Seguir o blog

domingo, 29 de maio de 2022

RÁDIO: INCLUSÃO E CIDADANIA (2, FINAL)

Ilustração de Fausto Bergocce

Geraldo Nunes como repórter-aéreo, em 2004
Eu conheci Geraldo Nunes no começo dos anos de 1990. E quando ele traçou o plano de levar ao ar o programa São Paulo de Todos os Tempos, me telefonou. E conversa vai, conversa vem, me chamou para abrir o programa com uma entrevista de uns 15 minutos. Essa entrevista ocupou o programa inteiro, de uma hora.
O ano de estreia de São Paulo de Todos os Tempos foi 1994.
A deficiência física que Geraldo Nunes carrega consigo até hoje nunca o impediu de desenvolver suas funções como profissional do jornalismo. Também não o impediu, nem o impede, de mover-se por onde quer que queira. Anda com o auxílio de aparelhos ortopédicos. O seu carro é adaptado e assim ele segue a vida. Serelepe.
É certo que há muitos Geraldo Nunes por aí, tentando alçar vôo como profissional e cidadão. Mas a sociedade os impede, mesmo depois da aprovação pelo Congresso Nacional do Estatuto da Pessoa com Deficiência, em 2015. Já no início, destaca o Estatuto:

É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico.
E destaca mais: 

A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. 

Atualmente, aposentado, Geraldo Nunes escreve livros sob encomenda. Mas, segundo ele, poderia estar atuando na reportagem ou dirigindo uma redação, pois talento para isso não lhe falta.
Quanto a mim, faço minhas as palavras dele. Com um agravante: procurei sarna pra me coçar ao decidir adaptar Os Lusíadas de Luís de Camões para Canto e Cordel. O meu desejo, com isso, era levar a adaptação da obra-prima de Camões ao teatro como Ópera Popular. Não, não está dando, mesmo sendo 2022 o ano de comemoração, por que não dizer, da primeira edição de Os Lusíadas.
Os Lusíadas foi publicado em 1572, em Portugal.
Como cego dos olhos, apenas dos olhos, a meu modo continuo a ver a vida. Ouça: POEMAS DOS OLHOS
Um dos meus maiores desejos atualmente é voltar às rádios, ou televisão, para apresentar um programa provisoriamente intitulado Visão Cidadã.
Enquanto isso, continuo escrevendo poemas, canções e folhetos de cordel.

Você conhece o Instituto Memória Brasil? Clique: https://institutomemoriabrasil.com.br

sábado, 28 de maio de 2022

JOÃO CARLOS MARTINS ABRE A VIRADA CULTURAL

Assis Angelo e Getúlio Mac Cord
Logo mais às 17hs o maestro João Carlos Martins abrirá a
Virada Paulista, num palco da Freguesia do Ó.
Essa é a 17ª Virada e dela participarão algumas centenas de artistas. 
Estão programadas pelo menos 300 participações como dança, música e outras atividades artísticas.
Entre os artistas mais conhecidos estão Criolo, Arnaldo Antunes e Sidney Magal.
Muita gente boa, como Cacá Lopes ficou de fora. 
Eu participei uma ou duas vezes dessa Virada (registro abaixo).
A Virada Cultural é um projeto de origem francesa. Surgiu no ano de 2002, em Paris.

GETÚLIO MAC CORD

O carioca da Tijuca Getúlio Mac Cord se acha em São Paulo para acompanhar a Virada Cultural. Getúlio, radialista e pesquisador da cultura popular, é autor do livro Tropicália — Um Caldeirão Cultural (2009). Aproveitou sua estadia por cá para entrevistar Augusto de Campos e Jorge Mello. Esteve ontem sexta 27 conhecendo o Acervo Instituto Memória Brasil.



LEIA MAIS:

RÁDIO: INCLUSÃO E CIDADANIA (1)

Em 1968, o cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré já proclamava na sua famosa guarânia Pra Não Dizer que Não Falei de Flores:

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não…


Em 1988, a atual Constituição brasileira já garantia, no seu art. 5º que:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...
Noutras palavras: é livre o ir e vir, movimento esse garantido firmemente pela Constituição. Infelizmente na prática, porém, isso não ocorre 100% como deveria ocorrer.
A população brasileira já passa dos 200 milhões de habitantes. Mais mulheres.
O número de desempregados, no nosso País, já passa de 11 milhões de pessoas.
No seu art. 6º, garante a Constituição:
São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados…
Números divulgados pelo IBGE em 2019 indicavam que mais de 13 milhões de brasileiros viviam na pobreza.
Números que acabam de ser divulgados pelo próprio IBGE mostram que só na Capital paulista há mais de 600 mil famílias vivendo com apenas R$105/mês.
A desigualdade entre pretos e brancos, entre brasileiros enfim, continua de modo crescente.
As pessoas que estão aptas para trabalhar, não acham emprego. Imaginemos, agora, as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, embora aptas para o trabalho, o que devem fazer para sobreviver no seu dia a dia. 
Há no jornal e revista poucos profissionais portadores de deficiência em atividade. No rádio, menos ainda.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), colhidos em 2010, indicam que pelo menos 24% da população brasileira sofre de algum tipo de limitação. Diz a pesquisa:
Quase 46 milhões de brasileiros declararam ter algum grau de dificuldade em pelo menos uma das habilidades investigadas (enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus), ou possuir deficiência mental / intelectual (…) A deficiência visual estava presente em 3,4% da população brasileira; a deficiência motora em 2,3%; deficiência auditiva em 1,1%; e a deficiência mental/intelectual em 1,4%...
Em 2013, eu perdi a visão dos olhos.
Geraldo Nunes, em registro Geraldo Nunes da Silva, perdeu os movimentos dos membros inferiores ainda no tempo de criança.
Geraldo Nunes, paulistano da gema, entra para a história do jornalismo brasileiro como o primeiro “repórter-aéreo” portador de deficiência física provocada pela poliomielite. E também como o primeiro repórter a mostrar e a traduzir os encantos da Capital paulista no plano de cima pra baixo. Lembra:
“Fui o primeiro a falar de Memória Afetiva no rádio, através do programa São Paulo de Todos os Tempos (Eldorado) que permaneceu no ar durante 14 anos, entre 1994 e 2008”.
Corriam os últimos anos do século 20 quando Nunes foi convidado a integrar o quadro profissional de repórteres da Eldorado, emissora que fazia e ainda faz parte do grupo Estadão.
Antes de passar pela Eldorado, Geraldo Nunes passou pelas rádios Capital, Bandeirantes e Pan.
Para a rádio Bandeirantes, Nunes chegou a transmitir boletins diretamente do Aeroporto Internacional de Guarulhos, SP, onde pegou gosto por avião. Num desses boletins ele registrou a transferência do presidente-eleito, Tancredo Neves, de Brasília para São Paulo onde morreria no dia 21 de abril de 1985.
Os primeiros voos desse repórter levaram à chancela da rádio Eldorado. Conta: “Quando a Rádio Eldorado me convidou, em 1989, para ser o repórter-aéreo aceitei de imediato pelo prazer de voar e ao longo do tempo incorporei em meus boletins de trânsito, curiosidades históricas sobre os bairros e ruas de São Paulo o que tornou meu trabalho diferenciado dos demais repórteres da área. Desde então me especializei nas atividades voltadas à pesquisa histórica e aos assuntos ligados à memória paulista e brasileira”.

sexta-feira, 27 de maio de 2022

EU E MEUS BOTÕES (26)

