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domingo, 30 de junho de 2013

PASSEATAS E OLIVEIRA DE PANELAS (3)

Já são muitas, inúmeras, as músicas compostas no calor da hora em torno das manifestações populares que se espalham Brasil a fora como um rastro de pólvora desde o último dia 6, primeiramente na capital paulista pelo Movimento Passe Livre, MPL.
Todas essas músicas eu entendo serem de pouco ou nenhum valor artístico, mas de algum modo elas estão aí na boca de muita gente, incomodando os bons ouvidos.
São canções mornas, rocks e raps, na maioria, e amadorísticas.
Algumas: O Gigante Acordou, denominada pelos autores de “original” (há mais uma com o mesmo título e gênero, rap); 20 Centavos, que bate mais na questão Copa; Gigante Pátria, do tipo “sertanojo” gravada em estúdio por uma autodenominada dupla Alex e Gustavo, em busca de fama; Vem Pra Rua, talvez a melhorzinha, com o Rappa; Vamos à Luta, rock do grupo Legião Urbana; Com Flores e Sem Armas, Como se Orgulhar etc. etc. etc.
O Youtube está cheio delas.
E certamente até o final do mês que entra teremos também livros com esse tema.
Aliás, já há um e-book na praça custando R$ 4,99: Choque de Democracia (Companhia das Letras), escrito em dez dias por um gênio da Unicamp chamado Marcos Nobre, que interpreta com a profundidade que julgou possível serem as manifestações populares Brasil a fora de “revoltas de junho”.
Incrível, não é?
De qualquer modo, de R$ 4,99 em R$ 4,99 a galinha enche o papo, diria a minha santa avó Alcina que hoje mora no céu.
E aviso logo: esse livro eu não li, não pretendo ler e não pretendo gostar; aliás, não gostei.
Como entender ser possível ter algum valor literário ou histórico uma obra publicada ainda no correr dos acontecimentos, hein?
Também vão sair folhetos de cordel, mas isso não é de surpreender. Pois, enfim, é da tradição os cordelistas contarem histórias em versos, inclusive no calor dos acontecimentos.
E eis mais uma estrofe de versos decassílabos que o poeta repentista Oliveira de Panelas fez, a meu pedido, para este espaço. Curtam, pois:

No Brasil a saúde está doente,
Toda educação analfabeta,
A cruel violência se projeta
E poderá ser pior daqui pra frente
Não há povo sofrido que aguente
Uma vida de imposto e opressão
Foi aí que cheguei à conclusão
Que as leis são na prática desiguais
E um ladrão de gravata rouba mais
Do que mil marginais de pés no chão.
 
Você quer saber quem é o pernambucano Oliveira de Panelas, um poeta movido pelo talento da improvisação que já se mostrou para os ex-presidentes Fidel Castro, de Cuba; Mário Soares, de Portugal: para...? Então, clique:
http://www.youtube.com/watch?v=cwYwLHTb76I
Você sabe o que é cultura popular? Então, clique:
http://www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular08.pdf

sábado, 29 de junho de 2013

PASSEATAS E OLIVEIRA DE PANELAS (2)

Mais uma vez o cantador Oliveira de Panelas diz em versos decassílabos o que acha do momento atual, de pessoas nas ruas clamando por mudanças e  justiça. Oliveira:

O Brasil de propina e roubalheira,
Cambalachos vestidos de escândalos,
O cinismo na cara desses vândalos
Bota luto nas cores da Bandeira,
Todos esses gatunos de coleira
Têm que ser fortemente vigiados,
Quem fizer esses bichos comparados
Ao famoso larápio Ali-Babá:
Os quarenta ladrões de Bagdá
Correriam daqui envergonhados.
INVENTOR DO RÁDIO
A Sala Sérgio Vieira de Mello da Câmara Municipal de São Paulo ficou lotada ontem à tarde durante o Seminário De Landell à Web – O Futuro do Rádio, coordenado por Eduardo Ribeiro e promovido pela newsletter Jornalistas&Cia e o Movimento Landell de Moura, que foi criado para chancelar o nome do criador do rádio, o padre Landell.
A exposição e debate seguidos de depoimentos e perguntas da platéia durou duas horas, entre às 14 e 16.
O evento lembrou os 90 anos de fundação da primeira emissora de rádio no Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, de prefixo PR-1-A. Foi ao ar, de modo experimental, no dia 1º de maio de 1923.  
Constituída pelos experientes Alexandre Machado (Cultura FM), Álvaro Bufarah (FAAP), André Luís Costa (BandNews FM), Cal Francisco (Uniban/Anhanguera), Filomena Salemme (Faculdde Cásper Líbero), Hamilton Almeida (Movimento Landell de Moura), Luiz Carlos Ramos (Rádio Capital), Milton Jung (CBN) e Nelson Breve Dias, representando a Empresa Brasileira de Comunicação, EBC, a mesa foi várias vezes aplaudida.
Já na abertura dos trabalhos destacou-se a importância do padre Roberto Landell de Moura (1861-1928), inclusive por ele ter sido um dos inventores brasileiros mais prejudicados pela incompreensão da sociedade, do governo e até da própria Igreja dos primeiros anos do século passado.
O padre, que montou o primeiro transmissor sem fios antes mesmo de Marconi, chegou a patentear a sua invenção nos Estados Unidos da América, mas optou por voltar ao Brasil e aqui lutar pela implantação do rádio.
Não conseguiu.
Até seu laboratório de pesquisas em Campinas, SP, foi destruído por ignoraantes que o conlsideravam herege, bruxo etc.
Tudo referente ao tema foi exposto, avaliado e discutido pelos componentes da mesa.
Todos, uns mais outros menos, falaram da importância do rádio na integração das pessoas em lugares distantes dos grandes centros, como as dezenas de pequenas cidades localizadas, por exemplo, na região Norte do Pais.
Até a veiculação do programa A Voz do Brasil foi questionada.
Esse programa é o mais antigo do rádio brasileiro, surgido em julho de 1935 com o nome de Programa Nacional, depois Hora do Brasil, para dar suporte ao governo Vargas.
A atual denominação data de 1971.
A Voz do Brasil não é um programa descartável, como tanta gente diz. Mas que precisa ter de volta na abertura a ária do Guarani, de Carlos Gomes, sem modernagens horrorosas como a de agora, sambada, malsambada, ah! precisa.
........................
A ilustração acima (clique sobre) reproduz a primeira das seis páginas de matéria especial sobre o rádio que fiz para a extinta revista Jornal dos Jornal, em setembro de 2000.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

