como se diz.
A ditadura militar caiu de pau e soltou seus sabujos pra
recolher o livro.
A menor palavra da nossa língua começa com “c”.
Todo mundo diz palavrão, mas há quem exagere. Na reunião
ministerial de 22/4, tornada pública exatamente um mês depois, um raivoso
presidente da República poluiu o ar soltando 29 palavrões em menos de duas
horas. Palavrões de grosso calibre.
Envergonhado, um dos participantes, o ex-ministro da Justiça
Sérgio Moro, retirou-se antes de terminar a reunião. Um palavrão, porém, nem
sempre soa como tal, dizia o mestre Souto Maior.
A opinião de Souto Maior foi compartilhada pelo discreto
poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade.
Aplaudidos artistas brasileiros como Costinha, Aracy de
Almeida, Hilda Hilst, Isaurinha Garcia e Dercy Gonçalves adoravam soltar
palavrões. Faziam isso com graça, alegria, ao contrário do candidato a ditador.
Esse que aí está: Bolsonaro.
Todo mundo já ouviu falar da palavra
anticonstitucionalissimamente.
Há, porém, outra que desbanca essa encontrável no dicionário
Houaiss:
Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico.
O desbocado presidente Bolsonaro
continua poluindo o ar.
No acervo do Instituto Memória
Brasil, IMB, há centenas e centenas de livros, folhetos de cordel, compactos,
lps’s e revistam antigas que tratam de palavrão.
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