"Eu li seu texto ontem sobre o debate fuinha estrelado por Ciro Gomes. Gostei", começou Zoião. E acrescentou: "O Ciro, de pavio curto, abre a boca só pra agredir quem não concorda com ele".
Barrica e seu irmão Biu, bateram palmas. "Eu também li, seu Assis. E também gostei. E como o sinhô disse, vale tudo pra derrubar o Bozo. A gente elege Lula e depois a gente faz ele fazer o que de fato interessa ao nosso País", disse Barrica.
Num canto, rente à parede, Lampa limpa as unhas com a ponta do seu punhal, desconfiado.
Mané, paraibano da cepa, entra na conversa: "Acabei de ler uma nova pesquisa do Datafolha. A pesquisa diz que Lula ganharia no primeiro turno com 54% dos votos válidos, quer dizer, excluídos os brancos e nulos".
Cabreiro, Lampa continua a cutucar as unhas. E foi não foi, levanta as sobrancelhas, que aparentemente escondem seus olhos frios.
Jão e Zé cochicham.
Zilidoro, atento, diz estar ainda muito preocupado com o andar da carruagem. Ele acha que Bolsonaro está se preparando para atiçar os seus seguidores contra o povo pacato do Brasil.
Agora fico pensando, volta a falar Zoião, "o Ciro, com 8% dos votos válidos, acha que pode mudar o jogo e ganhar o cargo de presidente da República. Não dá, assim não dá. Ele tem mais é que apoiar o Lula. Ele e todos os demais representantes da chamada esquerda".
"Acho que vai ter muita porrada, mas eleição vai ter", opina Zé.
Ao ouvir a palavra "porrada", Lampa limpou o punhal na calça e depois o beijou, murmurando: "Eita punházim bunitim da peste! Vamo ter trabaio, vamo ter trabaio...".
"Tem muito policial se exaltando por aí e fazendo bobagem, besteira", disse Zilidoro acrescentando: "A violência continua braba no Brasil. Agora, além do massacre numa favela do Rio, que deixou 25 mortos, agora mais um inocente é torturado e assassinado em praça pública, em Sergipe".
"Um horror!", bradou Jão.
"São os seguidores do Bolsonaro botando as unhas pra fora", disse Zoião.
Bom pessoal, está na hora de trabalhar. Vamos ao trampo!
Zoião despediu-se com uma pergunta: "O Ciro é nordestino? Pergunto isso porque no tal debate com o Gregório Duvivier, ele diz que é estigmatizado por ser nordestino".
Não, claro que não, ele é paulista de Pindamonhangaba.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

A DERROCADA DO PASTOR CIRO GOMES

A violência tem tomado conta do Brasil e se intensificado nos últimos anos.
São mais de 50 mil crimes de morte por ano no nosso País.
Como se não bastasse ainda há a violência verbal praticada e estimulada por autoridades de todos os níveis, incluindo o presidente Bolsonaro. Gravíssimo.
Bolsonaro chegou a ameaçar de morte o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Fora isso, agrediu com palavras de baixo calão deputados e jornalistas.
Há dois dias o Procurador Geral da República, Augusto Aras, partiu pras vias de fato contra o subprocurador-geral Níveo de Freitas só porque discordou das perguntas que lhe foram feitas. A segurança e os defensores do "deixa disso", intervieram para o pior não acontecer.
Pois é, a violência grassa.
O vírus da violência está, infelizmente, impregnado em pessoas insuspeitas, como Ciro Gomes.
Ciro já ocupou vários cargos de importância na República. Foi prefeito, governador e ministro. Mas isso não o impediu que rompesse ou rompa estribeiras contra pessoas que discordem do que diz. Em setembro de 2018, por exemplo, ele xingou e partiu pro pau contra o jornalista Luiz Nicolas Maciel Petri. Foi em Boa Vista, capital de Roraima, durante uma entrevista coletiva.
Está provado: Ciro tem o pavio curto, mas isso não o livra de críticas. Pelo contrário, o impede de alcançar outros cargos na República.
Há poucos dias, Ciro convidou o humorista Gregório Duvivier para "um cara a cara" via Internet.
O convite foi feito depois que Duvivier, no seu programa Greg News da HBO, fazer comentários críticos que desagradaram Ciro. Lá pras tantas disse que o candidato a presidente deveria apoiar o Lula e que, se insistisse em continuar a disputar o cargo de presidente, os eleitores não votassem nele.
Isso foi suficiente pra Ciro engrossar. Daí o convite.
Duvivier aceitou o convite e os dois, ele e Ciro, permaneceram no ar durante quase 2 horas. Detalhe: só Ciro falava e falava e falava, não deixando seu convidado concluir frases e raciocínio.
Em determinados momentos parecia até que Ciro era um pastor de igreja, pois se dirigia a Duvivier como "irmão". Pedia desculpas e insistia, mesmo assim, passava como um trator sob as palavras do seu convidado.
Coisa feia, não se faz isso com um convidado tão especial como Duvivier, que já votou e fez campanha pró Ciro.
A propósito, Duvivier fez campanha contra Bolsonaro, em 2018. Quem não lembra? 
Em 2018, os brasileiros decepcionados com o PT votaram em Bolsonaro pra derrotar Lula.
Agora em 2022, os brasileiros decepcionados com Bolsonaro querem derrotá-lo elegendo Lula a presidente da República.
O Brasil precisa ganhar novos rumos, novos voos. Lula é opção, sem dúvida. Elegê-lo é um começo para o Brasil voltar aos trilhos. E se Lula de novo decepcionar, nós eleitores haveremos de encontrar caminhos para o Brasil não continuar no buraco em que se acha.
Triste fim o de Ciro Gomes.
Digo triste fim porque, como cravou Anna da Hora, "Ciro enterrou sua candidatura, ao chamar Duvivier para um debate".
Sensível, inteligente e rápido no raciocínio, Gregório Duvivier foi de uma compreensão extrema no "cara a cara" com Ciro.
Acompanhe o debate clicando:
 
 

SIVUCA

O paraibano Sivuca, um dos mais importantes sanfoneiros do mundo, completaria hoje 92 anos de idade. Completaria porque foi num dia 26 de maio de 1930 que ele nasceu, em Itabaiana. Sivuca, de batismo Severino Dias de Oliveira, morreu em 14 de dezembro de 2006. Foi meu amigo. LEIA: VIVA SIVUCA!

quarta-feira, 25 de maio de 2022

CULTURA PARA TODOS

Assis Angelo e Jarbas Mariz
A Fábrica de Cultura, unidade Nova Cachoeirinha, encheu-se ontem 24 de um público formado basicamente por educadores e aprendizes para ouvir o que eu tinha e tenho a dizer a respeito de cultura popular.
Entre os educadores, se achava o entusiasmado Rubens Morais.
Minha palestra, intitulada A Cegueira Não é o Fim, começou pontualmente às 15h e terminou uma hora e pouco depois.
Além de cultura popular falei sobre rádio, jornal e até declamei poemas que tenho feito ao longo dos anos.  
Descrevi também os folhetos de cordel que compus e publiquei no decorrer da pandemia que nos tem atacado desde 2020.
Muito atento, o público teve participação ativa na fala por mim desenvolvida.
Fiquei feliz com tudo que ocorreu na Fábrica de Cultura do bairro Nova Cachoeirinha.
Nova Cachoeirinha é um dos muitos bairros da zona Norte da Capital paulista.
Fábrica de Cultura é um projeto do governo do Estado que visa acesso e ampliação ao conhecimento. É desenvolvido e acompanhado de perto pela POIESIS, Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura.
Do projeto Fábrica de Cultura, existem 8 unidades: Brasilândia, Capão Redondo, Diadema, Iguape, Jaçanã, Jardim São Luís, Osasco e a já citada Nova Cachoeirinha.
Antes de mim estiveram por lá falando e cantando Tom Zé, Emicida, Chico César, Alceu Valença e outros mais.
Tudo muito bom, tudo muito bonito.
O responsável pela programação da Fábrica de Cultura do bairro Nova Cachoeirinha é o músico profissional Jarbas Mariz.
 