PASSEATAS E OLIVEIRA DE PANELAS (1)

Oliveira de Panelas, de batismo Oliveira Francisco de Melo, é um dos maiores e mais sensíveis poetas do improviso ao som de viola que o Brasil tem. Nasceu em Pernambuco, na cidadezinha cujo nome juntou ao seu. Sempre ligado, ele não deixa que os fatos passem sem seu registro. A voz da rua ele traduz em decassílabos de martelo agalopado, para o nosso Blog:

A resposta aos corruptos já foi dada
O poder brasileiro é bom que enxergue,
Pode ser só ponta do iceberg
Ou quem sabe! O estouro da boiada.
Pelo ópio da máfia organizada
Nosso povo caiu adormecido,
Mas desperta com o grito enfurecido
E vem sem medo buscar um sonho novo,
Governante ou governa com o povo,
Ou será pelo povo demitido.

Quer saber mais um pouco sobre esse grande cantador, o seu pensamento e opinião sobre arte, gente e o mundo da cantoria?
Então, clique:
http://www.youtube.com/watch?v=__NTrRZ4ezE
MUDANÇAS
As movimentações nas ruas de todo o País têm provocado mudanças estruturais nas três esferas governamentais.
Em São Paulo, o governador Alckmin acaba de extinguir uma Secretaria (de Desenvolvimento Metropolitano), três fundações (Seade, Fundap e Cepam) e duas estatais (Cptur e Sutaco).
 
PRISÃO
Desde 1988, o primeiro deputado em exercício no Brasil, acusado e condenado por formação de quadrilha e peculato, Naton Donadon (PMDB-RO), é preso pela Polícia Federal. Foi hoje. Ele tem a cumprir 13 anos e quatro meses de reclusão.
 
SÃO JOÃO DO BRASIL
Eu e o ator Alessandro Azevedo animaremos o público que comparecer ao Vale do Anhangabaú nos próximos dias 5 e 6. Na ocasião serão lembrados os santos Antônio, João, Pedro e Paulo. A nossa participação faz parte da programação dos festejos juninos da Prefeitura paulistana, em comum com a Associação Raso da Catarina e o Instituto Memória Brasil, IMB. Eu e Alessandro apresentaremos atrações musicais, como Alceu Valença e Zé Ramalho, e desenvolveremos uma pauta de brincadeiras com base nos tradicionais serviços de autofalantes dos arraiais nordestinos.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

PASSEATAS E OSVALDINHO DA CUÍCA

O Cidadão Samba de São Paulo Osvaldinho da Cuíca, de batismo Osvaldo Barro, está empolgado com as manifestações públicas que têm ocorrido de norte a sul do País.
Aos 73 anos completados em fevereiro, ele diz que é preciso moralizar o País. Mas para que isso ocorra faz-se necessário que as passeatas prossigam e que “o povo dê plantão diante das casas dos senhores vereadores, deputados, senadores, prefeitos e governadores; dos políticos, enfim”.
Osvaldinho é um dos melhores - e mais aplaudidos - ritmistas e compositores de samba do Brasil, com vários discos gravados a partir de 1974. Ele já se apresentou em muitos países, e por aqui tocou e cantou ao lado de Clementina de Jesus, Geraldo Filme, Adoniran Barbosa, Nelson Cavaquinho, Ismael Silva, Zé Kéti, Cartola, João Nogueira, Germano Matias, Martinho da Vila, Paulinho da Viola e Vinicius de Moraes, entre outros. Partiu dele a iniciativa de criação da Ala de Compositores da Escola de Samba Vai-Vai (1975). Além disso, ele ajudou a fundar algumas escolas paulistanas, como a Gaviões da Fiel (1974) e a Acadêmicos do Tucuruvi (1976). “Em nome da democracia tudo pode ser feito, menos atos de vandalismo”, diz Osvaldinho.

Na foto aí, feita no Páteo do Colégio: Celia e Celma, Papete, eu, Osvaldinho da Cuíca, Oswaldinho do Acordeon e Alessandro Azevedo.

ESPERANÇA
Uma pessoa espirrou dentro de um ônibus e alguém disse: “Saúde!”. E eu gritei: “educação!”. Logo todos se levantaram e começaram a cantar o Hino Nacional. De arrepiar, não é?

quarta-feira, 26 de junho de 2013

PASSEATAS E FAGNER

Ontem 25, noite, o cantor/compositor cearense Raimundo Fagner estava no aeroporto de Recife quando o telefone tocou e ele atendeu.
Perguntei depois de uns arrodeios bestas, meus, naturais:
- Que é que tu tás achando do que tá ocorrendo Brasil a fora, hein?
Após as bestagens até desnecessárias, lembrei que acabara de falar, minutos antes, com a amiga conterrânea da Paraíba Rilávia Cardoso, criadora do Troféu Luiz Gonzaga, do qual fora eu este ano surpreendentemente premiado.
- Rilávia dele, do Ajalmar?
Sim, confirmei:
- Do Ajalmar.
Após isso, eu disse que ela me disse que umas 100 mil pessoas tinham acabado de cantar sob suas ordens no Parque do Povo, em Campina Grande.
Ele riu, ele Fagner, ele contou, próprio ele, que o mesmo acontecera noutras cidades do Nordeste dias antes, nesses dias de São João:
- É, foi, sim, cantaram comigo...    
E voltei ao assunto, sobre o que o Brasil etc. Que eu falara um dia antes com Vandré também sobre etc.
- Meu irmãozinho - ele, Fagner, voltou, todo, todo, todo gente, assim, assim.
- Meu irmãozinho, o consumo é duma desgraça, o consumismo é uma coisa ruim, uma praga, terrível, horrível, muito ruim. Não é pra estimular. Tudo isso que está acontecendo (passeatas, protestos etc), tudo isso aí é um tiro no escuro. É bonito. O Brasil tá na pauta, na nossa pauta, na pauta espontânea dos brasileiros.
Cortei a conversa, depois de dizer que voltaremos a falar.
Aqui nesse ponto, o meu telefone tocou e do outro lado o escritor mineiro/baiano Roniwalter Jatobá perguntou como eu estava.
E antes mesmo de me ouvir, ele opinou:
- Os três poderes têm de se entender e pensar e fazer o melhor para o Brasil.
 
