Hoje a noite é de lua ou lual como se diz no Nordeste. A lua Cheia, bonita e graciosa parece sorrir indicando a presença de Audálio nos mistérios e entranhas do céu.
Eu conheci Audálio Dantas na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, em 1976. Ele era o presidente da entidade e um nome já muito respeitado no seio da categoria.Na sede desse mesmo sindicato, ao qual sou filiado desde 1977 (matrícula 5220), eu hoje dele me despedi.
No velório, feito no auditório Vladimir Herzog, reencontrei muitos companheiros: Lu Fernandes, ex-presidente do Sindicato; Denise Fon, Vanira, agora viúva de Audálio; Moacir Assumpção, Paulinho Leite, Enio Squeff, Paulo Caruso. E também poetas e cordelistas como Moreira de Acopiara e Nireuda. O padre Julio Lancelotti e intelectuais traçaram trajetórias e pontos altos da vida do alagoano Audálio. O cartunista Fausto, sempre inspirado, depois de lamentar o sucedido, disse:"ele foi um grande, um homem que honrou a categoria e nos deixou como legado a sua bonita história".
Audálio foi no Jornal Folha de S.Paulo que iniciou sua carreira profissional. Primeiro, como fotógrafo. Depois firmou-se como um dos melhores textos do jornalismo brasileiro. Era uma pessoa doce, compreensível e defensora das pessoas mais fracas, deserdadas, esquecidas pelo poder público. Recebeu muitos prêmios. Em 2013, a ONU lhe concedeu um prêmio pela bandeira dos direitos humanos que tanto defendia. Foi, é certo, um cidadão por extenso.
Encontrei em Audálio um amigo.
Uma vez, depois que perdi a visão dos olhos, Audálio chegou a propor que escrevêssemos um livro sobre a vida e obra do cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré. Mas essa ideia, infelizmente, não ganhou forma. Um registro: além de Audálio, este ano nos deixaram Heitor Cony e, Alberto Dines, Dona Ivone Lara, Tonia Carreiro, Heloiza Helena, Nelson Pereira dos Santos, Roberto Farias, Bebeto de Freitas e Agildo Ribeiro.
Foi o homem, ficaram ideias e obra.
ANASTÁCIA
A pernambucana de Recife Anastácia, por todo mundo chamado de Rainha do Forró, juntou amigos na sua casa para bebemorar o seu aniversário. Foi muito tintim parabéns e músicas de ótima qualidade, interpretadas por nomes como Luiz Wilson, Germano Júnior, Tetê da Bahia, Glória Ryos, Fatel, Sandra Belê e a própria Anastácia nos brindando com sua graça e voz de moleca catita. Liderando o trio que acompanhou os cantores presentes, o sanfoneiro Tio Joca. Claro, eu estive lá também brindando os 78 aninhos da querida Anastácia, aí na foto.
A morte é uma merda, nos surpreende e nos faz chorar. Eu e meio mundo temos dificuldade de aceitar essa coisa chamada morte. Por mais óbvia e certa seja a sua presença entre nós. A gente nasce, vive e morre. Sabemos disso, mas não aceitamos isso. E quando aceitamos, aceitamos de modo reticente. Particularmente, não tenho medo da morte.Tenho medo, isso sim de ficar prostrado numa cama a espera da megera, de como também a diaba é conhecida e temida. Audálio Dantas, jornalista e escritor dos mais completos, acaba de partir nos braços ou nas costas da morte, não sei. Só sei que já estamos sem ele entre nós. Pelo menos fisicamente, pois na memória o teremos sempre. Ele partiu no fim desta tarde. O amigo Audálio nasceu no dia 08 de julho de 1932, véspera da deflagração da Revolução Constitucionalista . Foi um guerreiro. Eu conheci Audálio Dantas, alagoano de Tanque d'Arca em 1976. Foi nesse ano que decidi fcar aqui, em Sampa. Mais por provocação dele.
Eu trabalhei com Audálio na Companhia do Metropolitana de São Paulo , Metrô. Lá foi meu chefe. Participamos de muitos encontros, de muitos eventos, como 100 anos da Literatura de Cordel, realizado nas dependências do Sesc Pompéia. À época eu comandava um programa na rádio Capital AM 1.040. Foi uma festa, tanto no Sesc quanto na rádio. Ele frequentou muitos programas meus de rádio e até na AllTV. O último evento juntos foi também numa unidade do Sesc, ali perto da FGV, na 9 de Julho. O tema era cultura popular. Ele mediou o meu papo sobre o grande cearense Aderaldo, cego Aderaldo.Audálio costumava vir à minha casa, onde nos reuníamos com artistas e literatos. Em casa, ele fechou com informações que faltavam o seu último livro, As Duas Guerras de Vlado, as informações ele as colheu de viva voz com Geraldo Vandré, que há muito ele procurava localizar.
Quantas histórias! Falávamos muito por telefone. A propósito eu e o cordelista Marco Aurélio, falamos muito sobre ele ontem , a noite, por telefone. Motivo: um debate sobre cultura popular que se dará no Sesc, em Agosto. Eu sugeri ao Marco que dedicasse o evento ao Audálio. Permanece a sugestão. Ai acima e ao lado, lembranças do Audálio em momentos diferentes.Ah! estive com ele há poucos dias no hospital Premier. Nesse mesmo hospital, em fins do ano passado, os amigos se reuniram para um vinhozinho e um documentário dirigido por Sergião. Aí embaixo.
