Num vôo entre as capitais de Recife e São Paulo, li domingo 29 notícia à página A12 do centenário jornal Diário de Pernambuco dando conta de que o paulistano José Serra, agora em campanha bamba à Presidência com o cognome Zé, deixou de responder a repórteres por não entender o que falavam.
Isso mesmo, por não entender o que falavam.
E era na língua pátria que os repórteres de Pernambuco se expressavam, e não em grego ou javanês.
Fiquei chateado.
Poxa, e logo o Zé!
Zé que já foi ex um monte de vezes e coisas na República em voga: deputado estadual, deputado federal, senador, ministro; prefeito e governador, mandatos que abandonou sem quê nem mais em plena vigência, após afirmar em cartório que os cumpriria até o fim.
Assim não dá.
Mas um tanto encafifado e sem querer crer no que li, eu reli e depressa corri os olhos para a manchete estampada em letras graúdas e ilustrada por esquisita foto que não deixava dúvida: O SOTAQUE É O PROBLEMA.
Ah! O nosso sotaque nordestino.
Belo, melodioso, é o sotaque da gente do Nordeste, não é?
Eu sou de lá.
Tem coisa mais bonita do que ouvir o sotaque do povo numa língua só?
“Existe uma língua brasileira ou a denominação correta seria língua luso-brasileira? Assis Ângelo, escritor, jornalista e radialista paraibano radicado em São Paulo (...) e Téo Azevedo, poeta, cantador, repentista, escritor (...) passaram uma porção de tempo fichando palavras e expressões populares correntes no Nordeste (...) e o resultado foi esta valiosa contribuição ao estudo da língua falada pelo povo, pelo matuto, pelo tabaréu. E como a língua de um país é feita pelo povo, eis aí um prato feito para os dicionaristas e para os estudiosos e pesquisadores da área”.
O prato feito a que se referia o folclorista Mário Souto Maior (1920-2001) era o Dicionário Catrumano, Pequeno Glossário de Locuções Regionais publicado em 1996 e que recomendo completamente ao Zé.
No texto que abre o livro após o de Mário, eu digo que o Brasil carrega no seu bojo uma peculiaridade especialíssima: o sotaque.
E digo também que o sotaque é o canto de uma língua.
Isso que eu disse se acha na abertura e fechamento do monólogo Memórias de Embornal, de Íris Gomes da Costa, estrelado por Jackson Antunes e dirigido por Tizuka Yamasaki, em 2000.
Caso leia o Dicionário, Zé conseguirá rapidamente entender o jeito de falar dos meus conterrâneos...
Mas parece que Zé também tem problemas de entender o que falam os mineiros e goianos.
Se confirmado isso, a situação se agrava.
Como poderia alguém governar um país sem saber a língua de seu povo?
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terça-feira, 31 de agosto de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
MIGUEL DOS SANTOS, UM GRANDE ARTISTA
Agora com os ponteiros correndo depressa em direção ao meio-dia, e quase à hora do embarque a Porto de Galinhas, PE, para uma sessão de autógrafos do livro recém lançado no Museu do Futebol, em Sampa, A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira, de minha autoria, e palestra que farei sobre o universo infantil na cultura popular, eu quero dizer uma ou duas coisinhas a respeito de um dos grandes artífices das artes plásticas no Brasil, Miguel Domingos dos Santos, que conheci nos fins dos anos de 1960 na capital paraibana, onde nasci no princípio dos 50.
À época procurei em vão, em mim, algum resquício de talento como pintor na Divisão de Extensão Artística da Universidade Federal da Paraíba, sob a batuta dos esforçadíssimos e talentosos, esses sim, João Câmara Filho e Raul Córdula, entre outros que perderam tempo na tarefa inglória de me orientar.
Miguel dos Santos, integrante de reduzida e rica galeria de excepcionais seres que nascem um aqui e outro ali, a cada milhar de anos, dia a dia vem construindo uma obra magnífica e sem par no País, e que todos devem conhecer e naturalmente aplaudir.
Sorte que ele é brasileiro, como o poeta Dos Anjos, os escritores Machado e Rosa, o pintor das mulatas Di Cavalcanti, o maestro Eleazar de Carvalho, Carlos Gomes, o mais representativo compositor operístico das Américas; o sanfoneiro Luiz Gonzaga, o descobridor sonoro das riquezas do Nordeste; e os estudiosos ímpares das coisas do povo, Sylvio Romero, Câmara Cascudo e Gilberto Freyre, que uma vez me negou entrevista pelo fato de ainda eu não conhecer de traz pra frente a sua substanciosa obra, ao contrário de Cascudo, ser especial que Deus nos deu e que me presenteou com sua amizade.
Há quatro décadas, Miguel trocou a terra natal Caruaru, PE, pela capital da Paraíba, onde dia e noite feito um titã, dá lustros à imaginação e cria uma obra monumental sem dúvida, permeada de uma simbologia que nos remete a todos os passados e nos faz refletir sobre o presente.