COISA ESTRANHA
Uma coisinha eu não estou entendendo: por que é que a Polícia não pega os felas da puta que estão claramente infiltrados nas passeatas, hein?
Saber que os congressistas estão trabalhando depois de suspenderem as férias é acalentador.
Saber que os congressistas estão pondo em dia os compromissos para os quais foram eleitos é acalentador.
Saber que...
Acompanhemos o dia a dia Brasil.
 
COISA ESTRANHA
Uma coisinha eu não estou entendendo: por que é que a Polícia não pega os felas da puta que estão claramente infiltrados nas passeatas, hein?

terça-feira, 25 de junho de 2013

PASSEATAS E VANDRÉ

Ontem com o dia quase findo, e à boca da noite, Geraldo Vandré diz por telefone que acabara de sair de uma gripe danada; e que está fazendo muito frio na serra do Rio, onde mora.
Aqui em São Paulo também - eu emendo -, para ouvir dele a informação de que certamente vai demorar um bocado até voltar a dar as caras por cá.
Geraldo detesta o frio.
Entre uma amenidade e outra, pergunto o que ele está achando dessa movimentação toda que ora ocorre nas ruas do Brasil.
Com voz suave, mas firme, ele responde que não sabe de nada, que não está acompanhando a tal manifestação a que me refiro.
- O que acho? Não sei Ângelo...
Geraldo Pedrosa de Araújo Dias é um paraibano da capital João Pessoa, nascido no dia 12 de setembro de 1935. Formou-se em Direito, mas nunca fez uso profissional do diploma.
O que ele queria ser, mesmo, era profissional da música.
O primeiro disco, de 78 RPM, com os sambas bossa-novistas Quem Quiser Encontrar o Amor (dele e Carlos Lyra) e Sonho de Amor e Paz (de Vinicius e Baden), ele o gravou em 1961 e o lançou à praça, via RGE, em junho desse mesmo ano, portanto há 52 anos.
Não custa lembrar que o junho de 1961 chegou ao fim com o retrato do sul-mato-grossense de Campo Grande Jânio da Silva Quadros (1917-92) ocupando a capa da revista norte-americana Times (ao lado). Dois meses depois Jânio renunciaria ao cargo dando vez a seu vice, o são-borjense João Belchior Marques Goulart (1919-76), o Jango.
Jango foi apeado do poder pelos militares no dia 1º abril de 1964.
Entre as razões da sua queda, pode ser contabilizada a vontade de mexer na Constituição; no caso, para ampliar o direito de voto de quem não sabia ler nem escrever.
O caldeirão está fervendo com saques e pauladas, sem Caminhando nas ruas.
Mudar a Constituição para fazer reforma política, sei não...
Aliás, essa história de reforma política - como a reforma tributária - eu ouço falar desde quando eu estava à frente da editoria de política do jornal paulistano O Estado de S.Paulo, em 1988.
A Constituição vigente é de 1988, e é muito boa.
Enquanto isso, Vandré (acima, no clique de Peter Alouche) se exercita ao piano... Clique: http://www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular02.pdf
RÁDIO
Daqui a três dias, o inventor do rádio, Roberto Landell de Moura, e a sua invenção, o rádio, serão tema de debate na Câmara Municipal de São Paulo.
Vamos?
 
MEMÓRIA BRASIL
Você conhece o Instituto Memória Brasil, IMB? Então, clique:

segunda-feira, 24 de junho de 2013

SÃO JOÃO SEM GONZAGA E DOMINGUINHOS

O rei do baião Luiz Gonzaga e o seu filho postiço Dominguinhos – ainda internado no Hospital Sírio-Libanês - estão fazendo uma falta danada neste mês de São João, sempre de festa e alegria, e agora de esperança por um Brasil melhor e mais justo com todos.
Pois é, não dá para pensar nos santos juninos sem lembrarmos esses dois grandes artistas da música brasileira; e também do rei do ritmo Jackson do Pandeiro, do rei da embolada Manezinho Araújo, da rainha do xaxado Marinês e da rainha do baião Carmélia Alves, que sempre procuraram espantar os males da vida com grandes e simples textos musicais juninos, dos arrasta-pés às marchinhas.
Em várias regiões do País, como Campina Grande, na Paraíba, e Caruaru, em Pernambuco, o mês continua sendo bastante comemorado.
Percebe-se, porém, que as tradições por lá e noutras cidades estão sendo substituídas por modernagens sem nenhum valor musical ou artístico.
Não custa lembrar que tradição morta é país morto, inclusive que o passado é guia do presente e do futuro.
Pensemos nisso.
Clique aí na linha azul e ouça uma música que eu e Oswaldinho do Acordeon compusemos em homenagem ao Rei do Baião.
http://www.youtube.com/watch?v=daMAjK2MGbo
QUINTETO VIOLADO
Ontem, o grupo vocal-instrumental pernambucano Quinteto Violado - de que tanto Luiz Gonzaga gostava - se apresentou sob uma chuva de aplausos no Parque Dona Lindu, em Recife. Hoje, Dia de São João, o grupo se apresentará às 21 horas no Arraial Central do Jaraguá, em Maceió.
O Quinteto foi fundado em 1970 e logo seria descoberto pelo cantor-compositor Gilberto Gil, que o levaria para a gravação do primeiro LP, na Philips. Isso ocorreu dois anos depois. E já no seu primeiro disco o Quinteto gravaria várias músicas do Rei do Baião, incluindo Asa Branca, abrindo a 1ª das 12 faixas. Detalhe: logo que o LP foi à praça, Luiz Gonzaga deu entrevista dizendo que a interpretação dos meninos do Quinteto era a melhor de todas, até então.
A foto acima foi feita em 1979, durante encontro que resultou numa reportagem que publiquei no extinto suplemento dominical do jornal paulistano Folha de S.Paulo, edição nº 125, de 10 de junho daquele ano.