LEIA MAIS:  
 

segunda-feira, 23 de maio de 2022

LIVRO E MÚSICA NA CASA DI FATEL


Marcantes foram a tarde e pedaço da noite de ontem 22 no espaço cultural Casa di Fatel, no bairro paulistano Parelheiros. No período ocorreu o lançamento do livro Léxico Catrumano, do poeta e violeiro Téo Azevedo.
Muitos artistas compareceram ao evento, entre os quais Ibys Maceió, Dantas do Forró, Rosa Morena e Anastácia.
Também compareceram ontem à Casa di Fatel jornalistas e radialistas, como Carlos Silvio, Sérgio Mauro e Geraldo do Norte.
Além de profissional da rádio nacional, Geraldo do Norte é um grande poeta da linha popular.
Outros poetas também estiveram prestigiando Téo Azevedo, na Casa di Fatel, como João Gomes de Sá.
Muita gente boa pegou seus instrumentos e tocou e cantou.
Sob aplausos, Fatel, Anastácia, Luiz Wilson e outros bambas de bom gogó cantaram o arrastapé O Cantador de Alto Belo. Ouça:
 

PALESTRA

Amanhã 24, a partir das 15h, estarei proferindo palestra no espaço cultural Fábrica de Cultura

domingo, 22 de maio de 2022

RÁDIO: FUTEBOL, NEGRO E MÚSICA (3, FINAL)

No último fim de semana, o jogador do Corinthians chamou de macaco um jogador do Internacional. O corintiano acusado, Rafael Ramos, português, foi preso em flagrante e levado à Delegacia para esclarecimentos, foi solto após seu time pagar fiança.
Lamentável, sob qualquer aspecto. E isso tem origem.
O professor João Baptista conta no seu livro que os programas de rádio com auditório atraíam, e ainda atraem, público diverso:

“Tão acentuada é a presença da mulher de cor entre esses frequentadores de auditórios, e é de tal maneira efervescente, barulhento e espetaculoso o seu comportamento, que nos meios radiofônicos tais grupos promocionais são chamados depreciativamente de “macacas de auditório”, numa alusão direta àquelas generalizações populares que procuram identificar características negróides a traços simiescos.”
Mas, evidentemente, no geral o rádio representa muito no Brasil.
O artista e apresentador do programa Pintando o 7, Luiz Wilson, diz:
“O Rádio sobreviveu e sobrevive a toda evolução no mundo inteiro. Desde a chegada da Televisão que se popularizou até a chegada da Internet e todas as suas ferramentas até aqui criadas, o Rádio se mantém na liderança como o principal veículo de comunicação.
Como Radialista, digo que o Rádio é o maior companheiro, sendo a principal razão de que uma vez sendo um meio de comunicação auditivo podemos escutá-lo enquanto realizamos outras atividades, desde os afazeres domésticos às mais variadas funções.”
Pois é, apesar de tudo.
O rádio continua sendo o meio mais rápido pra se saber o que acontece no mundo. Fora isso, é através dele que os ouvintes tomam posição política ou não. E ainda tem o dado musical, embora esse seja hoje bastante discutível. Falo do gosto. Melhor: do mau gosto. Música de má qualidade. Aliás, só existem dois tipos de música, já dizia o maestro Eleazar de Carvalho (1912-1996), a boa e a má.
Grosso modo, o que é levado ao ar é música de má qualidade, com raríssimas exceções.
Os narradores profissionais de futebol como Fiori Gigliotti e Estevam Sangirardi, deixaram em disco passagens históricas do nosso futebol. Pérolas, na verdade.
Há poucos dias, Carlos Silvio entrevistou uma lenda do rádio paulistano: Salomão Ésper.

VEJA E OUÇA MAIS: CLAUDIO JUNQUEIRA NO PAIAIPA NA CONECTADOSSÍLVIO MENDES NO PAIAIÁ NA CONECTADOSJÚLIO MEDAGLIA NO PAIAIÁ NA CONECTADOSPAULO CARUSO NO PAIAIÁ CONECTADOSJOSÉ HAMILTON RIBEIRO NO PAIAIÁ NA CONECTADOS

Foto e reproduções: Flor Maria e Anna da Hora.

sábado, 21 de maio de 2022

RÁDIO: FUTEBOL, NEGRO E MÚSICA (2)

Não só de alegria vive o rádio, no tocante à transmissões de partidas de futebol.
Grosso modo, são poucos os profissionais que atuam no setor. Mais brancos do que negros. Mulheres são minoria absoluta, embora haja mulheres já transmitindo jogos. E não só no futebol, no rádio em geral.
O paulista de Santa Cruz do Rio Pardo, professor emérito da USP publicou em 1967 o livro Cor, Profissão e Mobilidade: O Negro e o Rádio de São Paulo, no qual analisa o setor radiofônico, desde os anos de 1950. Lá pras tantas, ele diz:
“Do total de radialistas, 1.854 (83,7%) são homens e 362 (16,3%) são mulheres: destas, 334 (15%) são brancas e apenas 28 (1,2%) são de cor; enquanto no grupo masculino, 1.610 (72,6%) são brancos e 244 (11,4%) são pretos ou mulatos. Observa-se portanto que o número de homens brancos não chega a ser 7 vezes o total de profissionais não-brancos, ao passo que o número de mulheres brancas chega a ser quase 12 vezes o de mulheres de cor. Nota-se, também, que o total de profissionais brancos mal atinge 5 vezes o número de mulheres brancas; já o número de profissionais de cor chega a ser quase 9 vezes superior ao total de mulheres não-brancas.
No grupo branco, as 334 mulheres correspondem a 17,6% do total de profissionais; por sua vez no grupo de cor, as 28 mulheres representam 11,4% do total de radialistas com as mesmas características raciais. Estes dados permitem estabelecer a percentagem diferencial entre elementos brancos e de cor, nas diferentes categorias de sexo: dentro do grupo feminino, 92,3% são brancas e 7,7% são de cor. No masculino, 86,8% são brancos e 13,2% são pretos ou mulatos.”
Os dados antigos, dos anos de 1950.
Carlos Silvio (esq.) e Salomão Ésper
Faltam dados atualizados, mas surpresa não será se o resultado for pior ou igual aos números do passado.
Negros famosos no rádio de São Paulo contam-se nos dedos: Moisés da Rocha, que há mais de 30 anos produz e apresenta na rádio USP, uma vez por semana, o programa O Samba Pede Passagem e Maria Júlia Coutinho Portes, a Maju, que apresentava um belíssimo programa de entrevistas, ao vivo, na extinta rádio Globo paulista.
O radialista Carlos Silvio, apresentador do programa Paiaiá na Conectados, reforça a ausência do negro na rádio brasileira. E diz:
"Em várias áreas, o negro ainda tem pouca representatividade. Fato. No mundo do rádio, não é diferente.
Uma rápida passagem pela memória, não conseguir lembrar, de bate-pronto, se há negros trabalhando no rádio paulistano. Ou há?
Num País mestiço como o Brasil, em que muitas vezes pessoas se identificam como 'moreno' ao invés de negro, a ausência é mais evidente.
Quando morava na Bahia eu ouvia muito as transmissões futebolísticas, pela Rádio Sociedade da Bahia, uma das principais vozes era o narrador Silvio Mendes, um negrão.
Hoje, com 76 anos e narrando futebol pela Rádio Metrópole e Salvador, Mendes diz que vai narrar futebol até os 80 anos.
Mendes simboliza que o negro pode e deve estar em todos os lugares e profissões, sem que haja a necessidade de incluir em qualquer tipo de 'cota'.
Negro, assim como o branco, amarelo, albino ou sei lá o que mais, é capaz"
Pois é, e o problema se agrava. Sempre.
Frequentemente atletas negros enfrentam xingamentos de torcedores. E não só no Brasil. Na Inglaterra, na França, na Itália… Mais grave: jogador chamando jogador de macaco.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