No dia 05 de outubro do ano passado, avisaram que iam parar. O Jaburu ficou na moita. Jaburu é o palácio do Governo. No dia 14 de março, cinco meses depois voltaram a avisar que iriam paralisar as estradas do País. Dito e feito: segunda 21 pararam, o Brasil parou, paramos todos. No primeiro dia Deus começou a criar o mundo. No sétimo dia ele concluiu o que começara. No oitavo descansou que ninguém é de ferro, no nono... Hoje faz 9 dias que os caminhoneiros protagonizam a mais turbulenta paralisação do país. No total, há 1, 7 milhão de quilometros de rodovias Brasil afora. A grande parte dessas rodovias não tem asfalto, é esburacada, um perigo dos infernos! Por essas estradas rodam diariamente quase 2 milhões de caminhões e caminhoneiros. Desses, 176 mil são mulheres... O caos que os caminhoneiros e oportunistas da classe provocaram é incomparável. Não lembro de outra paralisação tão grave quanto essa no país. Os prejuízos financeiros e de toda ordem são incalculáveis. Homens, mulheres e crianças estão sendo prejudicados como nunca foram. No primeiro momento da greve, boa parte dos brasileiros e brasileiras manifestaram seu apoio. Esse apoio tem caído a cada instante, até porque descobriu-se que por trás dos caminhoneiros havia grandes empresários, grandes sacanas, grandes traidores da pátria. Esses sujeitos provocaram o que não deviam: locaute. Locaute é uma espécie de xeque-mate. Com um detalhe: Locaute é crime. É quando, digamos, um canalha poderoso pratica a mais valia. Isso está lá no livro do barbudo alemão, o Carlos. Muitas lições há de se tirar dessa greve. Houve nela, momentos de solidariedade por parte da população. A mesma população que agora sai correndo em desespero em direção aos mercados e supermercados e aos postos de gasolina e a tudo quanto é lugar onde possa se vislumbrar uma saída, um respiro. Essa eu ouvi no rádio: uma criança pergunta ao pai se no carro há gasolina. O pai responde que sim. O filho de novo pergunta se é suficiente para ir e voltar do supermercado. Triste, não é ? Enquanto isso, no Jaburu tudo é moita.
O compositor paulista de Guaratinguetá Lourival dos Santos (1917-1997), costumava telefonar a altas horas da noite para conversa. E conversava muito. Lembro que uma vez, já de madrugada, lhe perguntei como compunha, como se inspirava. E ele disse: "me inspiro lendo os ditados dos caminhoneiros, expressos nos para-lamas e para-choques".
Lourival é autor de belíssimas modas de viola, muitas delas gravadas por Tião Carreiro e Pardinho. Ouça:
Os motoristas que acabam de paralisar o Brasil não se inspiraram em Geraldo Vandré, mas poderiam."Quem sabe faz a hora, não espera acontecer". Este verso se acha na composição Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores aliás, esse verso me remete a outro que eu ouvia da minha santa avó Alcina: "Quem corre cansa, quem anda alcança".
Os caminhões que rodam os quase 2 milhões de quilômetros de rodovias, 14% delas não asfaltadas, exibem verdadeiras pérolas nos seus para-choques e para-lamas, como estas:
"Nas curvas do seu corpo capotei meu coração"
"Não sou o dono do mundo, mas sou filho dele"
"Alegria de poste é ficar no mato sem cachorro"
"Quem fica parado é poste"
"Perigo não é cavalo na pista, é um burro na direção"
"Não é pressa é saudade"
"Pobre é igual barbante: quando não está esticado está no rolo"
"Pobre é igual pneu, quanto mais trabalha mais liso fica"
"Pneus cheios e um coração vazio"
"Deus é a joia, o resto é bijuteria"
"Turbinado no pé, Reduzido no mé, Carona só pra muié"
A região do Seridó é uma região parte do semiárido, do Sertão nordestino. Nem o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, conseguiu identificar com clareza o que é o Seridó. Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira fizeram isso falando do Seridó:
Pois bem, o Seridó não é além e nem aquém do Sertão, mas Seridó é Sertão. O Sertão do Seridó localiza-se no Rio Grande do Norte em um pedacinho à parte da Paraíba. Lá em cima do mapa, por perto de Patos. Calor dos infernos! O Sertão do Seridó Riograndense do Norte é Oriental. A outra parte, Ocidental, da minha PB. Elino Julião, cantor, compositor e ritmista de Jackson do Pandeiro nasceu na parte Oriental do Seridó. Elino era uma figura incrível. Alegre, brincalhão. Não havia para ele maldade no mundo. Ele nasceu no dia 13 de novembro de 1936 e foi bater pandeiro prá Deus no dia 20 de maio de 2006. E os caminhoneiros, hein? Vamos ouvir o Elino cantar o forró Xodó de Motoristas?
No começo dos anos de 1930, um escritor escreveu um livro intitulado Brasil, o País do Futuro. Depois disso, ele matou-se. No começo dos anos de 1970, um político piauiense virou governador de Minas Gerais e, no momento qualquer, fez-se a pergunta que ganhou manchete Brasil afora: "Que País é esse?"
Pois é, o nosso patropi é de fato incrível! Hoje faz sete dias que os caminhoneiros pararam nas estradas exigindo que o Governo baixe o preço do diesel etc. Essa aliás, a notícia que não sai das mídias. A TV mostra a toda hora, a correria do povo aos postos de gasolina, supermercados etc. É o caos caminhando para seu estágio maior e se chegar lá, ai, ai, ai. O Brasil está sendo levado a um caminho muito perigoso. Em 1973, o presidente chileno Salvador Allende, caiu depois de dançar miudinho na palma da mão dos caminhoneiros de lá, da sua terra, durante 26 dias. Aqui é certo que não chegaremos a tanto, até porque há tempos o Brasil anda desgovernado. Mas pensemos, se cai Temer entra o presidente da Câmara, ou o presidente do Senado, elas por elas, portanto, hipoteticamente sobraria a presidente do STF.... Como se vê estamos num mato sem cachorro, mas com ladrões nas mais diversas esferas da política nacional. Sim, os caminhoneiros autônomos têm toda razão de reivindicar o que reivindicam. Por trás dos caminhoneiros há empresários que visam apenas lucro, lucro, lucro. Vivemos o Capitalismo no seu estágio mais selvagem. Empresários como Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá (1813-1889) há muito, não existem no Brasil. O Mauá foi grande. Foi ele que fez o Brasil dar os primeiros passos nos trens, literalmente. O Brasil tem, hoje, 1,7 milhão de quilômetros de rodovias. de ferrovia, apenas 27.782 quilômetros. Detalhe: os trens, hoje, transportam basicamente minérios. Quer dizer, Estamos lascados! Mas vamos amenizar a situação com música. Ali pelos começos dos anos de 1960, o paraibano Jackson do Pandeiros, gravou o forrozinho gostoso e safado, Xodó do Motorista, do potiguar Elino Julião (1936-2006). Clique:
O mês é de Maria, de José, de João, Severino, Antônio e Luiz... No Nordeste da minha infância havia novenas e procissões. Eu nem sabia rezar ainda, mas fazia de conta. O mês de maio foi um mês que deixou muitas marcas na França e no mundo todo. Foi, digamos, o mês de cachorro doido. Brigas, guerras etc. Há quem diga que o mês de Maio é o mês do Conhecimento. Muita coisa boa tem ocorrido no correr dos maios. E coisas não tão boas também. De uma hora para outra, os caminhoneiros do Brasil resolveram dar um murro no ar e bloquear as estradas. O tamanho disso é uma zebra dos infernos! São 1,7 milhão de km de rodovias estaduais e federais pelas quais trafegam cerca de 2 milhões de caminhoneiros, desses ao menos 600 mil são autônomos. O que eu acho dessa paralisação dos motoristas? Acho justa, mas a coisa pega pelo fato de a grande maioria de profissionais do volante pesado está sendo manipulada pelos empresários do setor, ou seja: os donos das grandes transportadoras. E isso é crime. Eles estão praticando o que os gringos do norte chamam de Lockout. No Nordeste da minha infância, além de novenas e procissões, havia as gracinhas que a molecada aprontava. E dessa não esqueço: "Chora Pirrita/prá correr no caminhão/Pirrita deu um peido/que acabou com a direção. Lembro que uma vez eu contei isso para o amigo sanfoneiro Dominguinhos e ele caiu na gaitada, depois de dizer que também se lembrava disso. Luiz Gonzaga, o rei do baião, também era cheio de "nove hora". Mas, de vera o que ele nos legou foi uma obra fantástica. Uma vez em 1978 ou 79, num papo com Gonzaguinha no Hotel Jandaia, ali perto da Folha, onde eu trabalhava, ele me disse com entusiasmo que iria gravar "uma música nova que o velho acaba de fazer". Essa música, A Vida do Viajante, de Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil foi gravada originalmente no dia 25 de agosto de 1953 pela extinta RCA Victor. Detalhe: na ocasião, Gonzaguinha e Gonzagão estavam se preparando para se apresentar juntos pela primeira vez, como pai e filho. A convivência dos dois era conflituosa e Gonzaguinha, a rigor, desconhecia a obra do pai. Esse espetáculo, que virou disco, eu assisti no Clube do Palmeiras cá em Sampa. Abaixo um registro dos dois no programa do Chacrinha:
O mês de maio de 1968 foi muito importante no mundo inteiro.