A obra migueliana se insere perfeitamente no contexto dos grandes mestres.
É isso.
Ah!
No próximo dia 3, Miguel dos Santos inaugura uma de suas hoje raríssimas exposições. A mostra ocupará todo o espaço da Galeria Gamela, em Pessoa.
Vamos lá?
FLIPORTINHO/FLICORDEL
Estarei à tarde em Porto de Galinhas, como eu disse lá em cima. Participarei da festa da literatura de cordel intitulada Fliportinho/Flicordel, que começa amanhã e vai até domingo 28, com a presença de grandes autores e patrimônios vivos de Pernambuco, como os três Josés: Soares da Silva, Costa Leite e Borges.
À época procurei em vão, em mim, algum resquício de talento como pintor na Divisão de Extensão Artística da Universidade Federal da Paraíba, sob a batuta dos esforçadíssimos e talentosos, esses sim, João Câmara Filho e Raul Córdula, entre outros que perderam tempo na tarefa inglória de me orientar.
Miguel dos Santos, integrante de reduzida e rica galeria de excepcionais seres que nascem um aqui e outro ali, a cada milhar de anos, dia a dia vem construindo uma obra magnífica e sem par no País, e que todos devem conhecer e naturalmente aplaudir.
Sorte que ele é brasileiro, como o poeta Dos Anjos, os escritores Machado e Rosa, o pintor das mulatas Di Cavalcanti, o maestro Eleazar de Carvalho, Carlos Gomes, o mais representativo compositor operístico das Américas; o sanfoneiro Luiz Gonzaga, o descobridor sonoro das riquezas do Nordeste; e os estudiosos ímpares das coisas do povo, Sylvio Romero, Câmara Cascudo e Gilberto Freyre, que uma vez me negou entrevista pelo fato de ainda eu não conhecer de traz pra frente a sua substanciosa obra, ao contrário de Cascudo, ser especial que Deus nos deu e que me presenteou com sua amizade.
Há quatro décadas, Miguel trocou a terra natal Caruaru, PE, pela capital da Paraíba, onde dia e noite feito um titã, dá lustros à imaginação e cria uma obra monumental sem dúvida, permeada de uma simbologia que nos remete a todos os passados e nos faz refletir sobre o presente.
A obra migueliana se insere perfeitamente no contexto dos grandes mestres.
É isso.
Ah!
No próximo dia 3, Miguel dos Santos inaugura uma de suas hoje raríssimas exposições. A mostra ocupará todo o espaço da Galeria Gamela, em Pessoa.
Vamos lá?
FLIPORTINHO/FLICORDEL
Estarei à tarde em Porto de Galinhas, como eu disse lá em cima. Participarei da festa da literatura de cordel intitulada Fliportinho/Flicordel, que começa amanhã e vai até domingo 28, com a presença de grandes autores e patrimônios vivos de Pernambuco, como os três Josés: Soares da Silva, Costa Leite e Borges.
domingo, 22 de agosto de 2010
CULTURA POPULAR É A DIGITAL DE UM POVO
Óbvio: o passado é a história do presente.
É preciso estar permanentemente atento ao que acontece à nossa volta, pois absolutamente tudo na formação de um país advém do viver, do comportamento do povo, do cotidiano, seja qual for a circunstância ou tempo.
O Brasil com seus mais de 8,5 milhões de km² e uma população que beira a casa dos 200 milhões de pessoas ainda é, de certo modo, um país desconhecido dos próprios brasileiros.
Pelo menos, no tocante à cultura.
Deve-se isso à diversidade de que somos portadores.
Entre outras coisas, a mistura de raças tem permitido ao Brasil até o enriquecimento da língua.
Sonos o país mais miscigenado do mundo.
Além do índio, que cedeu espaço ao negro e ao europeu, outras gentes têm encontrado aqui uma nova pátria, e se dado bem.
Com isso foi possível alcançar uma enorme multiplicidade cultural, que passa pela culinária, música, artes plásticas, dança etc.
Não nos esqueçamos de que é a partir da cultura popular que um país ganha seu passaporte para o respeito universal.
A identidade de um país é a sua memória.
Falamos de arte, de criatividade coletiva e popular.
Hoje, ao término dos primeiros dez anos do novo milênio, creio ser necessária uma discussão ampla em torno da cultura.
A cultura popular é a digital de um povo.
Creio que uma discussão em torno da nossa diversidade cultural serviria hoje, não só para identificar e catalogar a herança deixada por nossos primeiros habitantes, desde o índio até o europeu e o negro, mas também para avaliar e trazer à tona a importância da contribuição dos estrangeiros em solo pátrio.
Essa discussão poderia ser travada por especialistas das diversas áreas do conhecimento, tanto do mundo acadêmico, quanto do mundo, digamos, leigo.
Importante.
Faz-se necessário um balanço do que foi o Brasil de ontem e o que, comparativamente, é o Brasil de hoje.