EU E MEUS BOTÕES E TÉO AZEVEDO (25)

Bom dia pessoal. Resolvi começar nosso papo hoje mais cedo. Tá um frio danado, não é? Alguém aí já tomou café?
Em uníssono todos responderam que sim.
Bom, hoje eu trouxe uma pessoa muito querida para apresentar a vocês. Essa pessoa é Téo Azevedo.
Após ligeira algazarra, Zilidoro pediu licença pra falar. Disse: "Eu já conheço esse moço, aí. É cantor, compositor, num é?".
Téo Azevedo abriu um sorriso largo e confirmou: "Sim, sou cantor. Artista". 
Os irmãos Biu e Barrica, ambos papa-jerimuns, eram os mais exaltados com a presença do artista e quiseram saber logo de onde era, de que cidade, de qual Estado...
Bom, começou Téo, "eu nasci num pequeno povoado mineiro, chamado Alto Belo. O meu pai era um cantador muito famoso, embora tocasse com um braço só. Seu nome era Tiófo e todo mundo gostava dele. Puxei a ele e virei artista do povo".
O político quase poeta Zoião, perguntou: "Uma vez eu vi na televisão você dizendo que começou a ganhar a vida com a cobra no pescoço e lutando boxe. É verdade?".
Sim, é verdade, confirmou Téo acrescentando: "Tenho lutado muito na vida, mas muitas pessoas me ajudaram nessa caminhada. E continuam ajudando. Agradeço a Deus por tudo que sou".
Meio desconfiado, como sempre, Lampa apenas a tudo observava. Perguntou: "Você já matou alguém? Já bateu em cabra safado?".
Pego assim de supetão, Téo Azevedo engasgou-se. Porém não perdeu o trilho. Disse: "Bater bati, como profissional do boxe. Mas matar, não. Só Deus tem o direito de matar".
Mané Paraibano, agora renovado e sempre surpreendendo, perguntou: "Seu Téo, como é que o sinhô está vendo a política?".
Política é pra político, respondeu o artista.
Agora chega né, pessoal? Eu disse isso e puxei uma salva de palmas para o meu convidado. Depois eu disse que acabara de fazer uma música em homenagem a Téo. A letra da música é minha, mas a melodia é de Cacá Lopes e Luiz Wilson. Vamos ouvir?

LÉXICO CATRUMANO

No próximo domingo 22, a partir das 14h, o poeta e cantador Téo Azevedo vai lançar o livro Léxico Catrumano. O lançamento será no espaço cultural Casa di Fatel. Está todo mundo convidado.

RÁDIO: FUTEBOL, NEGRO E MÚSICA (1)

Definitivamente podemos dizer que o futebol é o esporte mais popular e seguido em todos os cantos do planeta. É a alegria do povo. Chova ou faça sol; e esteja em que situação estiver o país, em guerra ou paz; dirigido por democrata ou ditador.
As primeiras transmissões de jogos de futebol, no Brasil, começaram nos anos de 1930. O compositor e pianista mineiro Ary Barroso, fez a festa. Era flamenguista. História incrível, bonita.
O rádio ganhou muitos bons comentaristas e narradores de futebol. Entre os mais famosos se acham Geraldo José de Almeida, Sílvio Luiz, José Silvério, Luciano do Valle, Oscar Ulisses e seu irmão Osmar Santos.
Muitos profissionais do rádio entraram para a história por gravarem expressões definitivas a respeito dos jogos.
Osmar Santos eternizou-se por expressões como “Ripa na chulipa!”, “Pimba na gorduchinha!”.
José Geraldo de Almeida ficou famoso ao repetir a frase “Linda! Linda! Linda!”.José Silvério, marcou: "E que golaço!"; “Dominou, limpou, bateu”; “No peito e na raça”.
E Luciano do Valle, que já não se acha entre nós, diante de um belo gol dizia: “Golaço-aço!”.
Outro narrador de futebol famoso foi o paulista de Barra Bonita Fiori Giglioti (1928-2006), que começava a transmitir as partidas com a belo frase, alto e bom som: “Abrem-se as cortinas, começa o espetáculo” e, não resistindo a um clima de tensão, repetia: “É fogo, torcida brasileira!”.A propósito acha-se na praça um livro contando sua história: Fiori Gigliotti, o locutor da torcida brasileira.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

EU E MEUS BOTÕES (24)

"Olha aí, olha aí, vocês estão vendo? O cara lá de Brasília não para de encher a paciência do Brasil. Quer destruir tudo, inclusive o STF!", dizia isso Zoião enquanto eu adentrava a casa de Zilidoro, onde nós costumamos nos reunir.
"Pois é, pois é, esse cara não tem jeito", falou Biu enquanto o irmão, Barrica, acrescentava: "Com tantos problemas pra resolver no Brasil, o povo passando fome e tal, e o presidente só pensando no seu próprio umbigo e nos seus apoiadores horrorosos".
Bizoiando de lado, em silêncio, Lampa parecia hipnotizado com o punhal que começava a lamber.
Olhei Lampa nos olhos, mas os olhos de Lampa estavam centrados no fio da arma. Num relance, porém, ele levantou uma das pálpebras e resmungou algo como "Hmmm...".
Exaltado, Zoião nem pediu licença e foi logo lendo a notícia do jornal:

"Toffoli nega abertura de ação de Bolsonaro contra Moraes no STF

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, negou nesta quarta-feira 18 a notícia-crime apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes por abuso de autoridade. O argumento de Toffoli é de que os fatos descritos na ação proposta por Bolsonaro não trazem indícios de possíveis delitos cometidos por Moraes, relator de investigações que miram o presidente. Também nesta quarta, o presidente entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Moraes".
 
A decisão de Toffoli em arquivar a suposta notícia-crime, eu digo, teve por base o art. 21 do Regimento Interno do STF. O referido artigo, no seu parágrafo 1º, diz que "O Relator poderá negar seguimento a pedido ou recurso manifestamente inadmissível, improcedente ou contrário à jurisprudência dominante ou à súmula do Tribunal, deles não conhecer em caso de incompetência manifesta, encaminhando os autos ao órgão que repute competente, bem como cassar ou reformar, liminarmente, acórdão contrário à orientação firmada nos termos do art. 543-B do Código de Processo Civil...".
"Virge! que coisa complicada", espanta-se Jão. 
De fato, o linguajar jurídico é estranho ao o ouvido comum. Mas o resumo é o seguinte: O Regimento do STF dá amparo ao juiz prosseguir da apuração de qualquer processo que esteja com ele, eu disse. Mas o diacho é que Bolsonaro continua insistindo e, agora, acionando a PGR. Não vai dar em nada, pois não há respaldo.
Num pulo, Lampa ficou de pé. Nada falou, grunhiu. E agitado deu um grito de guerra e saiu correndo com o punhal na mão, mas o agarramos a tempo. Mané perguntou, nervoso: "Lampa, Lampa, pra onde você pensa que vai?".
Arfando, quase descontrolado Lampa disse: "Vou dar um pulo em Brasília!".
Biu e Barrica, mais Zoião, seguraram Lampa e o fizeram sentar-se de novo no tamborete.
Mané paraibano deu uma piscada ao Zé das Alagoas e, em uníssono, disseram: "Iiiiiihhh... O clima pesou de novo".
Zilidoro, relaxado, perguntou se não podia cantar uma música que ouviu lá atrás.
Que música 'cê quer cantar, perguntei. "Essa, do Zé do Norte. Chama-se Lua Bonita. A propósito, a Lua hoje está em fase minguante, já já chegando a 4ª minguante. E em homenagem a Lampa, lá vai":

quarta-feira, 18 de maio de 2022

EU E MEUS BOTÕES (23)