PASSE LIVRE
Neste momento, a presidente Dilma Rousseff está em reunião no Palácio do Planalto com representantes do Movimento Passe Livre. A ordem aos ministros e técnicos do seu governo é ouvir com atenção e atender os reclames do MPL. O principal ponto em questão é a gratuidade dos transportes públicos.

domingo, 23 de junho de 2013

SÃO JOÃO PASSANDO BATIDO

Nos pássaros, nos bichos e na roça; portanto na natureza se inspiram os integrantes da Banda Cabaçal dos irmãos Aniceto.
É tudo muito puro, é tudo muito bonito aos olhos mais observadores e críticos o que fazem esses verdadeiros mestres da cultura popular cearense.
Ontem à noite eu os vi novamente em ação; dessa vez, no palco externo do Auditório Ibirapuera abrindo cantoria – gratuita - que teve a participação de um dos mais importantes tocadores de foles de oito baixos do Brasil: Chico Paes de Assaré.
Você já ouviu falar dele?
Pois é...
A cantoria ainda contou com a presença de um dos herdeiros musicais do rei do baião Luiz Gonzaga, Joquinha Gonzaga, seu sobrinho.
A Banda surgiu a uns 170 anos, por iniciativa do índio cariri José Lourenço da Silva.
Os seus integrantes, ótimos individualmente e no conjunto – pois também são atores espontâneos - tocam zabumba, caixa, prato e pífanos, instrumentos que eles mesmos fabricam.
Apresentam-se onde lhe chamarem.
Até no exterior a Banda já se apresentou, ao lado de Hermeto Pascoal e Quinteto Violado.
Formada por Antônio Lourenço (1º pífano), Raimundo José (2º pífano), Adriano Pereira (zabumba), Cícero dos Santos (pratos) e José Vicente (caixa), a Banda Cabaçal tem três discos gravados.  
Chico Paes, de batismo Francisco Paes de Castro, começou a tocar o instrumento que o identifica como artista aos 13 anos de idade. Disse que no começo, ali pelos oito anos, chegou a temer que o pai - um roceiro e tocador de fole - o reprovasse e lhe desse uma surra por “escolher ser sanfoneiro profissional”, mas não.
Chico, que nasceu no dia 23 de outubro de 1925, em Assaré, é um dos últimos grandes tocadores de pé de bode do Brasil e do mundo, talvez.
E é também compositor.
Ele tem um CD na praça, gravado de modo independente.
Pode parecer mentira, mas Joquinha Gonzaga, de batismo João Januário Maciel, nasceu num 1º de abril.
Foi em 1952.
Ele é filho da segunda irmã de Luiz Gonzaga, Raimunda Januário Muniz, e do agricultor João Francisco Maciel.
Do tio famoso Joquinha recebeu a primeira sanfona, de oito baixos, e o incentivo para seguir em frente.
“E deu no que deu”, ele diz, brincando.
Joquinha, que também é compositor, tem vários LPs e CDs gravados.
O mais recente intitula-se Joquinha Gonzaga Canta Seu Tio Gonzaga.
Contato: joquinhagonzaga@hotmail.com
A Banda Cabaçal, Chico Paes e Joquinha Gonzaga tocaram só pra mim e Andrea Lago e mais, se tanto, umas 30 ou 40 pessoas. E lá não tinha TV Globo, TV Cultura, não tinha ninguém registrando a apresentação desses autênticos artistas do povo.
Nem repórter de jornal, nem de revista tinha lá.
E eles falaram de São João, Luiz Gonzaga e cultura popular.
Eita, Brasil!

sábado, 22 de junho de 2013

TEM SÃO JOÃO NO IBIRAPUERA

O inverno nestas bandas de cá do Hemisfério Sul começou ontem às 2h04, mas as outras estações também estiveram presentes.
O frio foi pouco, o calor um pouco mais.
E hoje o sol está aí arejando a cara da gente, nos deixando mais animados, enquanto a seca no Nordeste continua castigando gentes e bichos, fazendo lá o povo pobre todo triste.
Eis aí, aliás, mais um bom motivo para protestos pacíficos e civilizados nas ruas do País, pois é do conhecimento de todos que sai ano e entra ano e a seca continua predominando nos nove Estados nordestinos; Estados que acolhem pelo menos 1/3 da população brasileira, hoje estimada em cerca de 200 milhões de pessoas.
Por que, então, não acabar de vez com a seca, já que isso é possível, hein?
Sim, a questão só depende de decisão política, como tantas outras.
Você sabia que no subsolo nordestino há pelo menos 130 bilhões de metros cúbicos d´água?
O inverno tem a ver com fartura, alegria e vida.
E água é o líquido mais importante do mundo.

SUPERLUA
Amanhã a noite brasileira estará mais alumiada. Isso se deverá ao fenômeno cientificamente denominado de perigeu lunar, que é quando a Lua fica aparentemente maior e mais brilhante aos nossos olhos: ela estará a 360 mil quilômetros da Terra, quando a média é de 380 mil quilômetros.
 