Ao se pôr na pauta de uma discussão pública a cultura popular nacional (o que é o folclore?), a música nos seus diversos gêneros e a dança dos vários estilos no campo da cultura popular, por exemplo, os brasileiros só poderiam ganhar.
Poderíamos ter ainda, além de uma avaliação pormenorizada da cultura que se faz no País, uma perspectiva do que poderá ser a nossa cultura popular do amanhã.
Qual a importância dos meios de comunicação na formação das gerações vindouras?
Para onde vamos?
Para onde vão o Brasil e o povo, culturalmente falando?
Qual o papel do rádio e da televisão?
E o papel dos educadores, das escolas, dos pais?
E o governo, onde entra nisso?
As tradições sobreviverão?
Carece de alguma salvação a cultura popular?
Por aí.
CORINTHIAS X SÃO PAULO
E o Coringão, hein?
Três sobre o São Paulo, zero, neste domingão de clima europeu em Sampa.
O camisa 7 Elias é o cão.
PS - O Que é Folclore, ilustração aí de cima, é um opúsculo ilustrado por meu amigo Ionaldo Cavalcanti, hoje no céu, que publiquei nos tempos que ocupei a chefia do Departamento de Imprensa da Companhia do Metropolitano de São Paulo, Metrô, e que gostaria de ver rerepublicado de forma ampliada. Vamos ver... À época, ali pelos anos de 1990, tentei atender a curiosidade dos meus filhos, que sempre neste mês de agosto me procuravam para ajudá-los a fazer tarefa escolar.
É preciso estar permanentemente atento ao que acontece à nossa volta, pois absolutamente tudo na formação de um país advém do viver, do comportamento do povo, do cotidiano, seja qual for a circunstância ou tempo.
O Brasil com seus mais de 8,5 milhões de km² e uma população que beira a casa dos 200 milhões de pessoas ainda é, de certo modo, um país desconhecido dos próprios brasileiros.
Pelo menos, no tocante à cultura.
Deve-se isso à diversidade de que somos portadores.
Entre outras coisas, a mistura de raças tem permitido ao Brasil até o enriquecimento da língua.
Sonos o país mais miscigenado do mundo.
Além do índio, que cedeu espaço ao negro e ao europeu, outras gentes têm encontrado aqui uma nova pátria, e se dado bem.
Com isso foi possível alcançar uma enorme multiplicidade cultural, que passa pela culinária, música, artes plásticas, dança etc.
Não nos esqueçamos de que é a partir da cultura popular que um país ganha seu passaporte para o respeito universal.
A identidade de um país é a sua memória.
Falamos de arte, de criatividade coletiva e popular.
Hoje, ao término dos primeiros dez anos do novo milênio, creio ser necessária uma discussão ampla em torno da cultura.
A cultura popular é a digital de um povo.
Creio que uma discussão em torno da nossa diversidade cultural serviria hoje, não só para identificar e catalogar a herança deixada por nossos primeiros habitantes, desde o índio até o europeu e o negro, mas também para avaliar e trazer à tona a importância da contribuição dos estrangeiros em solo pátrio.
Essa discussão poderia ser travada por especialistas das diversas áreas do conhecimento, tanto do mundo acadêmico, quanto do mundo, digamos, leigo.
Importante.
Faz-se necessário um balanço do que foi o Brasil de ontem e o que, comparativamente, é o Brasil de hoje.
Ao se pôr na pauta de uma discussão pública a cultura popular nacional (o que é o folclore?), a música nos seus diversos gêneros e a dança dos vários estilos no campo da cultura popular, por exemplo, os brasileiros só poderiam ganhar.
Poderíamos ter ainda, além de uma avaliação pormenorizada da cultura que se faz no País, uma perspectiva do que poderá ser a nossa cultura popular do amanhã.
Qual a importância dos meios de comunicação na formação das gerações vindouras?
Para onde vamos?
Para onde vão o Brasil e o povo, culturalmente falando?
Qual o papel do rádio e da televisão?
E o papel dos educadores, das escolas, dos pais?
E o governo, onde entra nisso?
As tradições sobreviverão?
Carece de alguma salvação a cultura popular?
Por aí.
CORINTHIAS X SÃO PAULO
E o Coringão, hein?
Três sobre o São Paulo, zero, neste domingão de clima europeu em Sampa.
O camisa 7 Elias é o cão.
PS - O Que é Folclore, ilustração aí de cima, é um opúsculo ilustrado por meu amigo Ionaldo Cavalcanti, hoje no céu, que publiquei nos tempos que ocupei a chefia do Departamento de Imprensa da Companhia do Metropolitano de São Paulo, Metrô, e que gostaria de ver rerepublicado de forma ampliada. Vamos ver... À época, ali pelos anos de 1990, tentei atender a curiosidade dos meus filhos, que sempre neste mês de agosto me procuravam para ajudá-los a fazer tarefa escolar.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
JEQUIBAU É JEQUIBAU E FLORES EM VIDA
O que é jequibau?
Avião ou estrela cadente?
Terra, pífano, galo, gaiola ou um parque sem gente?
