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domingo, 29 de maio de 2022

RÁDIO: INCLUSÃO E CIDADANIA (2, FINAL)

Ilustração de Fausto Bergocce

Geraldo Nunes como repórter-aéreo, em 2004
Eu conheci Geraldo Nunes no começo dos anos de 1990. E quando ele traçou o plano de levar ao ar o programa São Paulo de Todos os Tempos, me telefonou. E conversa vai, conversa vem, me chamou para abrir o programa com uma entrevista de uns 15 minutos. Essa entrevista ocupou o programa inteiro, de uma hora.
O ano de estreia de São Paulo de Todos os Tempos foi 1994.
A deficiência física que Geraldo Nunes carrega consigo até hoje nunca o impediu de desenvolver suas funções como profissional do jornalismo. Também não o impediu, nem o impede, de mover-se por onde quer que queira. Anda com o auxílio de aparelhos ortopédicos. O seu carro é adaptado e assim ele segue a vida. Serelepe.
É certo que há muitos Geraldo Nunes por aí, tentando alçar vôo como profissional e cidadão. Mas a sociedade os impede, mesmo depois da aprovação pelo Congresso Nacional do Estatuto da Pessoa com Deficiência, em 2015. Já no início, destaca o Estatuto:

É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico.
E destaca mais: 

A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. 

Atualmente, aposentado, Geraldo Nunes escreve livros sob encomenda. Mas, segundo ele, poderia estar atuando na reportagem ou dirigindo uma redação, pois talento para isso não lhe falta.
Quanto a mim, faço minhas as palavras dele. Com um agravante: procurei sarna pra me coçar ao decidir adaptar Os Lusíadas de Luís de Camões para Canto e Cordel. O meu desejo, com isso, era levar a adaptação da obra-prima de Camões ao teatro como Ópera Popular. Não, não está dando, mesmo sendo 2022 o ano de comemoração, por que não dizer, da primeira edição de Os Lusíadas.
Os Lusíadas foi publicado em 1572, em Portugal.
Como cego dos olhos, apenas dos olhos, a meu modo continuo a ver a vida. Ouça: POEMAS DOS OLHOS
Um dos meus maiores desejos atualmente é voltar às rádios, ou televisão, para apresentar um programa provisoriamente intitulado Visão Cidadã.
Enquanto isso, continuo escrevendo poemas, canções e folhetos de cordel.

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