FESTAS JUNINAS
E por falar em noite alumiada, logo mais às 19 horas haverá festa junina de graça no Auditório Ibirapuera, ali na Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n, Portão 2. Estarão no palco voltado para a plateia externa, os Irmãos Aniceto, Chico Paes de Assaré e o sobrinho sanfoneiro do Rei do Baião, Joquinha Gonzaga (foto). Detalhe: não haverá venda de comidas típicas, nem brincadeiras próprias do mês.
 
GARDEL
Pois é, achei bonito o papa pop Francisco dizer, sem frescura, que Carlos Gardel e Astor Piazzolla são seus ídolos, desde sempre. Mais um ponto para os argentinos. Aliás, há dois anos quando estive em Buenos Aires fazendo pesquisa sobre Luiz Gonzaga, o rei do baião, ouvi do diretor da Biblioteca Nacional de lá que o governo de Cristina estava adquirindo tudo sobre Gardel, com o propósito de recompor a trajetória do Rei do Tango. E nós aqui...

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O CAPETA, DALÍ, KAFKA E DEUS

Ontem, no começo da noite, peguei meu boné e fui ver de perto o que ocorria na Paulista e redondezas. Vi estudantes e não estudantes de cores e idades diversas metendo o pau no governo de modo puro e simples. Alguns de caras-pintadas e outros não, mas quase todos exibindo cartazes e gritando palavras de ordem aparentemente sem nexos nem plexos, desordenadamente.
De repente um Capeta mascarado e mais um mais outro pularam na minha frente escudados com a bandeira do Brasil.
Enquanto eu dava um pulo para trás, assustado, eles explodiam numa gargalhada uníssona, esquisita, me convidando a engrossar o movimento deles, de protesto contra tudo.
Eu disse: vade retro!
Vade retro disse também um moço magro, franzino, de estatura mais pra baixo do que pra alto, bem-vestido, educado, de olhar profundo, orelhas pontudas e cabelos curtos cortados ao meio que estava ao meu lado e que a mim se apresentou como Kafka, Franz Kafka.
Kafka recomendou que eu não chorasse e levasse a situação numa boa, pois a vida é assim mesmo: ora simples, ora estranha; e ao se juntar o simples com o estranho, o resultado, em qualquer língua – ressaltou - é, digamos, kafkiano.
Faz sentido... – balbuciei um tanto tímido, pensando no assassinato do arquiduque do império Austro-Húngaro Francisco Fernando Carlos Luís José Maria de Áustria-Este e da sua mulher Sofia, duquesa de Hohenberg, por um lunático anarquista de 19 anos chamado Gavrilo Princip que levou boa parte do mundo à tristeza da Primeira Grande Guerra, em julho de 1914.
Às vezes – prosseguiu Kafka, calmo e filosófico -, a vida nos parece um encanto, um sonho e, às vezes, um pesadelo.
Olhando para os lados, mas indiferente ao que ocorria à nossa volta, o escritor checo contou, sem eu perguntar, que o seu personagem Gregor Samsa surgiu assim, do nada, e do nada foi baixar nas páginas de Metamorfose, em 1915.
- O ser humano é monstruoso, essa é que é a verdade – disse ele educadamente, enquanto me puxava a um canto para dizer mais.
Kafka disse que certa vez exagerara nas doses de vodka que tomara numa taberna de Praga onde nascera, em 1883, e tarde da noite acordara suado, tremendo, com sintomas de delirium tremens, querendo acabar consigo e com o mundo todo, pois estava de saco cheio com tudo, com todos; e todos lhe pareceram naquela ocasião que estavam também de saco cheio com tudo; e sendo assim lhe seria até mais fácil dá cabo de tudo.
Tentei dizer algo, mas Kafka interrompeu:
- Eu mesmo tenho muita pena de Gregor, que quis mudar o mundo a seu modo se transformando num inseto para chamar a atenção do horror que muitas vezes são pessoas e sistemas. Não conseguiu.- E de Josef K? – arrisquei, timidamente.
- Eu também tenho muita pena de Josef. Josef é um de nós, perdido, neste mundo louco.
Sem que desconfiássemos, a nossa conversa estava sendo acompanhada por um sujeito de modos ricos, perfumado, dedos anelados, olhos esbugalhados, cabelos longos e bigodes finos apontando para o céu. Sem pedir licença, o desconhecido foi logo dizendo que era Salvador Dalí. Dito isso, apontou para a multidão e com certa ojeriza falou:
- Vocês sabem qual é a diferença entre mim e esses malucos aí?
Eu e Kafka nos olhamos, incrédulos.
Antes de ele nos virar as costas numa gargalhada estrondosa, respondeu:
- É que eu não sou maluco, eu pinto a realidade e vivo sonhos!
Mas Kafka queria saber coisas a nosso respeito.
Eu disse que o Brasil é o melhor país do mundo.
Ele deu uma risadinha que não compreendi direito para se estender na pergunta:
- Se é o melhor país do mundo, por que então esse povo todo está na rua batendo lata, gritando, dizendo coisas incompreensíveis, sem nexos e quebrando tudo? É essa a maneira de o povo brasileiro mostrar a sua alegria? Esquisito, não é?
Respondi que não, que essa era uma maneira de os brasileiros mostrarem que estão insatisfeitos com a roubalheira, com a corrupção, com falta de escolas e professores preparados para educar; com o custo de vida alto e os salários baixos, com a inflação dando as caras e a incidência de crimes aumentando...
- Então este não é o melhor país do mundo! A mim me parecer ser o Brasil uma grande invenção, isto sim; uma utopia, uma coisa única, de gênio, de Deus.
Nisso, à nossa frente, do nada surge um velhinho de barbas brancas, maltrapilho e alquebrado rogando:
- Eu já fiz o que pude. Agora, por favor, me tirem dessa história.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