Água de beber, bicho de morder ou pio de pinto sem pena?
Flor de açucena?
Um rochedo, floresta ou tronco de ipê?
Nome de gato, gata ou topada no meio da escuridão?
Sol ou apelido oculto do cangaceiro lampião?
Não sei; não sabes, não?
Pois, pois.
Nome de menino ou canção de ninar?
Talvez um anjo torto perdido no oco do céu.
Ou um quadro de Dalí.
Ou um vaso da China, um verso sem rima.
Talvez...
O que é jequibau?
Um romance inacabado ou um disco quebrado?
O apelido da lua cheia ou o coaxar de um sapo de olho no brejo.
Um vulcão ativo, quem sabe?
Um grito de guerra, um psiu acanhado.
Uma baleia presa num arpão.
Um operário escravo do patrão.
Ou um tigre findo num alçapão?
Um boi, um bode, um bonde, um bumbo.
Ou o boto de sinhá!
Não sabes?
Eu sei o nome de quem o inventou: Mário Albanese, um paulistano da safra 31.
Eu o conheci no século passado, há mais de duas décadas.
Não sei se na Pensão Jundiaí da Mariazinha.
Virou amigo, desses que a gente ganha e não quer perder.
Mário estava ontem na pensão da Mariazinha, tocando teclado, tocando jequibau.
Jequibau é um estilo musical criado por Mário e Ciro Pereira.
Certa vez, num folheto, escreveu o poeta popular Téo Macedo, em sextilhas:
Jequibau é jequibau
Diferente marcação
Cinco tempos por inteiro
Contrariando a tradição
Um compasso brasileiro
Nova forma de expressão
Jequibau é jequibau
A palavra é singular
Não existe em dicionário
Não adianta procurar
E depois de tantos fatos
É hora de registrar...
No ritmo jequibau gravaram Hermeto Pascoal, Jair Rodrigues, Altemar Dutra e Moacir Franco, entre centenas de outros artistas brasileiros. No campo internacional, destaque das gravações para Andy Willians, Charlie Byrd, Sadao Watanabe e Rita Reys.
Mário Albanese, nunca é demais dizer: é uma glória nossa absolutamente necessária de se rever, de se redescobrir e aplaudir.
Flores em vida.
PS - Na foto paarecem Mário, Andrea Lago o autor destas linhas inventando de cantar.
Avião ou estrela cadente?
Terra, pífano, galo, gaiola ou um parque sem gente?
Água de beber, bicho de morder ou pio de pinto sem pena?
Flor de açucena?
Um rochedo, floresta ou tronco de ipê?
Nome de gato, gata ou topada no meio da escuridão?
Sol ou apelido oculto do cangaceiro lampião?
Não sei; não sabes, não?
Pois, pois.
Nome de menino ou canção de ninar?
Talvez um anjo torto perdido no oco do céu.
Ou um quadro de Dalí.
Ou um vaso da China, um verso sem rima.
Talvez...
O que é jequibau?
Um romance inacabado ou um disco quebrado?
O apelido da lua cheia ou o coaxar de um sapo de olho no brejo.
Um vulcão ativo, quem sabe?
Um grito de guerra, um psiu acanhado.
Uma baleia presa num arpão.
Um operário escravo do patrão.
Ou um tigre findo num alçapão?
Um boi, um bode, um bonde, um bumbo.
Ou o boto de sinhá!
Não sabes?
Eu sei o nome de quem o inventou: Mário Albanese, um paulistano da safra 31.
Eu o conheci no século passado, há mais de duas décadas.
Não sei se na Pensão Jundiaí da Mariazinha.
Virou amigo, desses que a gente ganha e não quer perder.
Mário estava ontem na pensão da Mariazinha, tocando teclado, tocando jequibau.
Jequibau é um estilo musical criado por Mário e Ciro Pereira.
Certa vez, num folheto, escreveu o poeta popular Téo Macedo, em sextilhas:
Jequibau é jequibau
Diferente marcação
Cinco tempos por inteiro
Contrariando a tradição
Um compasso brasileiro
Nova forma de expressão
Jequibau é jequibau
A palavra é singular
Não existe em dicionário
Não adianta procurar
E depois de tantos fatos
É hora de registrar...
No ritmo jequibau gravaram Hermeto Pascoal, Jair Rodrigues, Altemar Dutra e Moacir Franco, entre centenas de outros artistas brasileiros. No campo internacional, destaque das gravações para Andy Willians, Charlie Byrd, Sadao Watanabe e Rita Reys.
Mário Albanese, nunca é demais dizer: é uma glória nossa absolutamente necessária de se rever, de se redescobrir e aplaudir.
Flores em vida.
PS - Na foto paarecem Mário, Andrea Lago o autor destas linhas inventando de cantar.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
SEXTA 13, UM BELO DIA DE SORTE
Hoje, sexta 13.
Deu tudo certo pra mim.
Resolvi pendências no Fórum e escapei ileso.