"... Pois é, e tem mais esta que acabo de ler no jornal", é Zóião falando aos seus colegas antes mesmo de eu entrar em sua casa. De pé, fico escutando ele ler a notícia:
"Nós defendemos o armamento para o cidadão de bem, porque entendemos que a arma de fogo, além de uma segurança pessoal para as famílias ela também é a segurança para a nossa soberania nacional. E a garantia de que a nossa democracia será preservada, não interessam os meios que, porventura, um dia tenhamos que usar. A nossa democracia e a nossa liberdade são inegociáveis, discursou Bolsonaro a apoiadores, o que vocês acham?"
Lampa, sentado num tamborete, olha de baixo pra cima sem mexer músculos. Frio, calculista. E resmunga: "Hmmm... Pura demagogia. Ameaça o povo, ameaça contra a paz. Hmmm... Lá na minha terrinha cabra safado come grama pelo pé por muito menos do que isso. O povo é bom, cabra safado não presta".
Pera, pera! Sou eu falando. Calma, Lampa! Você também está fazendo ameaça!
"Não, Chefe! Não estou fazendo ameaça de nada. Só estou dizendo como é lá na minha terrinha".
Na sua terrinha, Pernambuco, não é assim, não é mais assim. "É!", rebateu Lampa. "Não!", replico.
E nesse é e não é, Zilidoro que estava aparentemente indiferente no seu canto, põe o bedelho: "O negócio, seu Assis, é que esse Bolsonaro realmente está ultrapassando todos os limites. Ele está ameaçando o povo, a paz, a democracia, e por isso precisamos estar sempre atentos. Agora mesmo ele, através de seu advogado, acaba de entrar com uma ação acusando o ministro Alexandre de Morais por abuso de autoridade. É o fim da picada!".
Sim, sei, mas precisamos manter a linha, a calma, porque senão perdemos a razão e aí já viu: nos lascaremos, pois tudo que esse presidente aí quer é pretexto para o golpe que pretende´dar no nosso país.
Zóião me olhou e muito calmamente disse: "Perfeito, seu Assis. Precisamos manter a linha e ficarmos atentos".
Os irmãos Biu e Barrica e os demais presentes perguntaram se eu conheço Pernambuco. Eu disse que sim. E perguntei se alguém ali sabia onde se acha o município de Caruaru. Claro, foi provocação. Pela primeira vez Lampa sorriu assim solto, quase menino: "Conheço, que nem a palma da minha mão. E agora sou eu quem pergunta: Quem sabe aqui quando foi fundado esse município?".
Mané, que continua a nos surpreendendo, levantou a mão e disse logo: "No dia 18 de maio de 1857!".
Palmas gerais. Ambiente descontraído, Zé e Jão entreolham-se e começam a cantar com a ajuda do Youtube:

terça-feira, 17 de maio de 2022

EU E MEUS BOTÕES (22)

"Esse Bolsonaro não tem jeito mesmo, abre a boca só pra dizer besteira", disse Lampa pausadamente enquanto lambia seu inestimável punhalzinho.
"Oxente, quem disse que meu ouvido ouviu foi o Lampa véio de guerra?", indagou surpreso o paraibano Mané.
"Hmmm... Fui eu mesmo!", resmungou irritado o velho pernambucano.
Realmente, o Brasil corre perigo, pessoal. Pois temos um presidente sem noção...
"Outro dia eu ouvi no rádio o artista Jorge Ribbas cantando uma música que dizia que era sua e dele, seu Assis. Essa música eu até já decorei. Mas bom mesmo é ouvir com o Ribbas", contou Jão perguntando: "Alguém aqui quer ouvir essa música?".
Todos disseram que sim, até pra relaxar o clima. E Jão pegou o celular e de repente a música saiu. Essa:


Ao fim, palmas e o elogio que me tocou: "Muito bem, muito bem seu Assis", falou por todos Zoião.
"Pois é, a temperatura está subindo em Brasília e caindo no resto do Brasil", disse Zilidoro claramente, acrescentando: "Bolsonaro está ensaiando um golpe militar a partir do descrédito às urnas que o tempo todo ataca. Isso é temperatura alta, clima tenso, tempo terrível esse que vivemos agora. E o frio pela temperatura ambiental, da natureza, que cobre de chuva de gelo e névoa no Sul, principalmente".
Zilidoro tem razão, "o presidente tem dito muita besteira, mas besteira ameaçadora. Ele está sufocando nosso país e fazendo de tudo para prender a liberdade. Mas presidente também morre...", voltou Lampa falando devagarinho como se estivesse contando palavras.
"Lampa lembrou que presidente também morre porque certamente ouviu em algum lugar um poema do seu Assis que fala disso. E fala mais, fala que um presidente também pode ser preso...", retomou a fala o poeta Zilidoro.
"Pois é, isso mesmo! Ouvi sim! E lembrei disso porque nesse tal poema ele fala que presidente também pode ser preso. E o tal aí, o Bolsonaro, disse que ninguém o prenderá jamais e quem tirará ele da cadeira de presidente só Deus. Hmmm, ele vai ver...".
"Esse Lampa está mesmo surpreendendo. De bobo, tá ficando sabido", alfinetou o bom Mané.
"O pessoal aqui realmente tá ficando de nível, de alto nível. E pra encerrar, vou declamar esse poema do seu Assis. Começa falando de pandemia, de mortes. Agora o número de mortes já passa, no Brasil, dos 665 mil", disse em tom sério o Zilidoro. E abriu a boca:

Já não são quinhentas mortes
Já não são quinhentas mil
A desgraça toma corpo
No coração do Brasil

Não são mortes naturais
As mortes de Silvas e Bragas
São mortes provocadas
Por vírus, pestes e pragas

Praga viva inda mata
Homem, menino e mulher
Mata completamente
Do jeito que o bicho quer

Maldito Coronavírus
Que pega e mata gente
O Brasil está morrendo
Nas garras do presidente

Presidente também morre
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!

A cadeia te espera 
Presidente matador 
Quem apanha hoje é caça
Amanhã é caçador

segunda-feira, 16 de maio de 2022

TÉO AZEVEDO GANHA MÚSICA DE PRESENTE

 
A dupla Caju & Castanha em estúdio
O mineiro Téo Azevedo é cantor, compositor, violeiro, repentista, cordelista, pesquisador da cultura popular da sua terra desde a metade dos anos de 1960.
A sua primeira gravação como cantor ocorreu em 1965. Por ali. Título: Deus te Salve Casa Santa, obra de origem portuguesa e por ele adaptada e readaptada depois por outro mineiro, Tavinho Moura, e gravada por Milton Nascimento sob o título de Calix Bento.
A primeira gravação de Téo saiu em 78rpm. De lá pra cá, Téo Azevedo produziu milhares de discos e pelo menos 2.500 composições de sua autoria e parceiros. "É isso, mas ainda vou compor muito e produzir muito, pois vontade tenho pra isso", diz.
Como pesquisador da cultura popular, Téo já publicou dúzia e meia de livros. O mais novo intitula-se Léxico Catrumano. Nesse livro, que tem cerca de 500 páginas, ele reúne uma grande quantidade de palavras e expressões comuns na língua do povo e, a maioria, não conhecida nos grandes centros.
Um pouco da sua história Téo Azevedo contou ontem 15 ao cantor, compositor e apresentador de rádio Luiz Wilson, na rádio Imprensa (FM 102,5). 
Eu estive presente, junto com o cantor da boa música Cacá Lopes.
E porque estive lá?
Assis Angelo, Téo Azevedo, Cacá Lopes
e Luiz Wilson na Rádio Imprensa

