Ler, ler, ler. É fundamental ler.
A leitura informa, educa e dá prazer.
Ler Rachel de Queiroz (1910 - 2003) é um bálsamo, é alegria, é festa.
E o que dizer de Nélida Piñon, cujo os livros nos proporcionam tanta coisa boa, tudo ao alcance dos olhos?
Já na primeira hora e meia da madrugada de hoje eu estava acordado, ouvindo rádio. De repente o dial parou na CBN. Os jornalistas Fernando e Tatiana entrevistavam, a distância, os gêmeos Otávio e Gustavo Pandolfo. Obra fantástica têm os dois.
Desde de 2004 que a carioca Nédila Piñon, da safra de 37, não publicava nenhum livro. Agora ela vem com o livro que certamente fará parte da galeria de clássicos da Literatura Nacional. Título: Um Dia Chegarei a Sagres (ed. Record, 512 págs.).
Nélida foi a próxima entrevistada da madrugada. A façanha coube à jornalista Tânia Morales.
Tânia é um orgulho do nosso jornalismo.
Com naturalidade, firmeza e categoria, Tânia Morales nos envolve facilmente com suas perguntas. Fácil, fácil, ela torna-se parceira da entrevistada, do entrevistado. Foi assim comigo há uns 3 ou 4 anos.
A jornalista começou dizendo à entrevistada que ainda não acabara de ler Um Dia Chegarei a Sagres.
A escritora logo foi falando do enredo do livro.
Que a ideia de escrever a obra ocorreu em 2005. Era história forte, que obrigava a deslocar-se do Brasil a Portugal. O tema girava/gira em torno dos tempos das grandes navegações. O infante D. Henrique, provável criador da escola naval de Sagre, parecia chamá-la. E ela foi.
Até dar o ponto final a esse novo livro, Nélida trabalhou duro no decorrer de dois anos.
São muito as personagens do livro, mas Mateus é destaque.
O personagem Mateus é filho de uma prostituta, criado pelo avô Vicente.
Um dia Mateus encontra a mãe que lhe diz duramente: "Fuja daqui, filho da minha miséria!"
Nélida Piñon é uma autora densa, fortíssima. Suas frases são, quase sempre, curtas e cortantes.
Atualíssima, Nélida é uma antena que tudo capta da sociedade.
Já no final da entrevista, que durou uns trinta minutos soltou esta pérola: "Cultura é o anteparo da educação".
Ao fim, ela revelou à jornalista que esse novo livro é tão forte quanto foi A República Dos Sonhos, romance de 1984. Lembrou sua amizade com Clarisse Lispector (1920-2020) e que o feminismo de hoje é diferente do feminismo de ontem.
Brilhante Nélida Piñon, a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras.
Brilhante Tânia Morales.
Esse é um livro que eu gostaria de ler, mas não posso porque há 8 anos a luz dos meus olhos sumiu.
Guardo na memória as cores da obra dos gêmeos Otávio e Gustavo que estão expondo pela primeira vez num grande espaço fechado: A Pinacoteca do Estado de São Paulo. Os ingressos para a exposição já estão esgotados até novembro.
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domingo, 25 de outubro de 2020
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