Importante sobre todos os aspectos. A mulher, em tese, liberou-se rasgando sutiã e mandando tudo para o inferno. E junto com isso, galhardamente, inventou uma linguagem nova para ser reconhecida perante a sociedade machista.
Ainda maio de 68: Guerra no Vietnã, com meu amigo José Hamilton Ribeiro cobrindo os horrores da vida. Nessa brincadeira, digamos assim, ele deixou uma perna na terra vietnamita e história para o povo livre. Viva Zé, um mestre. Mestre em todos os sentidos, principalmente no campo da Cidadania. Pois, pois. O maio de 68 existiu pra lascar!
Luiz Gonzaga do Nascimento, que o Brasil e boa parte do mundo guardou e guarda na memória como Lua, Rei do Baião, nasceu no dia 13 de dezembro de 1912.
O dia 13 de dezembro marcou todos nós, brasileiros, por ter sido o dia da decretação do ato institucional, AI 5, pelos militares que assumiram o poder à época.
E o que é que o Rei do Baião tem a ver com isso?
Em 1968, Luiz Gonzaga gravou a guarânia Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores (Caminhando), do paraibano Geraldo Vandré.
Em 1968 Luiz Gonzaga conheceu a advogada Edel Zuita Rabelo. Ela seria o seu grande amor pra vida que lhe restava.
Eu disse que Luiz nasceu em 1912. Isso é história.
Luiz não gostava de viajar fora do Brasil.
No dia 7 de maio de 1982 ele tinha 69 anos, 4 meses, 3 semanas e 4 dias de idade. Nesse dia no Le Bobino, em Paris, ele fez um belíssimo espetáculo ao lado da cantora nortista, de Xapuri, Nazaré Pereira. Grande Nazaré! Foi ela quem me contou isso, num dia de manhã no seu apartamento em Paris.
O Gonzaga me contava mil histórias, verdadeiras e do arco da velha. Verdadeiras foram, grosso modo, muitas da sua vida. Vida marcada por episódios, os mais diversos.
Numa entrevista que fiz com ele para o suplemento extinto Folhetim, do paulistano Folha de S.Paulo, ele contou que participou de várias guerras Brasil afora, desde a deflagração da Revolução de 1930. Como soldado, lutou em São Paulo, Mato Grosso etc.
Clique:http://www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular04.pdf
GUERRA DO PARAGUAI
Datas são datas, história é história. Hoje 24 de maio faz um tempão que o Exército brasileiro pôs de joelho o Paraguai. Nessa data, o bravo Duque de Caxias enfrentou a tropa de Solano Lopes. Umas cem mil almas foram parar no céu, na ocasião. Isso ocorreu ao largo do lago o mar Tuiuti. E tudo começou, essa guerra toda, no dia 13 de dezembro de 1864. Durou até março de 1870, com a morte de Lopes.
O pernambucano de Cabo de Santo Agostinho Manezinho Araújo foi um dos mais importantes artistas da música popular brasileira. Foi cantor e compositor. Descoberto por Carmen Miranda. Compôs e gravou em diversos ritmos musicais e teve parceiros como o alagoano Augusto Calheiros, o Patativa do Norte. Compôs toadas e sambas e ficou conhecido como o Rei da Embolada. Suas primeiras gravações, Minha Prantaforma (6 de abril de 1933) e Se eu Fosse Interventô (11 de Abril de 1933) foram feitas nos estúdios da Odeon, no Rio de Janeiro. Muita gente boa gravou música de Manezinho, incluindo o rei do Baião Luiz Gonzaga. Toda a obra de Manezinho Araujo se acha no acervo do Instituto Memória Brasil, IMB. Manezinho nasceu no dia 27 de setembro de 1910 e morreu em São Paulo, no dia 23 de maio de 1993. Curiosidade: Manezinho um dia brigou com Luiz Gonzaga. Imagina, Assis, "o Luiz queria me ensinar a cantar, e aí brigamos. E gravei como eu queria. E ele gravou tudo também como ele queria". Claro, fui conferir com Gonzaga essa conversa. Perguntei sobre essa história e Gonzaga caiu na risada e disse -foi isso mesmo.
Os relógios de São Paulo marcavam 7:15 h. Nessa hora o coração do jornalista carioca Alberto Dines parou. Parou no dia do abraço, que é hoje. De vida eu tinha meses no ano em que Dines estreou no jornalismo: 1952. O africano Mia Couto, jornalista e escritor, nasceria 3 anos depois.
O que é que tem a ver Alberto Dines com Mia Couto?