Depois andei pelo Centro e vi a cidade de São Paulo abandonada, com inúmeros indigentes e drogados em geral espalhados pelas ruas e baixios dos viadutos.
Tristes cenas.
Para esse pessoal e para Sampa e Brasil, um dia 13 negativo.
E assim tem sido nos últimos anos.
Gostaria de ver andando pelas ruas, como eu, o prefeito Kassab.
Jânio andava e se impunha como autoridade e cidadão.
Aliás, a meu ver, Jânio, que entrevistei como prefeito nos tempos em que respondi pela chefia de reportagem política do jornal O Estado de S.Paulo, resolvia problemas de ordem pública da cidade.
Kassab, eu noto: prefere o gabinete.
Estilo de governança, timidez ou covardia?
Mas, para mim, este dia 13 foi muito bom.
Revi amigos.
Recebi ótimos telefonemas.
À noite, um do Vandré:
- Tudo bem, Ângelo? Estou sem dormir há quatro dias.
Respondi que a instabilidade climática paulistana não está me fazendo bem.
PARA LEMBRAR
Sexta 13...
Assim eu inicio a Cronologia do livro Dicionário Gonzagueano, de A a Z:
“Nasce na Fazenda Caiçara do todo-poderoso Gualter Martiniano de Alencar, Barão de Exu, o segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus”.
É como eu disse: só para lembrar.
ANIVERSÁRIO
Agora vou com Andrea e meninos dá um pulinho na Rua Ouro Preto, lá pras bandas da Raposo Tavares, onde nos esperam Marco Mendes e sua companheira Cláudia. Motivo: ele está fazedo, a contragosto, 53 anos; e não vejo razão para isso... Marco é paraibano, cantor, compositor e pintor. Tim, tim!
Deu tudo certo pra mim.
Resolvi pendências no Fórum e escapei ileso.
Depois andei pelo Centro e vi a cidade de São Paulo abandonada, com inúmeros indigentes e drogados em geral espalhados pelas ruas e baixios dos viadutos.
Tristes cenas.
Para esse pessoal e para Sampa e Brasil, um dia 13 negativo.
E assim tem sido nos últimos anos.
Gostaria de ver andando pelas ruas, como eu, o prefeito Kassab.
Jânio andava e se impunha como autoridade e cidadão.
Aliás, a meu ver, Jânio, que entrevistei como prefeito nos tempos em que respondi pela chefia de reportagem política do jornal O Estado de S.Paulo, resolvia problemas de ordem pública da cidade.
Kassab, eu noto: prefere o gabinete.
Estilo de governança, timidez ou covardia?
Mas, para mim, este dia 13 foi muito bom.
Revi amigos.
Recebi ótimos telefonemas.
À noite, um do Vandré:
- Tudo bem, Ângelo? Estou sem dormir há quatro dias.
Respondi que a instabilidade climática paulistana não está me fazendo bem.
PARA LEMBRAR
Sexta 13...
Assim eu inicio a Cronologia do livro Dicionário Gonzagueano, de A a Z:
“Nasce na Fazenda Caiçara do todo-poderoso Gualter Martiniano de Alencar, Barão de Exu, o segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus”.
É como eu disse: só para lembrar.
ANIVERSÁRIO
Agora vou com Andrea e meninos dá um pulinho na Rua Ouro Preto, lá pras bandas da Raposo Tavares, onde nos esperam Marco Mendes e sua companheira Cláudia. Motivo: ele está fazedo, a contragosto, 53 anos; e não vejo razão para isso... Marco é paraibano, cantor, compositor e pintor. Tim, tim!
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
LAMPIÃO E BONITA MORRERAM EM SERGIPE
Vera Ferreira, que citei no texto de ontem, manda e-mail ratificando o imperdoável lapso por mim cometido, ao dizer que Lampião foi assassinado em Alagoas.
“Assis meu amigo, como vc está?... Sempre estou acompanhando-o pelo seu blog... Parabéns! Olha só gostaria que fizesse uma retificação, por favor. Você falou que a Grota do Angico onde tombaram meus avós e mais nove companheiros, fica em Alagoas, quando na verdade ela fica em Poço Redondo, Sergipe.
Valeu amigo velho! Cuide-se com carinho!
Cheiros,
Vera”.
Como posso ter falhado nessa informação?
Já escrevi tanto a respeito do cangaço e do casal Lampião/Maria Bonita.
Até um poema do temido bandoleiro pernambucano que agitou a vida sertaneja gravei há um punhado de anos, com acompanhamento à flauta de Toninho Carrasqueira. Esse registro se acha no CD Assis Ângelo Interpreta Poetas Brasileiros.
Como se não bastasse, promovi a uns anos um grande debate público em torno do Rei do Cangaço. Foi num mês como este, no auditório do Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito do largo de São Francisco, ao levar a júri simulado a questão: Lampião, bandido ou herói?
Dias antes, o legendário cangaceiro fora absolvido em consulta junto aos usuários da estação Brás da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, CPTM.
No Centro Acadêmico foi condenado a 12 anos.