SEGUEM PROTESTOS NAS RUAS DO PAÍS

Enganou-se quem pensou, como eu, que ao sintonizar a TV Cultura para acompanhar entrevista de representantes do Movimento Passe Livre, MPL, na última segunda, 17, iria escutar um batido e rebatido repertório de chavões contra o governo.
O que se viu foi um par de jovens – Nina Cappello, estudante de direito; e Lucas Monteiro de Oliveira, professor de História - se expressando até com alguma dificuldade sobre o movimento que ajudaram a criar e que tem levado em seguidas ondas às ruas do Brasil milhares e milhares de outros jovens, desde o dia 6 passado.
Naquele dia os protestos reuniram 2 mil pessoas, segundo a Polícia Militar; ou três vezes isso, segundo os organizadores.
O volume de manifestantes foi gradativamente aumentando nas ruas da capital paulista, e em paz: no dia 7, cerca de 5 mil; no dia 11, outras 5 mil; no dia 13 mais 5 mil, segundo a PM (20 mil, segundo os organizadores); no dia 17, 65 mil; e ontem, 10 mil.
No dia 17, calculou-se uma multidão de 250 mil pessoas espalhada País a fora.
Mas a ideia dos líderes do MPL é levar 20 milhões de brasileiros às ruas.
Neste momento, aliás, mais de 300 mil pessoas ocupam as ruas do centro do Rio de Janeiro.
Na capital pernambucana, cerca de 60 mil pessoas protestam contra tudo.  
Em Brasília, o clima é tenso: forças policiais acompanham de perto a movimentação de pelo menos 10 mil pessoas.
Três mil policiais miram a movimentação de 5 mil pessoas que começam a ocupar a Avenida Paulista rechaçando partidos políticos e gritando palavras de ordem.
Em Salvador, arruaceiros tacam fogo em ônibus.
 
BARNABÉ - A partir de amanhã e até o próximo dia 29 - de São Pedro e São Paulo -, o cantor, compositor e instrumentista Arrigo Barnabé interpreta uma dúzia e pouco de músicas do autor gaúcho Lupicínio Rodrigues, no Teatro Sérgio Cardoso, que fica ali na Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista, que Adoniran Barbosa chamava de Bixiga.
Arrigo sobe ao palco às 23h30, pontualmente.

CEZAR DO ACORDEON - Antes, às 20 horas, quem sobe ao palco, e gratuitamente, é o sanfoneiro Cezar do Acordeon. Ele se apresentará na Tenda do Bosque Maia, à Avenida Paulo Faccini, s/n, Jardim Maia, em Guarulhos. Cezar é um dos maiores craques do instrumento que escolheu para tocar. Vamos prestigiá-lo?

quarta-feira, 19 de junho de 2013

DOMINGUINHOS, FAUSTO, SÉRGIO RICARDO...

ATENÇÃO, URGENTE! – Daqui a pouco o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Fernando Haddad anunciarão à população que a tarifa dos transportes públicos voltará a valer o que valia antes, ou seja: R$ 3,00. Essa decisão se deve à série de protestos iniciada pelo Movimento Passe Livre, MPL, apartidário. A luta do povo por uma vida melhor e condigna, continua.
 
O sanfoneiro, cantor e compositor pernambucano José Domingos de Morais, o Dominguinhos, continua internado num leito do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.  
Seu estado de saúde ainda é muito delicado, o que impossibilita qualquer previsão de alta. Ele não fala, aparentemente não ouve e nem se mexe, nos disse há pouco o seu filho Mauro.
Anteontem 17, quando se completaram seis meses de sua internação foi identificada uma disritmia logo controlada pela equipe médica que o acompanha, à frente os doutores Paulo Marchiori e Nise Yamaguchi.
O último boletim médico dando conta do estado de saúde do artista foi divulgado pelo hospital no dia 18 de março passado.
As visitas têm sido controladas.
Eu e o compositor e instrumentista baiano Gereba compusemos uma música em homenagem às unidades do Centro Educacional Unificado, CEU, que Dominguinhos com toda disponibilidade e carinho gravou. Ainda é inédita, em disco.  
Clique:
http://www.youtube.com/watch?v=pwM9658fKtk

SÉRGIO RICARDO - O instrumentista, cantor e compositor paulista João Lutfi, mais conhecido por Sérgio Ricardo, completou ontem 82 anos de idade. Sérgio, que também é ator, diretor de cinema, escritor e pintor, integra o grupo dos mais importantes artistas da música brasileira.
Conheça melhor Sérgio Ricardo, clicando:
http://www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular06.pdf

ARTIGO 19 - Organização relacionada às questões de direitos humanos no Brasil e fora do Brasil, Artigo 19 lança logo mais, às 20 horas, na Casa da Cidade, o site Chovendo Informações. O site disponibilizará uma espécie de guia de orientação de como acessar água em regiões carentes, como o Semiárido, que há muito sofre com a seca. Até o final do próximo mês, o governo pretende acudir 1.415 localidades da região com equipamentos que auxiliarão na construção e manutenção de barragens, como retroescavadeiras e motoniveladoras.
Clique:
http://chovendo.artigo19.org/

FAUSTO - O cartunista Fausto lança amanhã às 18 horas, na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, o seu novo livro: Uns e Outros Cartuns Soltos. Vamos? O Sindicato fica ali na Rua Rego Freitas, 530.

JULIAN ASSANGE - Hoje completa um ano que o jornalista australiano Julian Assange - fundador e um dos conselheiros do site Wikileaks - está em prisão domiciliar na embaixada do Equador, em Londres. Em 2010, ele fez vazar para a imprensa mundial documentos secretos dos Estados Unidos.