Hoje de manhã terminei de ouvir o primeiro romance do jornalista, poeta e romancista, Mia Couto. Título: Terra Sonâmbula (capa ao lado), lançado aqui pela Companhia das Letras. É de 1992.
Terra Sonâmbula é história que se passa na Moçambique arrasada desde 1965. Nessa história há de tudo: há briga do ser humano pela sobrevivência e seus conflitos internos e externos, entremeada de sonhos e pesadelos, dramas etc. É um livro lindo que retrata os absurdos da vida. Nessa história há personagem que morre e ressuscita. Histórias de fantasmas, com ditos populares, lendas e mitos, feiticeiros e mar revolto. É um livro incrível!
Depois de estrear na Revista Cena Muda, Dines passou pelas extintas Visão e Manchete, assumiu a editoria de Cultura do extinto Jornal Última Hora de Samuel Wayner.
Em 1965, Mia Couto tinha 10 anos de idade.
Em 1965, Alberto Dines revolucionava a imprensa brasileira com os cadernos que inventou no Jornal do Brasil.
Mia Couto e Alberto Dines são revolucionários e em comum têm o jornalismo nas veias.
Eu conheci Dines na Folha, jornal paulistano em que ele estreou como Ombudsman. Essa figura, a de ombudsman, nem existia por aqui ainda. Esse personagem, dele, surgiu nas páginas da Folha apontando os erros cometidos pela própria Folha. A seção, assinada por Dines, chamava-se Jornal dos Jornais.
Reencontrei Dines na redação da tevê Brasil, no Rio, onde fui gravar um especial sobre Luiz Gonzaga, o rei do baião. E a última vez que nos vimos foi, acho, no lançamento de um livro de Audálio Dantas ou de José Hamilton Ribeiro, amigos queridos, aqui em São Paulo.
Mia Couto está vivo, Dines também.
JORNALISTA&CIA
Imperdível o caderno especial que o pessoal do News Letter, Jornalistas e Cia fez com o mestre Alberto Dines. Confira no link acima.
DIA DO ABRAÇO
Em 1969, o baiano Gilberto Gil levou à Praça a belíssima Aquele Abraço, ouça:
No dia 22 de maio de 1946, o mercado recebia uma grande novidade: Baião, uma criação do pernambucano Luiz Gonzaga (1912- 1989) e do cearense Humberto Teixeira (1915-1979).
A novidade, um novo gênero musical, logo ganhou aplausos da crítica especializada e regravação de praticamente todos os grandes intérpretes da época, do Brasil e do Exterior.
Baião, foi lançado pelo grupo musical 4 Azes e 1 Coringa pela extinta gravadora RCA Victor.
Esse novo gênero musical não demorou e foi parar no cinema, em trilhas assinadas por vozes como a portuguesinha Carmen Miranda (1909-1955). Luiz Gonzaga só faria o registro dessa obra anos depois. No livro Dicionário Gonzagueano (capa ao lado) eu conto essa história, em detalhes.
A música e o gênero baião deu muito o que falar mundo afora. Na Argentina, por exemplo, o Congresso aprovou uma lei dificultando a execução de músicas estrangeiras nas emissoras de rádio. Estrangeiras, aspas: o baião de Luiz Gonzaga. Isso, porém, não impediu que as lojas distribuíssem discos com esse ritmo (ao lado, Sivuca e Carmélia Alves interpretando uma seleção de baiões)
Renato Teixeira é um dos mais
férteis compositores da boa música brasileira, inserido na raia da chamada
música caipira. É dele a belíssima Romaria, que a gauchinha Elis Regina (1945-1982)
gravou em 1976 ou 1977. Um clássico do gênero. No começo de julho de 1978, há
40 anos portanto, eu o entrevistei para a Folha de S. Paulo (acima). Até então ele era
um talento em ascensão, mas ainda desconhecido. Romaria já foi gravada de modo
diferente por pelo menos duas centenas de cantores e cantoras. No acervo do Instituto
Memória Brasil, IMB, se acha toda a obra de Renato gravada em compactos, LPs e
CDs, sendo o mais recente o que ele gravou com a Orquestra de Mato Grosso, sob
a regência de Leandro Carvalho. Curiosidade: a primeira vez que Renato entrou
num estúdio para gravar foi com a baiana Gal Costa. A música, que concorria num
festival da Record, chamou-se Dadá Maria.A obra de Renato já se acha enriquecendo filmes e novelas. A primeira novela que conta com uma música sua na trilha, foi Mulheres de Areia, em 1973/1974.
Renato Teixeira nasceu no dia 20 de maio de 1945, em Santos SP. Passou parte da infância em Taubaté, que trocou pela Capital paulista. Hoje ele se divide entre Mato Grosso, Santos e São Paulo.
Captalismo, história e religião, o que tÊm a ver?
Humanismo e futebol, tem a ver com quê?
O Santista de Santos, SP, que fique bem claro, José Ramos Tinhorão é apreciador profundo das idéias do "Barba Branca" alemão, Karl Marx (1818-1883).
Marx foi o grande teórico do Capitalismo, sabemos todos. Ele nasceu há exatos 200 anos e será eterno pelas suas idéias futuristas.
O mundo está se perdendo pelo poder, e poder é grana, é capital.
O dólar fechou a semana, no Brasil em quase 4 reais. É dinheiro pra caraca! mas não é sobre Marx e captalismo que quero falar.
A cegueira do capital, dos grandes criadores e valorizadores dos dinheiros do mundo inteiro,está se perdendo por falta de visão. Cegos são e assim continuarão por não verem o óbvio da vida. O filme Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos é um bom filme, bom enredo.
O ator Edson Celulari esforçou-se o quanto pode em fazer o que fez, o papel principal , do cego Vitório.
Vitório nasceu cego e no correr do tempo pessoas dele muito próximas quiseram e tentaram fazê-lo ver as cores e outras vidas que ele não conhecia. È ficção.
E não sei se houve em mim alguma identificaçao maior com o personagem Vitório.
O Vitório, de Paulo Nascimento, é um cara que nasceu cego ....e não vou contar mais, vão ver o filme, é bonito.
Como há muito tempo não tenho o que fazer, depois que perdi a luz dos meus olhos, tenho feito coisas assim:
É dança e música e gênero.Refiro-me ao forró. Mas José Ramos Tinhorão não considera isso. Pra ele não é gênero e tal. Discordo, naturalmente, com dados históricos à mão:o forró como dança, música e gênero musical, surgiu em 1949. A autoria disso são os pernambucanos Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e Zé Dantas. Foi a praça depois de gravados nos estúdios da antiga RCA Victor.
