Escondidinho de carne seca e caldinho de feijão antecederam
o tirinete poético travado ao som de violas repentistas ontem à noite, na casa
do engenheiro Nelson Badra, no bairro paulistano do Sumaré.
As violas repentistas eram empunhadas pela legendária
mocinha de Passira, sempre inspiradíssima; e pelo genial Andorinha.
Os dois destravaram os seus instrumentos às 20 horas e se
estenderam até o começo da madrugada de hoje, encantando e arrepiando uma
seleta plateia constituída por uma trintena de jovens e adultos, que não se
cansava de aplaudir os dois repentistas.
A cantoria foi aberta pelo instrumentista Siba (Ex-Mestre
Ambrósio), que além de apresentar Mocinha e Andorinha, traçou um histórico do
repentismo no Brasil, desde as suas origens.
Com versos de sextilhas e septilhas, desenvolvidos a partir
de motes construídos no calor da improvisação pelo circunstantes, como o
bem-humorado – e de gênero fantástico – Se Quiser Eu Também Faço/Zero Cal em Zé
Limeira, Mocinha de Passira e Andorinha, de modo quase didático, apresentaram
outras modalidades como Gabinete, Cinco e Meio, martelo alagoana e martelo agalopado, no qual a dupla, para gaudio da plateia, degladiou-se com tiradas
incríveis.
Mocinha e Andorinha levaram a plateia a rir e até a refletir
em muitas situações.
Lá para as tantas e para surpresa de muitos, Siba agarrou-se
a uma viola e partiu para uma performance ao lado, primeiro de Mocinha, e
depois de Andorinha.
Pouco antes, também de modo surpreendente, o poeta Moreira
de Acopiara presenteou o público o presente com trechos de alguns de seus
longos poemas e que integrarão, em breve, uma peça de teatro.
Às duas da manhã, com Mocinha de Passira ainda incansável,
improvisando versos sobre tudo quanto é tema, a cantoria foi encerrada com o
tradicional Coqueiro da Bahia e todos cantando o refrão: quer ir mais eu,
vamos/ quer ir mais eu, vambora.
O DOMINGO NA PRAÇA
Centenas de pessoas de todas as idades compareceram ontem, a
partir das primeiras horas da manhã, à Praça Buenos Aires, em Higienópolis,
para assistir a apresentação dos alunos do Colégio Ofélia Fonseca.
Além de apresentação de música e declamação de poemas, os
alunos do colégio realizaram uma exposição de desenhos e esculturas, várias
delas construídas com materiais descartáveis e outros tipos de materiais, como
cascas de árvore.
O ponto máximo do evento que contou com performance de
moradores da região, incluindo a de outros colégios, foi a apresentação do Bando
de Professores (grupo formado por professores do colégio, incluindo teclado,
guitarra, bateria, entre outros instrumentos) e Polaroides Urbanos (ao lado) cujo
os integrantes são Daniel Justi (guitarra), Orlando Ozzy Neto (bateria), Tiago
Petrozelli (teclado), Rafael Jordão (vocal) e Raphael Lagrasta “baixo”.
Também ponto alto do evento ontem, foi a apresentação do Grupo à Cabidela, formado por Clarissa de Assis (violino), Cristiane Bastos
(vocal e cajon) e Maria Helena (violão), que interpretou entre outras músicas,
Pessoa Nefasta (Gilberto Gil), A História de Lily Brown (Chico Buarque/Edu Lobo)
e Mirante (Marcos Carvalho/Cristiane Bastos/Maria Helena).
O encontro de estudantes, também chamado de festival, na Praça
Buenos Aires promovido pelo Colégio Ofélia Fonseca, foi encerrado no começo da
noite pelo grupo feminino Sambadela, já bastante conhecido na região.