Participamos do programa Pintando o 7, ao vivo, para lançar um arrasta pé que fizemos com Cacá e Luiz Wilson. Presente antecipado dos seus 80 anos.
A produção deste arrasta pé, letra minha, foi feita pela cantora Fatel que reuniu os cantores Costa Senna, Tiziu do Araripe, Dantas do Forró, Tio Joca, Carneiro do Acordeon, Caju & Castanha, Anastácia e Glórya Rios (foto acima). O arranjo musical coube ao craque Olivinho do Acordeon.
De Téo Azevedo, Fatel já gravou várias músicas em discos pela extinta Copacabana.
Resolvi, com isso, prestar uma homenagem a um artista muito singular da nossa música popular. Escrevi o texto em 1ª pessoa, o que justifica o título: Eu Sou Téo Azevedo. Ouça:

domingo, 15 de maio de 2022

O RÁDIO CHEGOU PARA FICAR (2, FINAL)


Os comediantes
José Vasconcelos
e Zé Fidelis

No rádio começaram grandes artistas, incluindo humoristas como Zé Fidelis, José Vasconcelos, Lauro Borges e Castro Barbosa.
Zé Fidelis, pseudônimo do paulistano Gino Cortopassi, começou a carreira no programa Cascatinha do Genaro, na antiga rádio Cruzeiro do Sul (SP).
O acreano José Vasconcelos, de batismo José Thomás da Cunha Vasconcellos, começou a fazer gracinhas na rádio Clube do Brasil. Corria o ano de 1942. Marcou época imitando todo mundo, principalmente radialistas e cantores.
Lauro Borges era paulistano, nascido no bairro de Santa Ifigênia.
Castro Barbosa era mineiro, do município de Sabará.
A dupla Lauro e Castro estreou em 1944, na extinta rádio Mayrink Veigas (RJ). O programa mais famoso dos dois foi PRK-30, que chegou a ocupar faixas de LPs.
O rádio como veículo de grande popularidade levou ao trono cantores e cantoras, chamadas reis e rainhas do rádio. Entre esses Chico Alves, Orlando Silva, Cauby Peixoto; Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Marlene, Ângela Maria e Dóris Monteiro.
Os reis e rainhas do rádio eram “eleitos” por votação popular, a partir de cupons extraídos principalmente da Revista do Rádio.
A Revista do Rádio foi criada em 1948 e durou até 1970, quando passou a circular com o título alterado para Revista do Rádio e TV.
Além da Revista do Rádio, outra revista foi criada para registrar os ocorridos no meio radiofônico: Radiolândia, que 10 anos depois passou a intitular-se TV Radiolândia.
Curiosidade: Zé Fidelis arrancou muitas risadas ao fazer o que chamou de transmissões malucas. José Vasconcelos, também. Ótimas as imitações que fez de artistas e radialistas. O LP Eu sou o Espetáculo é impecável.
Quanto a Lauro Borges e Castro Barbosa, é desnecessário dizer que continuam inimitáveis. Ouçam: PRK-30
Foi o rádio o veículo que primeiro criou programas de calouros e auditório.
Foi no programa de calouros de Ary Barroso que o pernambucano Luiz Gonzaga apresentou-se pela primeira vez. Foi gongado.
Lugares para participar de programas de auditório da rádio Nacional eram disputadíssimos.
Para melhor entender essa história toda, sugiro que leiam o livro Música Popular: do Gramofone ao Rádio e TV, de José Ramos Tinhorão.
Não custa lembrar que o rádio foi a mídia que registrou grandes momentos da nossa história e personagens como Monteiro Lobato.
Em toda a sua vida, Monteiro Lobato usou os microfones de rádio uma ou duas vezes. A última ao repórter Murilo Antunes Alves (1919-2010), da rádio Record. Corria o ano de 1948. Dois dias depois da entrevista, Lobato morreu.
Os repórteres de rádio continuam dando furo, o que é muito bom para a democracia.
Meu amigo, minha amiga, você sabe quem criou a expressão radialista?
A expressão radialista foi criada pelo paulista de Jundiaí Nicolau Tuma (1911-2006).
Comecei a fazer rádio em João Pessoa, PB. Primeira emissora: Rádio Correio da Paraíba. Em São Paulo fiz as rádios Atual, Mulher, Jovem Pan, Capital e Trianon.
Sexta 6 estive na Trianon, ao lado de Téo Azevedo. Fomos entrevistados por Pedro Nastri. Acompanhe: SARAU DA TRIANO
Domingo 15, ali pelo meio dia, Téo Azevedo e eu estaremos proseando com o cantor, compositor e apresentador Luiz Wilson.

OUÇA:


Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora

sábado, 14 de maio de 2022

O RÁDIO CHEGOU PARA FICAR (1)

Quando surgiu a televisão no Brasil, em setembro de 1950, muita gente disse que o rádio ia se acabar. Não se acabou.
O rádio não se acabou e dificilmente se acabará, pois a sua importância no cotidiano é extremamente relevante e fácil o seu acesso.
Até pela Internet, por computador fixo ou celular, qualquer pessoa pode acessar qualquer emissora de rádio do Brasil ou de qualquer outro país. Num simples toque e em segundos a magia estará feita.
No Brasil a voz humana foi transmitida pela primeira vez à distância por uma geringonça instalada no morro do Corcovado, alcançando receptores em Niterói, Petrópolis e São Paulo, no começo dos anos de 1920.
A primeira emissora chamou-se Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Essa rádio, fundada no dia 20 de abril de 1923, tinha à frente Roquette-Pinto e durou até 1936.O estatuto da Rádio Sociedade não incluía noticiário político e religioso. Também excluía propaganda comercial.
Mas o rádio, já no seu começo, despertou a curiosidade e interesse político e financeiro de muita gente. E foi aí que, frustrado nos seus propósitos, Roquette-Pinto acabaria doando a emissora ao governo de Getúlio. Corria o ano de 1936. Foi então que surgiu a Rádio MEC.
A rádio do Ministério da Educação e Cultura, antes da educação e saúde, está ininterruptamente no ar até hoje enfrentando todo tipo de dificuldade. Até o fechamento, como já foi aventado em fevereiro deste ano de 2022.
A programação da Rádio MEC leva ao ar o ideal de Roquette-Pinto. Até um festival de música erudita é anualmente realizado. Em 2021, o vencedor desse festival foi o professor de música Jorge Ribbas.
Além da rádio MEC as emissoras mais antigas ainda em atividade são: Rádio Gaúcha (1927), Rádio Record (1928), Rádio São Paulo (1934), Rádio Tupi (1935), Rádio Cultura (1936), Rádio Nacional (1936), Rádio Bandeirantes (1937), Rádio Jovem Pan (1944), Rádio Capital.
A rádio Capital de 1948, no Rio, foi transformada numa instituição religiosa como tantas e tantas.
A rádio Capital de São Paulo foi fundada em 1978. Da sua programação participei apresentando o programa São Paulo Capital Nordeste, durante cerca de 6 anos. Pelo programa, São Paulo Capital Nordeste, passaram centenas e centenas de artistas, entre os quais Antônio Barros, Billy Blanco, Dominguinhos, Jarbas Mariz, Tom Zé, Fagner, Inezita Barroso, Mário Zan, Téo Azevedo, Jair Rodrigues e Genival Lacerda, meu primeiro convidado.
Ao jornal Hora do Povo, edição de 24/25 de abril de 1999, o jornalista e historiador José Ramos Tinhorão afirmou:
Vejo o programa do Assis quase como um acidente, um negócio completamente fora da realidade, pois é um programa brasileiro, e uma coisa brasileira no Brasil é uma coisa muito difícil. O brasileiro hoje é um cidadão segunda classe dentro de seu próprio país. Acredito que dentre em breve vamos ter que usar a ‘carteira 19’, documento que é feito para estrangeiro e, talvez andar com passaporte no bolso. De repente você tem uma oportunidade, como no programa de hoje, onde aconteceu aquela coisa assombrosa: o Fagner cantando da Bahia e o Gereba acompanhando-o ao violão, no estúdio. Isso não estava programado: foi uma coisa totalmente improvisada. Essas coisas altamente criativas, que se realizam de forma plena, só podem acontecer em condições como esta, num programa ao vivo e cheio de vida, condições que normalmente são repetidas por um sistema que privilegia um produto acabado. É uma coisa milagrosa a existência desse programa . Vamos torcer para que o ‘subdesenvolvimento’ criativo consiga romper com essa barreira durante mais algum tempo.
A fala de Tinhorão é uma referência ao programa especial de 1º aniversário quando Fagner, de Salvador (BA), entrou cantando por telefone uma canção que acabara de gravar. Mas que dali esquecia-se da letra e do estúdio seu parceiro Gereba lembrava, acompanhando-o no violão.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

