Clarissa (foto ao lado) é filha caçula que carrega no nome o meu sobrenome, uma besteira que tomara não lhe atrapalhe no correr da vida...
Pois bem, ela é estudante do Mackenzie.
Antes de cursar Pedagogia nessa importante faculdade de Sampa, diplomou-se pela escola de música Villa-Lobos Búzios, núcleo Tom Jobim, no Rio de Janeiro.
Seu instrumento é o violino.
Orgulho-me.
Mas Cla ainda não é um nome internacional; sequer professora de uma grande universidade de música, como o estadunidense Joshua Bell; e não tem ela, ainda, um currículo musical invejável, bonito, como o de Bell.
Ela é muito nova.
Bell tem recursos, aliás, que Cla não tem.
Exemplo: um violino Stradivarius do ano de 1713, que custa algo em torno de 3,5 milhões de dólares.
O violino de Cla, nacional, sem marca, custou merrequinhas, que o digam o pianista de valor Cassio Vianna e a violonista indecisa Fernanda Mendonça.
Bell estreou em 1985, no Cornegie Hall, com a Orquestra de Saint Louis, e é solista da Orquestra da Filadélfia.
Cla sequer estreou em público como solista no Teatro Municipal de São Pauloo, por exemplo.
Bell nasceu em 67, ela em 89.
Ele começou a estudar com 4 anos; ela, ali pelos 9.
E findam aqui outras eventuais comparações.
Curioso, porém, é que Bell gosta de Bach, de Beethoven...
E Clarissa também.
Acabo de receber e-mail de Peter Alouche, engenheiro poeta, compositor etc., dando conta de uma iniciativa excepcional do jornal Washington Post, que levou não há muito Joshua Bell a tocar, discretamente, numa estação de metrô do centro da capital dos Estados Unidos, durante 45 minutos.
Está no Youtube.
Poucos deram bola a Bell, que interpretou magistralmente um repertório de beleza incondicional à altura dos deuses.
Eu vi, ouvi e me arrepiei.
E como uma coisa puxa outra...
Hoje, fim da tarde, com chuva e arco-íris de graça no céu de Sampa, conversei com Roberto Marino, neto do violinista Alberto Marino, pai de Alberto Marino Jr., autor da bela letra da valsa-choro Rapaziada do Brás, primeiro clássico popular sobre a cidade de São Paulo, composto em 1917 e gravado em 27.
O que uma coisa tem a ver com a outra?
A ignorância, o descaso, o desconhecimento.
Clarissa toca violino para se completar.
Bell, provavelmente, também.
Famoso, ele toca em salas de concerto um repertório de autores incríveis e é aplaudidíssimo, com ingressos ao custo em torno de 1000 dólares.
No metrô de Washington, discreto, anônimo e de graça ele tocou sem ser visto, sem ser aplaudido, reconhecido...
Há algo errado neste mundo louco.
A velha história: pérolas aos porcos.
Temos salvação?
Marino deixou uma obra resumida numa só: Rapaziada do Brás, que a molecada de hoje, infelizmente, nem sabe o que ou quem é.
Sei não, mas acho que Cla vai seguir a carreira de pedagoga.
SANTOS NO PAULISTÃO
Sem comentário: o Santos tá com a gota serena, voltando aos t empós de Pelé: 9 a zero em cima do Ituano.
PQP!
É demais!
Como é que pode?
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domingo, 21 de março de 2010
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