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sexta-feira, 19 de abril de 2013

PAPETE, O REI DO BERIMBAU

Em 1982 ele estava em Montreux, Suíça, participando do festival de jazz que há lá desde 1967. 
Montreux é uma cidadezinha bonita e aconchegante de 25 mil habitantes e 33,4 Km2 de extensão, localizada à margem setentrional do lago Léman, considerado o segundo maior da Europa Ocidental.
Em beleza Montreux é parecida com a maranhense cidade de Bacabal, berço de José de Ribamar Viana, que boa parte do mundo civilizado chama carinhosamente de Papete. 
A diferença entre uma e outra cidade se acha apenas no tamanho, no clima e no número de habitantes.
Bacabal, que é conhecida como a Capital do Médio Mearim, tem 1.683 Km2 de extensão, o seu clima é tropical e o território habitado por pouco mais de 100 mil habitantes.
Essa é a diferença, “e a língua!”, acrescenta Papete brincando, naquela sua calma franciscana.
A língua do povo de Montreux é francesa.
Houve um tempo que os franceses construíram um forte e tomaram para si o Maranhão.
O forte chamou-se São Luís, em homenagem ao rei Luís 13.
Hoje, São Luís é a capital do Maranhão.
Mas essa é outra história.
Papete voltou à Montreux mais vezes como um dos três maiores percussionistas do mundo, ao lado de Naná Vasconcelos e Airto Moreira.
Na verdade, Papete voltou muitas vezes a muitos lugares por onde andou.
E em muitos desses lugares ele ainda é idolatrado, como na Itália.
Depois de gravar com Ornella Vanoni o disco Uomini, a imprensa italiana não só considerou o melhor disco do  ano, em 1977, como o chamou de "o mais importante percussionista do mundo".
Mas como bom nordestino, Papete não liga muito para essas coisas; tanto que não guarda nem recortes de jornal e revista que tratam dele e da sua obra, seja no Brasil, seja onde for.
Papete, o único artista do mundo que faz um berimbau falar, é um intransigente estudioso da cultura popular da sua terra, produtor musical apuradíssimo, compositor, cantor e tocador de instrumentos de cordas e de todos os instrumentos de percussão que lhe caírem ou lhe caem às mãos.
Papete tira som de tudo.
Do nada, ele próprio se transforma numa orquestra.
É um mágico!
É um gênio!
A enorme importância que o berimbau tem hoje em dia no Brasil e fora do Brasil se deve a ele, sem a menor dúvida, da mesma maneira que se deve a Waldir Azevedo a importância do cavaquinho em qualquer conjunto de chorinho que se preze, por exemplo.
Um conjunto de choro sem cavaquinho, não é conjunto de choro.
Antes de Waldir, o cavaquinho era um instrumento sem muita serventia, apagado, sem expressão, esquecido.
Aliás, da mesma forma que a cuíca.
Há a cuíca antes e depois de Osvaldinho... da Cuída.
Toquinho e Papete correram o mundo, cantando e tocando, mostrando o Brasil.
No começo dos anos 1980, os dois interpretaram a toada Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, para muitos públicos.
Eles interpretaram Asa Branca em muitos lugares: na suíça, na Itália... 
Um show deles na Suíça foi gravado e comercializado na Europa toda, no formato de vídeo-cassete, antes de se transformar em DVD (reprodução da capa acima; abaixo, um trecho do show). 
Pois é, e na noite do próximo dia 24, Papete vai estar conosco participando de um sarau no Centro de Convenções Rebouças. A apresentação faz parte da programação do 16º Congresso Mega Brasil de Comunicação, cujo tema este ano é Planeta Comunicação na Era do Diálogo.

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