Nessa história há porém uma curiosidade, a palavra forró saiu em disco, pela primeira vez, em 1937. Chamou-se a música, essa em questão, Forró na Roça, identificada como gênero " choro sertanejo" e quem a gravou foram os cearenses Xerém (Pedro de Alcântara) e sua irmã Tapuia (Nadir). O detalhe, há sempre um detalhe, Xerém e Tapuia gravaram Forró na Roça na gravadora que sucedeu a RCA grafada só como Victor.
Tinhorão esteve ontem 18 de novo conosco (acima), falando e falando e falando. Com ele também estiveram Ayrton Mugnaini e Getúlio Mccord. E falamos, falamos e falamos. O Getúlio gravou tudo, é material para o livro dele, entre uma fala e outra, uma bicadinha aqui e ali e um tiragosto, que ninguém é de ferro.
Pois é, a semana finda com amigos nos visitando.
No começo da semana chegaram o radialista Antonio Poderoso e sua companheira Isabel. Poderoso, todos sabem, além de radialista é compositor e cantor, com a voz que Deus lhe deu. Depois estiveram também as cantoras mineiras, Célia e Selma, comunicando que estarão no palco do teatro Itália no próximo dia 6. A apresentação marca os primeiros 50 anos de carreira da famosa dupla.
Nestes tempos atuais, bicudos, falar de cultura popular brasileira é uma dádiva, refresco para a mente e sonhos.
Nestes tempos atuais, bicudos, em que a palavra mais ouvida em todas as mídias é corrupção, é muito bom ouvir alguém de respeito falando de cátedra sobre cultura popular brasileira.
Nestes tempos atuais, bicudos, em que o vale tudo da vida é manter-se distante do respeito à honestidade... é muito bom ouvir o que ouvi hoje 16 de um cara comprometido com a cultura, com o respeito ao próximo, com a educação, com a formação de quem chega, do porvir....Esse cara tem nome: Marcos Mendonça.
Tudo de bom referente a cultura e à educação ouvi hoje de Marcos Mendonça, presidente pela segunda vez da fundação Padre Anchieta. A essa fundação estão atreladas a rádio e TV Cultura, de São Paulo.
Marcos Mendonça formou-se em Direito há exatamente 50 anos. Ele é da turma de 1968, largo de São Francisco, por onde passaram figurinhas como o poeta Castro Alves.
Marcos Mendonça acaba de receber o Prêmio Personalidade de Comunicação 2018 , que existe há 21 anos. Esse prêmio é uma criação da Mega Brasil. E originalmente chama-se Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégia.
A entrega do prêmio foi justificada pelo jornalista Eduardo Ribeiro, que fez uma rápida retrospectiva do Congresso que chega à maioridade. E falou e falou sobre o agraciado, ressaltando seu talento de profissional político e empreendedor. Depois de Eduardo falou o comentarista político Torquato Galdêncio.
Torquato falou e falou sobre as qualidades do homenageado e da importância do jornal da cultura, de cujo quadro é integrante.Em seguida foi apresentado um vídeo sobre Marcos e o próprio, depois, falou da sua trajetória na vida social de São Paulo e de gestor à frente da fundação Padre Anchieta. Lmbrou do tempo que comandou a Secretaria de Cultura do Estado e das obras que fêz como Secretário: Pinacoteca do Estado, Museu da Língua Portuguesa, Sala São Paulo, entre outras.Foi aplaudido, de pé, pela platéia que lotou o auditório do Centro de Convenções Rebouças.
O Prêmio Personalidade de Comunicação 2018 a Marcos Mendonça foi merecidíssimo. Reportagem recentemente publicada no O Estado de S. Paulo apresentou números segundo os quais o Brasil terá que viver pelo menos 260 anos para equiparar-se, no campo da educação, aos chamados países desenvolvidos, ou como queiram "de primeiro mundo". A respeito disso, Marcos Mendonça prometeu que fará de tudo para encurtar esse tempo. Quer dizer, já está de mangas arregaçadas.
Marcos Mendonça daria um excelente ministro da cultura,certo? . Entre a platéia se achava o cartunista Paulo Caruso, que a seu modo registrou o evento (acima) e Lúcia Agostini também, ao lado e abaixo.
Maceió é a capital de Alagoas, ou das Alagoas, onde o macaco "avoa".
O alagoano de Porto Calvo, Valmiro Pedro da Costa é cantor, compositor e instrumentista, mas com esse nome ficaria em tese bastante difícil de fazer-se conhecido fora de sua terra. E a´ele pegou o nome da ave egípcia e acrescentou Maceioh, com "H". Pronto. A partir de 1980 e poucos, o Brasil passou a conhecer e aplaudir Ibys Maceioh.
Ibys Maceió tem hoje mais de uma centena de músicas gravadas por elke e outros artistas.
Ibys é filho de seu Francisco e dona Antonia que geraram 12 filhos.
Ibys é cabra bom, canta e toca bonito. Suas letras são muito especiais. Falam da gente, da vida, do povo, né?
Ibys é brasileiríssimo. É um artista que carrega no peito e na alma tudo de bom, cores e sons. E sonhos. outro dia ele foi ao programa do Boldrin, confira aí embaixo:
Todo dia, qualquer dia é bonito quando amigos e amigas abrem os braços e nos abraçam, nos visitam.
Amigos e amigas são presentes que a vida nos dá.
Ontem 10 foi um dia maravilhoso. Primeiro bateu- me à porta o querido cartunista Fausto. Depois o cantor compositor e instrumentista alagoano Ibys Maceioh. Aí vieram a coleguinha jornalista Cris Alves, o economista biógrafo de Rosil Cavalcanti e o radialista Carlos Sílvio. Em casa já estava a companheirinha Lúcia para melhorar o astral do dia inusitado que foi ontem. Registro na foto acima.
Uma cachaçinha aqui e ali, tira gosto e batididinha gostosa de violão que o ouvido agradece até agora.
Durante esse encontro, falamos de Deus e de tudo o mais. Falamos até do Ronaldo Cunha Lima, ex-governador da Paraíba. Ah! e o Rômulo trouxe-me um LP dos repentistas José Gonçalves e Moacir Laurentino. Fantásticos. Zé foi meu amigo, mas hoje se acha noutro plano de vida. Moacir sofreu esse negócio que chamam de AVC e ....deixa prá lá!
Foi, de fato, um dia especial o de ontem.
Viva a vida!
