Mas é fato também que “a boiada come o que tem no pasto”, como me disse Vandré num dia qualquer de janeiro de 1985.
Por achar original e verdadeira essa variação das duas primeiras expressões acima lembradas, eu a publiquei numa nota da 2ª página do extinto Diário Popular, de São Paulo, edição de 20/01/85.
Quero dizer com essa lembrança que um país – qualquer país – se constrói com luta, suor e zelo; e que através da memória é possível se reconstruir a história de um país – qualquer país.
Digo isso porque o Brasil está assim, assim; sem rumo, sem prumo, sem saber para onde ir.
A história do nosso País anda tonta, torta, tumultuada, perdida, pois as lições dadas não foram muito bem assimiladas.
É fato.
A ideia que o governo tem transmitido de suas iniciativas à nação é de vitória frequente e firmação econômica etc. e tal, quando forte suspeita leva a todos crerem que o causo não é bem esse.
O povo trabalha muito e ganha pouco, por isso vive mal.
É fato, mas não é só isso.
A corrupção graça em quase todos os setores da vida pública e privada do nosso cotidiano, em prejuízo de uma democracia verdadeira e sólida.
Há uma festa de arromba por trás das cortinas, em prejuízo da nação.
Vive-se a ciranda do lucro pelo lucro, do roubo, do furto, da violência.
A questão que tem levado às ruas os ingênuos e espertos – esses sempre de prontidão - é outra.
Na verdade, são outras as questões que têm levado multidões às ruas de São Paulo e de várias cidades brasileiras.
E o pior é que o sistema democrático vigente entre nós é o mesmo pelo qual lutamos desde sempre.
Impossível, no entanto, esquecer que o berço da democracia, a Grécia, está sendo arrasado pelas profundas e seriais estocadas do capitalismo mortífero, impiedoso, e que tanto vicia os cidadãos mais incautos, por seu canto mágico de sereia fogosa.
Repensar a democracia ou discutir os problemas nela vigentes?
Está na hora, sim, de discutir o Brasil.
O mal vem de cima, por isso é preciso calma nas horas de maior nervosismo.
Pensar é necessário.
Cuidemo-nos.
SUASSUNA
Imperdível a entrevista do paraibano Ariano Suassuna, ontem no canal Globonews. Ele fala sobre arte e política; lembra como escolheu a carreira de escritor e quem o influenciou etc. Diz também que já o chamaram de xenófobo, mas não liga. Suassuna conta ainda que até já deu um sopapo num crítico da sua obra, mas não daria mais.
Clique:
http://globotv.globo.com/globo-news/dossie-globonews/v/dossie-globonews-traz-entrevista-exclusiva-com-ariano-suassuna/2637532/
PS – só não entendi uma coisa: a razão de Haddad não convidar representantes dos manifestantes para diálogo e apresentação de propostas antes de se realizar o novo embate, previsto para logo mais no final da tarde.
Comentários ponderados e altamente úteis. Sou pai de três prováveis "arruaceiros" e é bom ter complemento de ideias nessa hora de nuvens (clouds) cinzas.
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