À época, publiquei no jornal carioca A Nova Democracia:
“A condenação foi abrandada em um terço por ser o réu primário e beneficiário de atenuantes segundo o juiz que presidiu o processo, Antônio Magalhães Gomes Filho, titular de Processo Civil.
O Rei do Cangaço foi levado a júri sob a acusação de ter praticado junto com o seu bando uma chacina em Jeremoabo, na Bahia, no dia 13 maio de 1932. Nessa data tombaram mortas a tiros e a golpes de punhal várias pessoas de uma mesma família. A sentença, baseada na votação do corpo de jurados formado por estudantes de Direito levou em conta que o réu praticou a ação com requintes de crueldade. Cerca de 300 pessoas, incluindo jornalistas, escritores e artistas, assistiram a sessão.
Na sala do júri representou o acusado o ator Alessandro Azevedo, vestido a caráter. A seu lado a atriz Júlia Moura, no papel de Maria Bonita.
Os trabalhos foram desenvolvidos pelo promotor Luis Marcelo Mileo Theodoro e pelo advogado de defesa Alamiro Velludo Salvador Netto.
Antes de encerrar a sessão e elogiar os organizadores do evento, o juiz Gomes Filho disse que o processo pode ajudar a sociedade a refletir sobre as causas da violência no Brasil”.
ANIVERSÁRIO
E já que estamos falando do assunto, outro registro: dona Mocinha, de batismo Maria Ferreira, única irmã viva de Lampião, acaba de fazer 100 anos de idade. Ela mora numa parte pacata de Santana, na capital paulista, e tive o prazer de lhe conhecer pelos passos do meu amigo cangaceiro da pesquisa Antônio Amaury Corrêa de Araújo.
“Assis meu amigo, como vc está?... Sempre estou acompanhando-o pelo seu blog... Parabéns! Olha só gostaria que fizesse uma retificação, por favor. Você falou que a Grota do Angico onde tombaram meus avós e mais nove companheiros, fica em Alagoas, quando na verdade ela fica em Poço Redondo, Sergipe.
Valeu amigo velho! Cuide-se com carinho!
Cheiros,
Vera”.
Como posso ter falhado nessa informação?
Já escrevi tanto a respeito do cangaço e do casal Lampião/Maria Bonita.
Até um poema do temido bandoleiro pernambucano que agitou a vida sertaneja gravei há um punhado de anos, com acompanhamento à flauta de Toninho Carrasqueira. Esse registro se acha no CD Assis Ângelo Interpreta Poetas Brasileiros.
Como se não bastasse, promovi a uns anos um grande debate público em torno do Rei do Cangaço. Foi num mês como este, no auditório do Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito do largo de São Francisco, ao levar a júri simulado a questão: Lampião, bandido ou herói?
Dias antes, o legendário cangaceiro fora absolvido em consulta junto aos usuários da estação Brás da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, CPTM.
No Centro Acadêmico foi condenado a 12 anos.
À época, publiquei no jornal carioca A Nova Democracia:
“A condenação foi abrandada em um terço por ser o réu primário e beneficiário de atenuantes segundo o juiz que presidiu o processo, Antônio Magalhães Gomes Filho, titular de Processo Civil.
O Rei do Cangaço foi levado a júri sob a acusação de ter praticado junto com o seu bando uma chacina em Jeremoabo, na Bahia, no dia 13 maio de 1932. Nessa data tombaram mortas a tiros e a golpes de punhal várias pessoas de uma mesma família. A sentença, baseada na votação do corpo de jurados formado por estudantes de Direito levou em conta que o réu praticou a ação com requintes de crueldade. Cerca de 300 pessoas, incluindo jornalistas, escritores e artistas, assistiram a sessão.
Na sala do júri representou o acusado o ator Alessandro Azevedo, vestido a caráter. A seu lado a atriz Júlia Moura, no papel de Maria Bonita.
Os trabalhos foram desenvolvidos pelo promotor Luis Marcelo Mileo Theodoro e pelo advogado de defesa Alamiro Velludo Salvador Netto.
Antes de encerrar a sessão e elogiar os organizadores do evento, o juiz Gomes Filho disse que o processo pode ajudar a sociedade a refletir sobre as causas da violência no Brasil”.
