O multiartista plástico pernambucano Miguel dos Santos, inquieto a toda hora, continua a mil. Isto é: aprontando arte de maneira incansável e provocando o mundo com seus seres e mitos fantásticos saídos de sua fertilíssima e privilegiada imaginação.
Seu espaço de criação é a oficina que mantém viva e em movimento constante num bairro da capital paraibana, onde mora desde 1960.
Eu o conheci nos tempos que ele ainda assinava seus quadros com o pseudônimo Maiko.
Chegamos a estudar juntos, na Divisão de Extensão Artística da Universidade Federal da Paraíba.
Bons tempos.
Tínhamos como professores, entre outros, o pintor João Câmara Filho e o xilogravador Samico.
Não aprendi nada, embora me sobrasse dedicação.
As bobagens que pintei levavam o pseudônimo de Di Angelus.
Depois adotei outros, uns 15.
Alguns Di Angelus ficaram perdidos n´algum lugar da memória e nas páginas dos jornais da terrinha.
Certa vez, por acaso, reconheci alguns deles pendurados à toa nas paredes do extinto diário O Norte.
Eu desconhecia em mim qualquer talento no campo das artes plásticas, por isso segui outro rumo e me firmei no ramo profissional do Jornalismo.
Como jornalista, cheguei a assinar artigos, reportagens e críticas de literatura e artes com esse pseudônimo.
Abaixo, na edição de 18 de novembro de 1973 do jornal Correio da Paraíba, uma amostra.
Miguel continuou desenvolvendo sua arte.
Uma arte estupenda, de personalidade própria, forte, inquieta, provocadora e bela.
É único no que faz, no Brasil ou fora do Brasil.
Para melhor se entender, Miguel fez diversos experimentos, transitando por expressões que ignorava.
Fez música; aprendeu a tocar piano, por exemplo.
E a fazer poesia, tanto que chegou a lançar um livro com um punhado delas.
Ainda insatisfeito, ele caminhou por mais veredas desconhecidas.
O resultado foi o acúmulo de experiência, saber e fôlego como ceramista e escultor.
Logo chamou a atenção de nomes consagrados para a sua arte, como Clarival do Prado Valadares, Walmir Ayala, Ariano Suassuna e Pietro Maria Bardi.
Bardi, aliás, o convidou em fins dos 70 para expor no Masp.
Convite aceito.
Os aplausos da critica coroaram a exposição.
E também não custou para seus quadros serem vistos no horário nobre por milhões de noveleiros da Globo.
Eles ilustravam ambientes das novelas.
Hoje sua obra é disputada por marchands e colecionadores do mundo todo, tanto que cada vez mais lhe tem sido missão impossível juntar quantidade suficiente de quadros, cerâmicas e esculturas para uma individual em galerias de São Paulo, Rio de Janeiro ou de qualquer outro lugar do País e do Exterior.
Agora ele está mergulhado na produção de painéis com relevo (acima), é o que me informam.
Ah! Sim, sei: elogiar a obra de Miguel dos Santos é lugar comum, redundância das brabas.
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sexta-feira, 27 de abril de 2012
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