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domingo, 17 de dezembro de 2017

A MÚSICA FORA DO RÁDIO

Outro dia um amigo, depois de dizer um monte de coisa bonita a respeito deste blog, fez referências à qualidade musical do que hoje se ouve no rádio, na tevê etc. E disse mais: "Parece que ou não há mais bom gosto ou boa música já não se faz mais".
Tem razão esse amigo, o Marco Haurélio.
Marco Haurélio esteve ontem proseando no espaço onde se acha, provisoriamente, o acervo do Instituto Memória Brasil, IMB.
Marco veio trazendo a tiracolo seu colega de trilhas poéticas, Pedro Monteiro.
Pedro é do Piauí e Marco da Bahia. Ambos são cordelistas, autores de bons folhetos que o povo precisa conhecer.
Fora os folhetos, Marco já publicou uns 40 livros. O cabra é produtivo e antenadíssimo.
E conversa vai, conversa vem, lembramos o poeta e jornalista da região de Bezerro Morto, PI, Firmino Teixeira do Amaral (1896-1926).
Firmino, que morou durante muito tempo em Belém, PA, é o autor do folheto A Peleja do Cego Aderaldo com Zé Pretinho do Tucum, publicado ali entre os anos de 1916 e 1917, tempo da Primeira Guerra Mundial, que nada tem a ver com este texto.
Lembramos muitos outros caras supimpas, como o pernambucano Manoel Monteiro.
Manoel, como o norte americano Ernest Hemingway, desenvolveu uma ficção em que ele próprio era o personagem fatal: ele matou-se num hotel, bem longe de casa. Hemingway, na sua fazenda nos EUA, onde construiu uma arapuca que acionou o gatilho de uma Winchester que lhe levou chumbo ao coração. Triste.
A vida é quase sempre um tragédia...
Em 1889, ano do golpe militar que levou à Proclamação da República, nasceu em Goiás a poeta contista e doceira Cora Coralina, de batismo Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas.
Em 1901, quando o carioca Machado de Assis ainda andava prá lá e prá cá, vivo, versátil, uma antena do seu tempo, expressivíssimo, nascia no Rio de Janeiro a neta de escravos negros Clementina de Jesus.
O que é que tem a ver Cora Coralina, Machado de Assis e Clementina de Jesus?
Coralina começou a escrever dois anos depois da morte de Machado, em 1908. 
Machado deixou uma obra fantástica e Cora Coralina, também. Seu primeiro livro, que trata da poética das ruas de Goiás foi publicado em 1965. Um ano depois foi a vez de Clementina lançar-se profissionalmente em disco.
Cora Coralina ganhou a ribalta, digamos assim, quando no dia 27 de dezembro de 1980, mestre Drummond de Andrade rasgou-se em elogios à autora de O Tesouro da Casa Velha, que acabo de ouvir, é engraçado, é triste, é profundo e ao mesmo tempo leve que nem vôo de passarinho. Tem até três casos de suicídio,ui! Esse é um livro póstumo muito bem narrado e distribuído pela Fundação Dorina Nowill que chegou-me às mãos pelos gestos solidários da jornalista Cris Alves. 
Coralina morreu em 1985 e Clementina, a Quelé, em 1987.



Mas eu comecei falando de música. Realmente a música que ouvimos hoje no rádio é, grosso modo, uma música própria para matar neurônios.
Quem quiser ouvir música boa tem que pesquisar, não é mesmo? Mas, claro, sempre tem um artista aqui outro ali mostrando que nem tudo está perdido. Eu gosto do Criolo, pela mistura bonita que faz com o samba e o rap. Ele traz a novidade que vem sendo apropriada pela juventude, veja a versão de Subirusdoistiozim feita por Pedro Schin, Gui Heleodoro e Beatzoto, no segundo vídeo abaixo:




Gosto também do Lulinha de Alencar, do Mestrinho e do poeta paraibano Jessier Quirino, autor e declamador de raro talento. É dele o Bolero de Isabel. Confiram, na linda interpretação de Xangai.




RÔMULO NÓBREGA

O paraibano de Campina Grande, Rômulo Nóbrega, biógrafo do pernambucano Rosil Cavalcanti (1915-1968), está feliz da vida. E o motivo disso não é pouco: O filho Rodolfo, um cabeção desses que nascem a cada 1000 anos nalgum lugar do mundo, chegou a passeio vindo de Londres aonde mora, trazendo a tiracolo o neto Hugo e a mulher Maria Luísa, alemã. Quem também não se contém de alegria é a mulher de Rômulo, Aldany. Eita! Rômulo nunca empinou tanta pipa na vida. Ele e o neto Hugo tem chamado a atenção da Paraíba inteira, pois é, e os dois lá empinando pipa. A pipa é uma invenção chinesa que conheci no tempo em que tinha a idade do Hugo, 3 anos. E viva a criança que há em todos nós. É Natal. Todo dia é Natal.




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