ANIVERSÁRIO
E já que estamos falando do assunto, outro registro: dona Mocinha, de batismo Maria Ferreira, única irmã viva de Lampião, acaba de fazer 100 anos de idade. Ela mora numa parte pacata de Santana, na capital paulista, e tive o prazer de lhe conhecer pelos passos do meu amigo cangaceiro da pesquisa Antônio Amaury Corrêa de Araújo.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
ROUBADO FIGURINO DE MARIA BONITA
Poucos dias após se completarem 72 anos da emboscada que resultou no assassinato de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, na grota de Angico, em Alagoas, e às vésperas da noite de autógrafos dos livros De Virgolino a Lampião (edição patrocinada) e Lampião Bandido ou Herói? (Editora Claridade), ambos de Antônio Amaury Corrêa de Araújo em parceria com Vera Ferreira, neta de Lampião, e Carlos Elydio Corrêa de Araújo, respectivamente, o ator paraibano Alessandro Azevedo, que entre outros personagens incorpora no teatro o famoso cangaceiro, teve o sítio que mantém em Cotia, SP, invadido por desconhecidos que roubaram cópias de objetos de Lampião e o figurino completo de Maria Bonita. Por essa razão, Alessandro compareceu ontem à sessão de autógrafos no Bar Canto Madalena sem a atriz que interpreta a companheira do famoso cangaceiro. E brincou:
- A coisa tá danada por essas bandas de São Paulo! Até Lampião e Maria Bonita estão sendo alvos dos bandidos.
Entre outros artistas, prestigiaram o pesquisador do cangaço Amaury Corrêa o cordelista Franklin Maxado “Nordestino” e o cantor e compositor Chico Esperança.
Franklin, que mora em Vitória da Conquista, BA, está lançando novo folheto: Influência da França no Cordel Brasileiro, que pode ser adquirido através do telefone 75.36.3845 ou do e-mail franklinmaxado@hotmail.com
PS - Na foto acima, feita e nos enviada por Vivian Carvalho, da Acquaviva Promoções e Eventos, aparecem este blogueiro irritado com o roubo do figurino de Maria Bonita e o ator Alessandro Azevedo, intérprete de Lampião no teatro.
- A coisa tá danada por essas bandas de São Paulo! Até Lampião e Maria Bonita estão sendo alvos dos bandidos.
Entre outros artistas, prestigiaram o pesquisador do cangaço Amaury Corrêa o cordelista Franklin Maxado “Nordestino” e o cantor e compositor Chico Esperança.
Franklin, que mora em Vitória da Conquista, BA, está lançando novo folheto: Influência da França no Cordel Brasileiro, que pode ser adquirido através do telefone 75.36.3845 ou do e-mail franklinmaxado@hotmail.com
PS - Na foto acima, feita e nos enviada por Vivian Carvalho, da Acquaviva Promoções e Eventos, aparecem este blogueiro irritado com o roubo do figurino de Maria Bonita e o ator Alessandro Azevedo, intérprete de Lampião no teatro.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
CONVERSA MOLE COM KLÉVISSON VIANA
Faz dois, dois minutos e meio, mais ou menos, que terminei uma conversa de trinta, quarenta minutos, com o poeta popular Klévisson Viana (foto), cearense como o irmão também genial, Arievaldo.
Falamos de muitas coisas e gentes.
Mestre Jô Oliveira, por exemplo.
Do poeta erudito Alouche, também.
De poetas clássicos do universo popular como mestre Azulão, paraibano fundador da Feira de São Cristovão, Rio.
De tantas coisas falamos, entre risadas.
Klévisson também é humorista.
Falamos da Dulce, sua companheirinha inseparável.
Da Andrea.
Da Paraíba, onde estive há poucos dias ao lado de Miguel dos Santos, Bira, Beto, Oliveira de Panelas e Onaldo Queiroga, juiz de Direito apaixonado pela poesia popular e por artistas, como Luiz Gonzaga.
Falamos sobre quadrinhos e do rumo da história no campo dos cordelistas e violeiros.
Falamos da bienal do livro de São Paulo, que ocorrerá ainda este mês.
E falamos também da falta franciscana de grana e dos riscos nas apostas em publicações de livros e folhetos e da necessidade de guardar originais de poetas como o citado Azulão, autor de sete “romances” no formato folheto de 32 páginas.
- e por que não mais, de 64 páginas?
Porque, disse ele, “faltam leitores”.
Poxa...
Falamos do folheto OPavão Misterioso em quadrinhos...
Voltaremos ao tema.
Falamos de muitas coisas e gentes.
Mestre Jô Oliveira, por exemplo.
Do poeta erudito Alouche, também.
De poetas clássicos do universo popular como mestre Azulão, paraibano fundador da Feira de São Cristovão, Rio.
De tantas coisas falamos, entre risadas.
Klévisson também é humorista.
Falamos da Dulce, sua companheirinha inseparável.
Da Andrea.
Da Paraíba, onde estive há poucos dias ao lado de Miguel dos Santos, Bira, Beto, Oliveira de Panelas e Onaldo Queiroga, juiz de Direito apaixonado pela poesia popular e por artistas, como Luiz Gonzaga.
Falamos sobre quadrinhos e do rumo da história no campo dos cordelistas e violeiros.
Falamos da bienal do livro de São Paulo, que ocorrerá ainda este mês.
E falamos também da falta franciscana de grana e dos riscos nas apostas em publicações de livros e folhetos e da necessidade de guardar originais de poetas como o citado Azulão, autor de sete “romances” no formato folheto de 32 páginas.
- e por que não mais, de 64 páginas?
Porque, disse ele, “faltam leitores”.
Poxa...
Falamos do folheto OPavão Misterioso em quadrinhos...