FIFA E GLOBO - Interessantíssimo: a Fifa proibiu manifestações dos torcedores nos estádios onde estão rolando os jogos pela Copa das Confederações e a Globo – Plim, pli! – simplesmente desobedeceu, mostrando imagens do público com cartazes, como “Esse Protesto Não é Contra a Seleção, Mas Sim Contra a Corrupção! # Giganteacordou”. É isso aí. 

terça-feira, 18 de junho de 2013

POLÍTICO TEME POVO NAS RUAS

A história registra que na virada de 31 de março para 1º de abril de 1964, os militares, amedrontados pelo comunismo e apoiados pela elite e orientados pelos norte-americanos, deram um golpe na democracia e se apossaram do Estado brasileiro.
A história registra também que o poder civil no nosso País só foi retomado 21 anos depois, com a vitória da campanha pelas eleições Diretas-já, e com Tancredo Neves (1910-85) eleito presidente da República.
Muita coisa aconteceu desde aquele longo período (1964-85).
Os conservadores ocuparam ruas da capital paulista numa passeata que ficou para a história como Marcha da Família Com Deus Pela Liberdade, pouco mais de uma semana antes do golpe militar que derrubou o presidente João Goulart (1919-76).
Pelo menos 500 mil pessoas participaram daquela marcha.
Um dia após o golpe, foi a vez de Minas Gerais, Paraná, Piauí, Goiás e o então Estado da Guanabara levarem às ruas multidões em nome da família com Deus etc.
Quatro anos depois o estudante mineiro Edson Luís foi bestamente assassinado em conflito militar no Rio, resultando em protesto em todo o País e numa música gerada pelo talento do paulista Sérgio Ricardo, intitulada Calabouço.
O ano de 1968 culminou com a decretação do Ato Institucional nº 5, o fechamento do Congresso, políticos cassados e muita gente presa, torturada, desaparecida e morta.
O estopim que provocou a edição do AI-5 foi um discurso sem grandes pretensões do deputado Márcio Moreira Alves (1936-2009), estimulando a população a não ir aos desfiles de 7 de setembro, em protesto contra a violência dos radicais contra os civis pacatos, trabalhadores e ordeiros 
Tudo isso eu digo para lembrar que a ditadura militar foi motivo de esperança e luta de todos nós.
Ontem, cerca de 250 mil pessoas voltaram às ruas de várias cidades do País.
No Rio, calculou-se que a multidão em passeata chegou a 100 mil pessoas.
E num junho como este, só que em 1968, cerca de 100 mil brasileiros foram as ruas centrais do Rio exigir o direito de ser livres.
E neste início de noite, agora mesmo, uma multidão caminha pelas ruas do centro de São Paulo cantando o Hino Nacional.
Naquele tempo, lutava-se contra a ditadura militar.
Hoje, o pretexto são 20 centavos acrescidos à tarifa de ônibus.
O deputado Ulysses Guimarães (1916-92) dizia que o maior temor dos políticos é povo nas ruas.
Aguardemos.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

É HORA DE REPENSAR O BRASIL

Não se sabe ao certo qual expressão nasceu primeiro, se “toda massa é burra” ou se “toda unanimidade é burra”, o fato é que uma tem a ver com a outra.
Mas é fato também que “a boiada come o que tem no pasto”, como me disse Vandré num dia qualquer de janeiro de 1985.
Por achar original e verdadeira essa variação das duas primeiras expressões acima lembradas, eu a publiquei numa nota da 2ª página do extinto Diário Popular, de São Paulo, edição de 20/01/85.
Quero dizer com essa lembrança que um país – qualquer país – se constrói com luta, suor e zelo; e que através da memória é possível se reconstruir a história de um país – qualquer país.
Digo isso porque o Brasil está assim, assim; sem rumo, sem prumo, sem saber para onde ir.
A história do nosso País anda tonta, torta, tumultuada, perdida, pois as lições dadas não foram muito bem assimiladas.
É fato.
A ideia que o governo tem transmitido de suas iniciativas à nação é de vitória frequente e firmação econômica etc. e tal, quando forte suspeita leva a todos crerem que o causo não é bem esse.
O povo trabalha muito e ganha pouco, por isso vive mal.
É fato, mas não é só isso.
A corrupção graça em quase todos os setores da vida pública e privada do nosso cotidiano, em prejuízo de uma democracia verdadeira e sólida. 
Há uma festa de arromba por trás das cortinas, em prejuízo da nação.
Vive-se a ciranda do lucro pelo lucro, do roubo, do furto, da violência.
A questão que tem levado às ruas os ingênuos e espertos – esses sempre de prontidão - é outra.
Na verdade, são outras as questões que têm levado multidões às ruas de São Paulo e de várias cidades brasileiras.
E o pior é que o sistema democrático vigente entre nós é o mesmo pelo qual lutamos desde sempre.
Impossível, no entanto, esquecer que o berço da democracia, a Grécia, está sendo arrasado pelas profundas e seriais estocadas do capitalismo mortífero, impiedoso, e que tanto vicia os cidadãos mais incautos, por seu canto mágico de sereia fogosa.
Repensar a democracia ou discutir os problemas nela vigentes?
Está na hora, sim, de discutir o Brasil.
O mal vem de cima, por isso é preciso calma nas horas de maior nervosismo.
Pensar é necessário.
Cuidemo-nos.

SUASSUNA
Imperdível a entrevista do paraibano Ariano Suassuna, ontem no canal Globonews. Ele fala sobre arte e política; lembra como escolheu a carreira de escritor e quem o influenciou etc. Diz também que já o chamaram de xenófobo, mas não liga. Suassuna conta ainda que até já deu um sopapo num crítico da sua obra, mas não daria mais.
Clique:
http://globotv.globo.com/globo-news/dossie-globonews/v/dossie-globonews-traz-entrevista-exclusiva-com-ariano-suassuna/2637532/
PS – só não entendi uma coisa: a razão de Haddad não convidar representantes dos manifestantes para  diálogo e apresentação de propostas antes de se realizar o novo embate, previsto para logo mais no final da tarde.

domingo, 16 de junho de 2013

PASSEATAS SEM TRILHAS. CADÊ VANDRÉ?