Pôxa, ia me esquecendo: abaixo detalhes do encontro registrados pela Lúcia;
Eu conheci o africano de Moçambique Mia Couto, jornalista, poeta e contista, através da coleguinha Cris Alves. Mas foi assim, através da literatura. E gostei. O primeiro livro dele que devorei através dos ouvidos foi Vozes Anoitecidas, lançado em 1986. Esse foi o seu primeiro livro de contos, livro que reúne 12 bonitas histórias, algumas das quais fantásticas no sentido literal do termo; outras de uma tristeza incomum, invulgar, incríveis mesmo. A história da mulher que pilava água no pilão é absolutamente fora da imaginação. E a do boi mais vagaroso do que tartaruga, que explode minas? E a do homem das cobras, ali já pelo final? Antes de dar início à seleta reunião de contos, Mia Couto faz referência a miseráveis da vida. Lembro do início do texto que abre o livro Vozes Anoitecidas, na postagem que fiz há poucas horas, intitulada Cadê as Histórias do Paissandú? Lendo Mia Couto, especialmente este seu livro de contos, lembrei-me da escrita do mestre mineiro João Guimarâes Rosa. Mia Couto tem um quê especial e fantástico de Guimarães. Ex-ce-len-te! O lugar em que nasceu Mia é um lugar cheio de dores e encantos ao mesmo tempo. Viva Mia Couto!
CANTO LIVRO No próximo dia 16, quarta, o compositor, violonista e cantor Jean Garfunkel e a filha Joana, apresentam mais uma vez, o projeto Canto Livro, que tem a obra de Guimarães Rosa como alvo, será coisa bonita para se ver no Teatro da Rotina, que fica ali na rua Augusta.
A mais importante e rica cidade da América do Sul, São Paulo, esconde dos olhos de curiosos a pobreza de milhares e milhares de deserdados. Esses deserdados, oriundos de todas as partes do Brasil e até de outros lugares, procuram na cidade a esperança perdida. Além da periferia, eles ocupam cortiços e edifícios, cheios de ratos e baratas, esquecidos ou abandonados pelo poder público. Gravíssimo: explorados na sua santa ingenuidade por exploradores em geral que se identificam como "líderes" de movimentos que supostamente lutam por moradias a seu favor.
A riqueza de São Paulo, o município, se traduz no PIB de 651 bilhões de reais, dados de 2015. Isso faz com que São Paulo se inclua no ranking das dez maiores economias do mundo, não é coisa pouca, como não é pouca a miséria que se acha no seu digamos, submundo.
São Paulo, apesar de tudo, é uma cidade apaixonante. Não dá para não amá-la.
Há poucos dias, um edifício de 24 andares, pegou fogo e ruiu na região do Largo Paissandu, levando no seu bojo inúmeras histórias anônimas de sonhos e tristezas, de gente que chegou e saiu do mundo sem ser notada. Esse prédio, construído nos anos de 1960 serviu de sede da Polícia Federal. Era um prédio muito conhecido e frequentado por todo tipo de gente, inclusive jornalistas como eu.
A miséria está em todo canto.
No livro de estréia como contista (Vozes Anoitecidas) , o poeta moçambicano Mia Couto, começa assim no texto introdutório :"o que mais dói na miséria é a ignorância que ela tem em si mesma".
E como uma coisa puxa a outra, logo lembrei-me do poeta romancista e político francês Victor Hugo ( 1802-1885).
No belíssimo tocante pungente romance "Os Miseráveis" de 1862, Victor Hugo apresenta a história de um pobre diabo que é condenado à cadeia por furtar um pão para amenizar a sua fome e a fome de casa. Ele finda por cumprir 19 anos de cana, nesse meio tempo e depois de solto, perambula pela cidade em busca de ocupação, que lhe é sempre negada. A única pessoa a lhe dar guarida, é um bispo. E não vou contar esse história, pois é muito conhecida: é uma historia de um miserável, de miseráveis, como bem indica o título do famoso romance de Hugo.
Essa história de miseráveis se repete em qualquer parte do mundo, desde sempre.
No município de São Paulo há miseráveis os mais diversos, de todo tipo, para todos os gostos de seus exploradores, líderes dos movimentos disso e daquilo.
As emissoras de rádio e televisão dizem o óbvio, o tempo todo: que os bombeiros estão no local, com cães farejadores, centenas de toneladas de entulhos foram retirados, que corpos foram achados, que sobreviventes estão acampados nas proximidades de onde sub-humanamente moravam, que a população está doando comida e agasalhos, água, etc.
O que dizem as emissoras de rádio e TV, também dizem os jornais e revistas, mas nenhum dos veículos de comunicação que mantém diuturnamente repórteres no local, contam as tragédias vividas ou deixadas pelos miseráveis do prédio que um dia foi sede da Polícia Federal em São Paulo.
Eu gostaria de ver uma das histórias de Victor Hugo extraídas dos entulhos do prédio que ruiu do edifício do Largo do Paissandu.