Voltaremos ao tema.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
LUIZ GONZAGA E A ORIGEM DO BAIÃO
Conversa!
Luiz Gonzaga não morreu, embora haja quem diga que foi no dia 2 de agosto de 1989, portanto a exatos 21 anos, e após 42 dias preso aboiando num leito do Hospital Santa Joana, em Recife, que o caso se deu. Ou seja: que ele, o rei, deixou escapar o último suspiro, junto com o fole de sua sanfona.
Mas que conversa é essa?
O véi Gonzaga está vivinho da silva, mesmo que se alardeie aos quatro ventos com as trombetas dos mil-e-seiscentos-diabos que haja se finado.
Ora, ora, que imensa bobagem!
Pessoas como o Rei do Baião não se findam jamais.
Encantam-se.
Finda-se quem nada deixa à posteridade, sequer uma historiazinha pra se contar na roda de amigos, filhos e netos.
Finda-se quem não deixa caminhos para serem seguidos.
Não findou o Rei do Baião, por isso.
Ele nos deixou um legado e tanto, uma escola, alunos e seguidores.
Ele deixou uma obra monumental completa, espalhada mundo a fora e em línguas diversas: japonesa, inglesa, rapa nuí...
E se formos ouvir direito, chegaremos à conclusão de que a sua voz está mais bonita, já repararam? Está mais melodiosa, plumosa, cheia de nordeste,cheia de Brasil.
Ouçam-no cantar qualquer uma de suas músicas e constatarão a obviedade.
Em junho de 1951, Zé Gonzaga gravou Viva o Rei!, de sua autoria e de Zé Amâncio, em que diz:
Luiz Gonzaga não morreu
Nem a sanfona dele desapareceu...
Luiz escuta esse baião
Quem tá cantando
Com a sanfona é teu irmão
Ta esperando
Todo povo brasileiro
O seu grande sanfoneiro
Com as cantigas do sertão.
Pois, pois, ops!
Aí está.
Lembro de uma conversa que tivemos num ano qualquer da década de 70, ocasião em que ele nos explicou a origem do ritmo que o alçou à categoria de rei: “Quando o cantador está afinando a viola, quando ele sente que a viola está afinada, ele bate no bojo assim: t-chum, t-chum... Eu tirei o baião dessa batida”.
Nessa mesma década, em entrevista ao Pasquim, ele lembrou: “Eu já toquei em assustado. Fui sanfoneiro, rei do baião, quase sumi na poeira; agora sou lúdico, autêntico, virei um tal de folclore”.
Folclore, não: mestre.
Luiz Gonzaga não morreu, embora haja quem diga que foi no dia 2 de agosto de 1989, portanto a exatos 21 anos, e após 42 dias preso aboiando num leito do Hospital Santa Joana, em Recife, que o caso se deu. Ou seja: que ele, o rei, deixou escapar o último suspiro, junto com o fole de sua sanfona.
Mas que conversa é essa?
O véi Gonzaga está vivinho da silva, mesmo que se alardeie aos quatro ventos com as trombetas dos mil-e-seiscentos-diabos que haja se finado.
Ora, ora, que imensa bobagem!
Pessoas como o Rei do Baião não se findam jamais.
Encantam-se.
Finda-se quem nada deixa à posteridade, sequer uma historiazinha pra se contar na roda de amigos, filhos e netos.
Finda-se quem não deixa caminhos para serem seguidos.
Não findou o Rei do Baião, por isso.
Ele nos deixou um legado e tanto, uma escola, alunos e seguidores.
Ele deixou uma obra monumental completa, espalhada mundo a fora e em línguas diversas: japonesa, inglesa, rapa nuí...
E se formos ouvir direito, chegaremos à conclusão de que a sua voz está mais bonita, já repararam? Está mais melodiosa, plumosa, cheia de nordeste,cheia de Brasil.
Ouçam-no cantar qualquer uma de suas músicas e constatarão a obviedade.
Em junho de 1951, Zé Gonzaga gravou Viva o Rei!, de sua autoria e de Zé Amâncio, em que diz:
Luiz Gonzaga não morreu
Nem a sanfona dele desapareceu...
Luiz escuta esse baião
Quem tá cantando
Com a sanfona é teu irmão
Ta esperando
Todo povo brasileiro
O seu grande sanfoneiro
Com as cantigas do sertão.
Pois, pois, ops!
Aí está.
Lembro de uma conversa que tivemos num ano qualquer da década de 70, ocasião em que ele nos explicou a origem do ritmo que o alçou à categoria de rei: “Quando o cantador está afinando a viola, quando ele sente que a viola está afinada, ele bate no bojo assim: t-chum, t-chum... Eu tirei o baião dessa batida”.
Nessa mesma década, em entrevista ao Pasquim, ele lembrou: “Eu já toquei em assustado. Fui sanfoneiro, rei do baião, quase sumi na poeira; agora sou lúdico, autêntico, virei um tal de folclore”.
Folclore, não: mestre.
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