Um detalhe chama a atenção na série de manifestações públicas que vem ocorrendo Brasil a fora, desde o início deste mês de junho: a ausência de Caminhando – ou Pra Não Dizer que Não Falei de Flores -, música de Geraldo Vandré classificada em 2º lugar (em 1º foi Sabiá, de Chico Buarque e Tom Jobim) na finalíssima do III Festival Internacional da Canção, ocorrida no estádio do Maracanãzinho.
Desde os primeiros momentos de sua classificação em 1968, no Rio de Janeiro, essa música se transformou numa espécie de hino - ou trilha sonora - dos movimentos populares, cantado a todo pulmões pelas multidões nas passeatas.
Aliás, nem o Hino Nacional Brasileiro tem sido ultimamente lembrado pelos manifestantes que legitimamente ocupam as ruas de São Paulo e de outras cidades brasileiras em nome da baixa das passagens de ônibus etc.
Amanhã tem mais movimentos nas ruas.
Para lembrar, CLIQUE:
http://www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular02.pdf

sábado, 15 de junho de 2013

PROTESTOS E MAIS PROTESTOS

Por motivos diversos, está-se alastrando perigosamente uma vigorosa onda de protestos nas capitais e cidades do interior do País.
Hoje mesmo, em Brasília, a polícia armada de bombas de gás, balas de borracha, cassetetes e fúria, muita fúria - como anteontem, em São Paulo -, partiu pra cima de pessoas que apenas exerciam o direito de protestar, pacatamente, contra a realização da Copa das Confederações.
Algumas ficaram feridas.
Ontem, na capital paulista, e também em Curitiba e Porto Alegre, o protesto foi contra os preços dos ingressos cobrados para os jogos da Copa de 1914.
Esses manifestantes fazem parte de um movimento chamado Copa Pra Quem?
O protesto transcorreu de modo pacífico, dessa vez sem truculência policial.
Em Niterói e Santos, os protestos ontem continuam sendo contra o aumento nas tarifas de ônibus.
Em cinco Estados, produtores rurais protestam contra a demarcação de terras indígenas.
Nesse caso, os manifestantes somam cerca de cinco mil - incluindo fazendeiros.
E para a próxima segunda, 17, já está marcada mais uma manifestação em São Paulo; essa maior do que as anteriores, promovida pelo Movimento Passe Livre, MPL.
Entre os vários grupos e partidos alinhados ao MPL que já garantiram presença, há os radicais Black Blocks e os coletivos chamados de pós-modernos, que dão um boi e uma boiada para entrar numa briga.
Os Gaviões da Fiel também já anunciaram que vão engrossar o movimento.
Mas é preciso muita calma nessas horas, tanto de um lado quando do outro...
Que os policiais (acima, no recorte) recolham a sua ira contra nós!
 
PERDÃO
Aos 85 anos de idade, o escritor paraibano Ariano Suassuna vai dizer pela primeira vez, no programa Dossiê Globo News - no ar às 21h05 -, que depois de 83 anos de tormento está prestes de tomar a decisão de perdoar o assassino do seu pai João Suassuna, acusado de mandante do atentado a tiros que resultou na morte de João Pessoa, no dia 26 de julho de 1930, em Recife.  

sexta-feira, 14 de junho de 2013

PERIGO NAS RUAS

Em nome da diminuição de tarifa ou tarifa zero de ônibus como tem se propagado, quem de fato estará por trás desses quebra-quebras ocorridos em São Paulo e noutras capitais como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Goiânia, Natal e Maceió, hein?
À frente, sabemos: o Movimento Passe Livre, MPL, que surgiu de uma plenária do Fórum Social Mundial, FSM, realizado na capital gaúcha em 2005.
O objetivo do FSM, criado em 2001, era/é reunir movimentos sociais de várias partes do mundo por um mundo melhor, dizem.
O MPL está instalado na ONG Associação Cultural Alquimídia, de Santa Catarina, e até novembro passado era patrocinado pela Petrobras, Ministério da Cultura e Lei Rouanet.
A estatal explicou hoje que:
O contrato de patrocínio ao projeto Alquimídia = Cultura + Digital foi encerrado em 3/11/2012 e destinava-se a reunir em um único portal os dados de todos os equipamentos culturais do Estado de Santa Catarina, tais como teatros, museus, entre outros. Foi aprovado por uma comissão externa à Petrobras através da seleção pública do Petrobras Cultural edição 2010, na área de Apoio ao aprimoramento de websites culturais. O contrato foi assinado em 02/08/2011 e encerrou em 3/11/2012”.
A Alquimídia recebeu quase R$ 800 mil do MinC e da Petrobras.
Esses quebra-quebras que se espalham Brasil a fora como rastro de pólvora são perigosos, inclusive porque envolvidos com eles, infiltrados ou não, há bobos, sabidos e muitos sabidos.
O bom senso levou hoje o prefeito Fernando Haddad a convidar para um diálogo na próxima terça-feira representantes do MPL, mas na véspera já está marcada outra manifestação em São Paulo e por aí.
Não custa lembrar que greves e outros tipos de manifestação popular são direitos previstos e garantidos na Constituição.

NOVA SEDE
Foi bonito o encontro de confraternização ontem à noite no Ipiranga, mais precisamente na Rua Engenheiro Sampaio Coelho, 111, onde a empresária Rosa Maria Zuccherato inaugurou a nova sede da sua editora, a Nova Alexandria. Estiveram presentes artistas, poetas, romancistas e outros editores, como José Cortez, da Cortez Editora.
Na foto acima, de Andrea Lago, além de Cortez ao centro, aparecem da esquerda para a direita os cordelistas Cícero Pedro de Assis, Marco Haurélio, João Gomes de Sá, o escritor Roniwalter Jatobá e Rosa Zuccherato.

REVISTA DE HUMOR
Muito bonita e bem-feita a revistinha Esse Juquinha é Uma Piada!, organizada pelo humorista Laert Sarrumor, com ilustrações de Gustavo Pergoli. Laert é integrante do grupo musical Língua de Trapo e do programa Rádio Matraca, no ar há muitos anos pela Rádio USP FM. A revista (reprodução da capa abaixo) traz a chancela da Editora Nova Alexandria.


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