Enio Squeff é um dos brasileiros mais importantes que já conheci. Nos anos de 1970 ele era um dos editorialistas do paulistano Folha de S.Paulo. Antes de chegar lá passou pela semanal Veja e pelo jornalão diário O Estado de S.Paulo, onde editou o caderno de cultura. Mas Enio abandonou o jornalismo para dedicar-se completamente a sua, provavelmente, maior paixão: as artes plásticas. Pois bem, Enio tornou-se um dos mais conhecidos e admirados pintores do País. E exercitar a arte da pintura não é coisa fácil, não é prá qualquer um. E digo isso com conhecimento de causa: estudei Artes Plásticas com Celene Sintônio, João Câmara Filho, Raul Córdula e Gilvan Samiko, que me ensinaram tudo, mas nada aprendi. E se aprendi foi bater palmas para artistas como Enio Squeff. Além de editorialista da Folha, Enio foi crítico de música erudita na mesma Folha. Cheguei lá quando ele estava saindo. Mas continuamos a nos encontrar por aí. Domingo 6 voltamos a nos encontrar (foto acima), dessa vez no fabuloso Jardim de Soraya, onde também reencontrei o querido Audálio Dantas e outros amigos. Foi uma tarde memorável, até porque o Enio decidiu mostrar como desenvolve a sua arte ao vivo, em cores. Detalhe: a pintura de Enio é desenvolvida em gigantescas telas, a óleo, mas ele não começou a pintar diretamente a óleo, começou com bico de pena, depois aquarelas até onde está. É um gigante no ramo que escolheu para seguir a vida. Não dá para compará-lo a artista algum, pois ele encontrou nas artes plásticas modos muito próprios de expressar-se atavés das cores e movimentos que cria. Ele e sua obra há muito ultrapassou fronteiras. Nesse último reencontro aproveitei para perguntar a Enio se continua a gostar de música, ele riu, dizendo "impossível não gostar". A pintura de Enio Squeff é muito forte, de cores fortes, cheia de vida Enio é um artista de muitas fases, e não vou entrar nos detalhes agora. Procurem-no por aí. Uma coisa garanto: vocês vão gostar do que irão ver. JOAQUIM BARBOSA A política brasileira está uma caca, confusa que só! A saída sem entrada do ex ministro Joaquim Barbosa no campo político partidário deixa tudo mais confuso ainda. Até agora não há nomes de peso que possam atrair a atenção do eleitor. A Esquerda está esfacelada. A Direita está afiando as unhas, e eu a minha faquinha, hehehe, como diria o amigo Vital Farias. Sério: em quem votar? Quem será capaz de pôr o Brasil de novo nos trilhos? Claro, a saída não é o aeroporto. Até outubro, quem sabe, o povo encontrará em quem votar. O Barbosa para muita gente seria um nome capaz de atrair a Esquerda, o Centro e a Direita. Alckmin não tem futuro como presidente. Bolsonaro é uma incógnita, uma tranqueira. O Ciro Gomes? Se o Barbosa tivesse topado o desafio de disputar a Presidência as chances de ser eleito seriam muitas. Todo covarde tem medo. Agora fico cá, pensando com meus botões: e se der a doida no Barbosa e ele " redicidir" aceitar o desafio e candidatar-se à presidência da República?
Hoje é o dia do silêncio, você sabia? Dados divulgados pelo IBGE, colhido em 2010, indicam que há pelo menos 8 milhões de pessoas surdas no Brasil. Pois é. A Organização Mundial da Saúde, a OMS, calcula que há pelo menos 17 milhões de pessoas com audição danificada ou completamente zerada. Há barulho em tudo quanto é lugar. Será que há barulho no silêncio? O alemão Beethoven começou a perder a audição antes dos 30 anos de idade. Mesmo assim ele deixou obras primas, como a Nona e a Décima Sinfonias. Os roqueiros da pesada, tipo Heavy Metal, além de pirados são surdos, pelo menos boa parte deles... Não está na hora de a gente pensar seriamente em fazer menos barulho possível? Ah! Você sabia meu amigo, minha amiga, que hoje é o dia mundial do silêncio?
Abraçar Audálio e reencontrar amigos (aí nas fotos).
Diante de tão salutar e oportuno convite à alegria e à confraternização feito pela querida Vanira, impossível dizer não. Isso foi ontem 6. Vanira é a companheira de Audálio. E lá fomos eu e minha filha, Ana. Sol bonito, dia bonito, arretado como se diz no Nordeste. Chegamos ao Jardim de Soraya na zona oeste da Capital paulista. Um primor. Lá nos recebeu Samir Salman, um mágico do setor de cuidados paliativos do Hospital Premier. Você sabe o que são cuidados paliativos? Clique: http://assisangelo.blogspot.com.br/2017/10/cuidados-paliativos-sao-um-direito.html. E logo foram chegando outros amigos: Elifas Andreato, José Hamilton Ribeiro, Ênio Squeff, Edu Ribeiro, Ibis Maceioh, Serjão, Colibrí, Javam, e as meninas de Audálio Mariana e Jeliana,... E logo um vinhosinho bem feito pra molhar as palavras, caiu no copo. Tim, tim! E não demorou, para surpresa geral, foi posta à mesa uma saborosíssima paella. Ô coisa boa! Melhor do que isso só o carinho e o abraço dos amigos. Lá pras tantas tomei coragem e disse uns poeminhas que ando fazendo como esse aí, outro dia registrado na Ilha do Rodeador, na Bahia. Clique:
MARCOS MENDONÇA
Pergunto a vocês: dá pra recusar um convite como esse aqui que acaba de ser feito pelo querido Edu Ribeiro?
"Salve Assis,
Me daria uma grande alegria a sua presença na homenagem que
faremos no próximo dia 16 de maio, às 18h30, no Centro de Convenções Rebouças,
em São Paulo, ao presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos Mendonça, com o
Prêmio Personalidade da Comunicação 2018. É uma homenagem justíssima, por tudo
o que ele tem feito pela cultura brasileira e pela própria comunicação. E mais
justa ainda, por praticamente iniciar as celebrações pelos 50 anos da Rádio e
TV Cultura, referências mundiais em rádio e tevê públicas.
Após a cerimônia, que não deve demorar mais do que 40
minutos, brindaremos com um coquetel ali mesmo no Rebouças.
Posso contar contigo? Pode levar acompanhante, claro.
Segue o convite.
Abraço grande"
Guardo ótimas lembranças da TV Cultura. Foi nessa TV que pus os pés pela primeira vez quando cheguei a São Paulo, em 1976. Lá conheci, entre tanta gente bonita, a atris e apresentadora de jornal Aizita, a propósito: onde andará a bela Aizita?
Quando chefiei o departamento de imprensa da Companhia do Metropolitano de São Paulo, Metrô, fiz parceria com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, cujo secretário era, a época, ele me recebeu muito bem nessa ocasião e noutras. Marco Mendonça. Essa parceria tinha a ver com o Concurso Paulista de Literatura de Cordel que promovemos.
A TV Cultura e Marco Mendonça têm história, muita história pra contar. Merecidíssma a homenagem que a Mega Brasil está fazendo. Estarei lá.
ONALDO QUEIROGA
O amigo Onaldo Queiroga, juiz titular da 1º Comarca de João Pessoa, não para de escrever sobre o cotidiano nordestino. Onaldo é um poeta. É bom saber que há poetas na Justiça brasileira. Compartilho com vocês o texto que ele acaba de me mandar. Este:
Da janela do meu olhar
Da janela do
meu olhar vejo as ondas do mar, elas vêm e vão, num balé regido pela Santa
Natura. Há horas que se apresentam calmas, tranquilas e deslizam suaves pelas
areias da praia. Em outras, se movimentam de forma brusca e colidem
violentamente nas mesmas areias provocando um barulho enorme, como se quisessem
falar ao mundo.
Essas ondas do
mar, num paralelo inevitável, são comparadas às ondas que afloram na trajetória
de nossas vidas e, que de qualquer modo transformam nosso viver, impondo ora
sofrimentos, ora momentos felizes.