EU E MEUS BOTÕES (21)

Seu Assis, começou o poeta popular Zilidoro, "o senhor viu a cacetada que o ministro Fachin deu ontem 12 no Bolsonaro?".
Hmmm, estou a par.
Pois é, recomeçou Zilidoro lembrando as frequentes investidas do presidente contra as urnas eletrônicas do TSE: "o Bozo anda desconfiado das urnas eletrônicas. E botou o Exército nessa história. Pelo jeito ele quer se perpetuar no poder, custe o que custar. Ai de nós!". 
Já era tempo de o ministro Edson Fachin se manifestar com firmeza contra o palavreado irresponsável de Bolsonaro. É isso o que eu acho. Até para um cego é claro que ele está tramando contra a nossa Democracia. Diante disso, e de outras loucuras, é preciso que estejamos todos atentos, de prontidão.
Quieto no seu canto, e quase sem piscar, Lampa levantou a cabeça resmungando: "Já to vendo que vai ter trabaio pra mim...". Num movimento rápido, num pulo, levantou-se do tamborete onde estava e do cinto puxou seu inseparável punhal, que passou a lambê-lo como se lambe uma cria.
Os irmão Biu e Barrica olham-se rapidamente, rindo. Um riso meio torto, mas um riso.
O paraibano Mané, um tanto ingênuo aos padrões dos colegas, disse que não estava entendendo o comportamento de Lampa.
Jão, que é do município cearense de Pessoa Anta, levantou a mão dizendo que tinha o que dizer: "Seu Assis, esse Mané é muito burro, viu? O comportamento do Lampa é claríssimo. Diante de tanto desempregado no Brasil, o que Lampa quis dizer é que desempregado precisa trabalhar".
Mané riu: "Depois dizem que o besta sou eu. Ai, ai...".
Zoião, que tem lá suas tiradas de poeta e político, pediu a vez pra perguntar se tínhamos conhecimento da demissão do ministro das Minas e Energia. 
O alagoano Zé, respondeu de bate pronto: "E quem é que não tá sabendo que o almirante Bento de Albuquerque foi demitido humilhantemente? Não tenho nada contra ou favor dos militares, mas o lugar desse pessoal é na caserna".
Zoião, atento à fala de Zé, bateu palmas: "Parabéns, parabéns, vocês está por dentro meu amigo Zé. O que Bolsonaro está fazendo é destruindo o Brasil. Ele quer privatizar tudo. Até a Petrobras".
A conversa tá boa, mas vamos parar por aqui. Tem muita coisa acontecendo nos bastidores da política. Lula e Bolsonaro encabeçam as pesquisas de opinião...
Lampa pediu uma parte pra perguntar o por quê do paulista Ciro Gomes não ser sequer lembrado pela Imprensa.
Esse assunto fica pra nossa próxima conversa. E nos cuidemos porque hoje é sexta 13.

quinta-feira, 12 de maio de 2022

EM TEMPO DE GUERRA

Passado: Canudos. Presente Cracolândia
 
Não é de hoje que o mundo anda em guerra.
Há guerras mundo afora. A mais recente, na Ucrânia.
O Brasil tem no seu histórico centenas, milhares de guerras, revoltas etc.
Canudos, na virada do século 19, foi a que resultou em maior número de mortes.
As cenas horrorosas registradas ontem 11 na Capital paulista sensibilizaram até postes. Um horror. Uma multidão de esfarrapados ocuparam as ruas da cidade. O objetivo, segundo a Polícia, era prender traficantes de drogas. Vários foram presos. Os dependentes químicos deixaram suas tocas e saíram em debandada, temendo serem agredidos ou presos.
O passado ninguém prevê porque é história. 
O presente é vivo, está entre nós.
O futuro a Deus pertence.

quarta-feira, 11 de maio de 2022

BIDÚ É LIBERDADE

Bidú Sayão desfilando na Beija-Flor, em 1995

Assisti, vi, a cantora lírica Bidú Sayão (1902-1999) em destaque desfilando pela escola Beija-Flor, Rio, em 1995.
Vibrei.
Bidú, de batismo Balduína de Oliveira Sayão, seminua na Sapucaí. Liiinda!
Tinha Bidú 92 anos de idade quando desfilou na Sapucaí.
Bidú Sayão nasceu num dia como hoje, 11 de maio, e mostrou para o mundo a beleza da sua voz. Lírica. Revolucionária. Rouxinol, assim era chamada.
O compositor e maestro Heitor Villa-Lobos (1887-1959) a amava. Mas está provado: o Brasil não gosta do Brasil.
Bidú, uma guerreira da liberdade, viveu quase toda a sua vida nos "Estâtes". A sua voz era incrível, fantástica!
Com a voz que Deus lhe deu Bidú ganhou muito dinheiro. Construiu e morou em mansão, como Carmem Miranda.
À Bidú e Miranda, materialmente, nada lhes faltava.
Mas a nós, brasileiros de cá, tudo nos faltava. E continua nos faltando porque vira-latas que somos, assim entendido por Nelson Rodrigues (1912-1980), nem sabemos o que queremos. E batemos, ainda assim, palmas para o estrangeiro do Norte.
Aqui, comigo, tenho muita coisa do que gravou Bidú Sayão.
Uma vez, em Paris, achei numa loja de discos uma caixa com tudo ou quase tudo que Bidú Sayão gravou. Comprei.
Ouço Bidú Sayão quando estou triste.
Não é o caso agora. Pois agora, acabo de receber uma ligação da minha Maria.
A minha Maria adora Bidú.
Viva a boa música brasileira! 
Meu amigo minha amiga você já ouviu Casinha Pequenina, com Bidú Sayão? 
 