É por isso,
que da janelo do meu olhar, vejo as ondas da vida que relatam batalhas que transformaram
em alguns momentos a história da humanidade. São insanas ondas que provocaram e
ainda encaminham guerras, discórdias, sofrimentos, mortes e um desencanto
indescritível. Tais ondas, ainda, transformam águas oceânicas em vermelho
sangue de piratas, de aventureiros e de desbravadores, que continuam a afundar
nos mares sonhos e segredos.
Da janela do
meu olhar, ainda visualizo ondas de almas materialistas, que degradam a
natureza e afetam o nosso ecossistema. Vejo ondas de poder, de homens que se acham
deus. Ondas onde humanos acreditam que o dinheiro tudo pode e, que,
silenciosamente, encaminha toda a humanidade para um tempo ainda mais difícil.
Mas da janela
do meu olhar, vejo também ondas que apesar de mergulhar o homem num poço de
desilusões, mesmo assim, não conseguem destruir a esperança por dias melhores,
pois com amor e fé em Deus, o homem ainda guarda no coração um fio de crença
capaz de superar e estabelecer um equilíbrio entre sua existência e a natureza.
Existem nove países que falam a nossa língua. Estes: Portugal, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Quer dizer, falam mais ou menos. Eu mesmo e tantos outros temos alguma dificuldade de entender o português de Portugal. O português Brasileiro é, não tenho dúvida, uma língua muito especial. O português brasileiro tem, porém, no português de Portugal, óbvio, não? Foi em 1524 ou 1525 que nasceu em Lisboa aquele que seria o mais importante poeta português, da língua portuguesa. Luís Vaz de Camões, que morreu paupérrimo no dia 10 de junho de 1580, deixou uma obra absolutamente fantástica: Os Lusíadas, cujos originais eles os salvou de perderem-se no mar. Além d"Os Lusíadas, Camões legou à posteridade belíssimos sonetos. Um dos mais conhecidos é este:
Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer; É um andar solitário entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões CAMÕES, L. Rimas. Coimbra: Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, 1953.
Camões tinha 20 e poucos anos quando, soldado, embarcou à África. Em Marrocos, ele perdeu a visão do olho esquerdo na histórica batalha de Celta. O poeta popular cearense Patativa do Assaré (1909-2002), gerou um belo poema em que fala de Camões e da guerra de Celta, este:
Em 2009, representantes de países de língua portuguesa se reuniram em Cabo Verde e lá criaram o dia nacional da Língua Portuguesa, comemorado sempre no dia 05 de Maio. E o nosso museu da Língua Portuguesa quando será reinaugurado?
NOEL ROSA E TINOCO
O genial sambista carioca Noel Rosa (1910-1937) morreu num dia 04 de maio, aos 26 anos e poucos meses. No dia 04 de maio de 2012, morreu o paulista José Peres, esse José tinha um irmão de nome João e os dois formaram a dupla ("caipira") Tonico e Tinoco. Essa dupla é até hoje a que mais vendeu discos: 150 milhões, muito mais do que já vendeu o chamado "rei" Roberto Carlos. Noel primava pela linguagem urbana e Tonico e Tinoco pela rural. A primeira música gravada por Tonico e Tinoco, em 1944, foia moda de viola Em Vez de Agradecer, ouça:
Há um dito segundo o qual Deus criou o mundo, pondo nele violência de todo o tipo incluindo tufões, terremotos, maremotos etc, além de desrespeito, discriminação e preconceito. Guerras em todos os quadrantes. E feionas! Desertos dos mais brabos, daqueles de esturricar a alma. Ai alguém teria feito a seguinte observação, ao Criador: "há injustiça nisso, muita injustiça, pois dentre todos os países o Brasil se apresenta como o melhor e mais bonito dentre todos na face da terra, sem tufões, terremotos, maremotos...". Deus então, irônico, na hora retrocou: "Espere, espere um pouquinho que você vai ver a gentinha que eu vou botar lá".
As belas terras do nosso Patropi começaram a ser invadidas por estrangeiros ali pelos anos de 1500.
A desgraceira toda começou ali, com índios sendo estuprados e obrigados a fazer trabalhos forçados. Um horror. Ou seja: comer do pão que o diabo amassou. Hoje, 500 e poucos anos depois, é o que se vê: violência das mais brabas de norte a sul do País.
Dados estatísticos indicam que o Brasil é o segundo país em número de pessoas atrás das grades, perdendo apenas para os Estados Unidos da América. Negros e pobres, na maior parte. Enfim, o paraíso do crápulas que o digam os Joesley e Wesley da vida.
O Estado mais violento não é, como pode-se imaginar, o Rio de Janeiro. Não é também São Paulo, pasme!
O Estado mais violento do Brasil, segundo os números, é Alagoas de Collor e Renan Calheiros.
Depois de Alagoas, os mais violentos são os estados de Sergipe, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará, Bahia, Pará. Não é brincadeira, não! E vejam que ainda segundo os números, só em janeiro desde ano foram assassinadas 482 pessoas no Rio. Pois é!
No Brasil de hoje rouba-se de tudo. De tênis a milhões e milhões empilhados em apartamentos, como fez aquele gedel que a Papuda pegou.
E tem as gangues, os grupos de crime organizado. O Marcola, por exemplo, da cadeia aciona seu exército espalhado Brasil a fora, matando, roubando, etc. Mal comparando ele é fichinha perante seus pares engravatados. Alguns juízes como Lewandowski, Toffoli e Gilmar Mendes, parece atender o clamor de quem justamente trilha os caminhos da impunidade. E numa boa, não é mesmo?
Pois é não temos tufões, terremotos, maremotos... Em compensação temos, além de juízes da mais alta esfera, políticos que primam em enrolar o povo.
O Brasil continua pegando fogo, em todos os sentidos. Até de miseráveis roubando miseráveis. Vide as invasões, ocupações, a prédios públicos e de particulares por ai a fora.
E os beneficiados pelo foro, hein?
Calcula-se em 135 mil o número de privilegiados por esse foro atuando sob os silêncios criminosos.
Daqui a pouco o STF se reunirá, sob a batuta da ministra Cármen Lúcia, para decidir quais brasileiros terão direito à excrescência do foro que tem mantido tantos bandidos de alto nipe fora das grades. Tô de olho.
Enquanto a violência paira Brasil a fora, Deus lava as mãos e vai para cima do muro, que nem o PSDB, para observar os movimentos da sua Criação.