terça-feira, 10 de maio de 2022

ESTÃO MATANDO O NOSSO IRMÃO: O JUMENTO

Se Jesus voltasse a este nosso mundinho de josta, estaria perdido.
Num tempo passado Jesus entrou em Jerusalém montado num jumentinho. Devagar, tranquilo, enquanto seus admiradores atiravam ramos, raminhos. 
A cena que deu início à "modernidade" está registrada no Novo Testamento.
O jumento é um animal de paragens longínquas...
O jumento é um animalzinho tranquilo e forte. Resistente.
No Brasil o animal jumentinho, trazido pelos portugueses, foi de importância fundamental para o crescimento do nosso País.
Pra se ter ideia da importância do jumento basta dizer que o Pedro I (1798-1834), aquele do grito, passou à história montado num desses, mesmo negando.
Cavalo não sobe serra, não sobe ladeira.
O jumentinho, jeitosinho, na sua fortaleza quadrúpede sobe e desce ladeira.
O paraibano Pedro Américo (1843-1905) cometeu uma besteira histórica ao retratar o grito do Ipiranga no quadro que todo mundo conhece e que se acha no museu do Ipiranga, ali no bairro paulistano de mesmo nome, confundindo jumento com cavalo.
O referido quadro foi pintado em Paris.
Os jumentos se multiplicam que nem sonhos. Ou pesadelos.
Sonhos não têm origem nem idade, pesadelos também não.
Os jumentos, no Brasil, são abandonados que nem gatos e cachorros. Nas estradas. Desde sempre. Sem dó nem piedade. Nas estradas são atropelados e mortos...
Os jumentos voltam a chamar atenção.
Os jumentos agora são produto de exportação, noticia do Jornal Hoje (TV Globo). 
A China é o principal mercado consumidor do jumento.
Os jumentos, em algumas regiões, já estão sendo trocados por bois. A razão é o preço, são baratos. Custam nada ou quase nada.
Quase nada também custam outros seres que não falam a nossa língua: gatos, cachorros, leões, cabritos...
E nós, humanos, quanto custamos?
Acho que o gringo Marx, com todas as suas imperfeições, teve um estalo fantástico ao identificar a  exploração do homem pelo homem. Identificando isso, ele chamou de "mais-valia".
E o jumento, aonde é que se encaixa nessa história de Marx, hein?

domingo, 8 de maio de 2022

O RÁDIO NO BRASIL E NO MUNDO (2, FINAL)

Muita gente boa começou no rádio.
Além de se apresentarem no rádio, muitos artistas conduziram programas musicais como Almirante (Henrique Foréis Rodrigues; 1908-1980), Zé Dantas, Tonico e Tinoco, Rolando Boldrin e tantas e tantos. Até hoje.
Téo Azevedo, mineiro de Alto Belo, passou por várias emissoras de rádio. Detalhe: Téo é o compositor com mais obras feitas e gravadas por ele mesmo e centenas de cantores, do Brasil e do Exterior. Passou pelas rádios Atual e Record.
O pernambucano Luiz Wilson está à frente do programa Pintando o 7 desde setembro de 2007. Esse programa, com três horas de duração aos domingos, é levado ao ar sempre ao vivo pela rádio Imprensa.
A literatura referente à história do rádio é riquíssima.
Para o iniciante, curioso nessa história, sugiro que leia o mais rapidamente possível a trajetória do padre cientista Landell de Moura.
Reconhecido tardiamente, há um prêmio em São Paulo chamado Padre Landell de Moura do Radiojornalismo.
O paulista Hamilton Almeida foi o primeiro estudioso a publicar um livro sobre Landell. Um não, dois: O Outro Lado das Telecomunicações (1983) e Landell de Moura (1984).
Em 2004, Almeida teve publicado na Alemanha o livro Pater und Wissenschaftler: Die Geschichte des Paters Roberto Landell de Moura.
O rádio se acha na história do mundo desde o começo do século passado.
O rádio faz história. A própria história, inclusive.
Recomendo a leitura dos livros História do Rádio no Brasil, da Magaly Prado (2012); Jornalismo de Rádio, de Milton Jung (2004); MPB na Era do Rádio, do Sérgio Cabral (1996); A Era do Rádio, de Lia Calabre (2002); As Cantoras do Rádio, de Miécio Caffé (1992), Histórias que o Rádio não Contou, de Reynaldo C. Tavares (2014) e Vargas, Agosto de 54: A História Contada Pelas Ondas do Rádio, de Ana Baum.
Ali pela segunda metade dos anos 30, o jornalista gaúcho Armando Campos inventou um programa intitulado A Hora do Brasil. Esse programa tinha por finalidade levantar a bola do ditador Getúlio Vargas. Começava assim: “Trabalhadores do Brasil…”.
O radialista Almirante
A Hora do Brasil virou A Voz do Brasil, que se ouve até hoje. Até música inspirada nesse programa foi composta e gravada por muita gente, até por Zé Ramalho. Título: Ele Disse.
O ano de 68 foi um ano marcante, no mundo inteiro. O motivo disso foram as manifestações estudantis iniciadas na França.
Há vários discos que tratam da insatisfação dos jovens de 68.
Na França o ano de 68 virou um LP. No Brasil, também.
A rádio Jornal do Brasil lançou vários LPs que tratam da história do Brasil e do mundo, a partir dos anos de 1960.
O resto é história.
A propósito, e por não ter o que fazer, acabo de compor a Canção do Rádio:

Uma caixinha mágica
Faz o mundo se ligar
Dessa caixa sai a voz
De quem tem o que falar

Sobre tudo conta a voz
Que tem sempre o que contar
Pra saber o que se passa
Basta fazê-la falar

Ligada a caixa fala
Toca e canta sem parar
Fora isso diz a hora
Pra ninguém se atrasar

Variadas formas tem
Essa bela invenção
Que cabe bem certinho
Até na palma da mão

O autor dessa magia
Foi o padre brasileiro
Roberto Landell de Moura
Famoso no mundo inteiro

Foto e reproduções: Flor Maria e Anna da Hora
LEIA MAIS: O FUTURO DO RÁDIO É A INTERNETREVISTA JORNAL DOS JORNAISSÃO PAULO CAPITAL NORDESTE

sábado, 7 de maio de 2022

O RÁDIO NO BRASIL E NO MUNDO (1)

Que Marconi que nada, o inventor do rádio foi o gaúcho de Porto Alegre Roberto Landell de Moura (1861-1928).
Landell era padre e cientista, com altos estudos desenvolvidos na Itália.
Nos fins do século 19, Landell de Moura inaugurou a transmissão de voz humana entre a incipiente Avenida Paulista, SP, e o Alto de Santana.
Embora tenha desenvolvido tal façanha, o padre cientista não recebeu nenhum incentivo da iniciativa privada, do governo e tampouco da Igreja católica.
A vida do padre Roberto Landell de Moura foi uma vida duríssima.
O padre chegou a ser acusado de pacto com demônio, por causa das suas experiências no campo da Ciência. É o caso de se dizer, literalmente, que Landell comeu o pão que o Diabo amassou.
Curioso, né?
O mineiro Santos Dumont, inventor do avião, também viveu maus bocados que findou por se matar pendurado numa corda. Mas essa é outra história.
Oficialmente, digamos assim, o rádio foi inaugurado no dia 7 de setembro de 1922. Sem endereço fixo. O presidente era o paraibano Epitácio Pessoa.
Pra valer, pra valer mesmo, a 1ª emissora de rádio no Brasil chamou-se Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. O proprietário, e autor da façanha, foi o médico e antropólogo Edgar Roquette-Pinto (1884-1954).


O rádio foi crescendo, crescendo, e ganhando um destaque fantástico no mundo todo.
Às 9 da noite de 12 de setembro de 1936, boa parte dos brasileiros ouviram o paulista de Jundiaí Celso Guimarães (1907-1973) anunciar, alto e bom som, que estava inaugurada a Rádio Nacional.
Até peça contando história da Nacional foi escrita: Rádio Nacional - As ondas que conquistaram o Brasil, de Fábio Pilar, Claudia Vigonne e Sylvia Bandeira.
No começo dos anos de 1930 o rádio, no Brasil, foi de extrema importância para os cantores e cantoras como Chico Alves, Luiz Gonzaga e tantos e tantas.

POSTAGENS MAIS VISTAS