Era filha de advogado. O correr da sua vida foi toda civil,
crendo na importância das manifestações populares. Comunista? Idiotice é
classificar quem sente a dor do povo em nome de uma ideologia. Conheci Beth ali
pelos anos 70. Tem entrevista minha com ela publicada no suplemento dominical
Folhetim, do paulistano jornal Folha de S.P.
Fiquei sabendo que ela partiu para a eternidade
agora há pouco. A notícia a mim foi dada pelo mestre Oswaldinho da Cuíca,
enquanto conversávamos sobre as “doiduras” do Bolsonaro. Ele, Oswaldinho,
rompeu amizade com Beth por razões ideológicas. Que merda! O bom viver é
democracia. Temos que respeitar todos, inclusive pelo que se diz. A Beth era uma mulher incrível. Nos entediamos pelos desencontros. No acervo do Instituto memória Brasil, IMB, há todos os discos da Beth Cavarlho. A Beth foi a única cantora do Rio de Janeiro a gravar um CD com repertório totalmente sobre a música que fala da cidade de São Paulo. Esse CD foi produzido pelo compositor e cantor Eduardo Gudin. Pra lembrar a Beth ouça a Andança. Eu gostava
muito da Beth. Viva, Beth Carvalho! Andança: https://www.youtube.com/watch?v=4Hp14vl38YY
Houve um tempo em que o Brasil era um grande roçado, cheio
de senhores de escravos a mandar e a desmandar no território nacional. O número
de escravos diminuiu, mas o de senhores de terra talvez tenha aumentado.
Houve um tempo em que esses referidos senhores mandavam na
política. Isso continua. Os “coronéis” mudaram de vestimenta, mas seguem a
mandar do mesmo jeito de antes.
As complicações no Brasil e para os brasileiros humildes
começaram com a chegada dos invasores.
D. João VI mandou e desmandou, como seu filho Pedro I. Pedro
II da mesma linhagem imperial portuguesa, embora nascido no Rio de Janeiro,
tinha sensibilidade para as artes e insensibilidade ao que se convencionou
chamar “povão”.
O primeiro golpe militar ocorrido no Brasil foi dado em 1889:
caiu o Império e surgiu a República, com Deodoro à frente. Deodoro, investido
do poder do cargo de presidente, fecha o Congresso e declara estado de sítio.
Seu vice e conterrâneo alagoano Floriano Peixoto, bota pra quebrar.É quando surge e revolta da Armada. Por quê?
A Marinha queria direitos e igualdade no soldo com o Exército.
Muita água passou pela Ponte Brasil.
Em 1930, o gaúcho Getúlio Vargas assume o poder depois de um
golpe que impediu Júlio Prestes a assumir o cargo de presidente que ganhou pelo
voto popular. E o resto é o que segue: queda do mesmo Getúlio, ascensão do
Marechal Dutra e tal. Ai vem a renúncia de Jânio, a queda de Jango e os
militares no poder, de novo.
Tudo isso pra dizer uma coisa: a censura brava que vivemos
parece agora querer ressuscitar, por iniciativa de excelências do STF. O resto
está nos jornais. Dá medo, por isso fiquemos atentos aos movimentos palacianos.
Quando um capitão manda num general, sei lá!
No acervo do Instituto Memória Brasil há centenas e centenas
de hinos e canções patrióticas em discos, livros, etc. Ai na foto o álbum
triplo Aulas de História do Brasil que trata do “achamento” das nossas terras
pelos portugueses.
Foto: Assis Ângelo em entrevista com João Acácio (o Bandido da Luz
Vermelha).
Eu não sei por quê essa histeria em torno do juiz que
autorizou entrevistas de Lula aos jornais Folha de S.P. e El País. Normal.
Eu não me recordo bem o ano, mas a pedido meu, o juiz da Capital
paulista me autorizou a entrevistar João Acácio, que entrou para a história do crime como o Bandido da Luz Vermelha. Virou até filme. Eu o entrevistei numa sala do Manicômio
Judiciário paulista em Franco da Rocha, SP. Ele disse o que tinha que dizer, gravei
o que disse, redigir e publiquei. E nem por isso o mundo acabou.
Acácio foi preso em agosto de 1967, condenado a mais a 300 anos
de prisão e solto em 1997. Quem o levou a prisão foi o então o Juiz Alberto
Marino Jr., autor da letra do chorinho clássico Rapaziada do Brás. Mas essa é
outra história.
O que há em comum entre Lula e João Acácio?
Lula é um político partidário, famoso, e João Acácio foi um
assaltante, também famoso.
A boa música brasileira morreu, está de luto ou na gaveta. Das três, uma. O fato é que ao ligarmos a tevê ou o rádio não encontramos a nossa boa música popular brasileira. A boa música popular brasileira onde está? O gato comeu? Muitos gêneros morreram e estão enterrados: O lundu, o maxixe, a modinha, o xaxado, a marcha junina, a marchinha de carnaval, o baião... Pois é, o bom gosto foi-se embora e no seu lugar foi ocupado pelo mau gosto chamado de funk, "sertanejo", um tal de sofrência e não sei mais o quê. Bem, hoje é o dia do Choro. O pai do choro tem por nome Joaquim Antonio da Silva Callado Júnior (1848-1880). É de Callado o primeiro choro: Flor Amorosa. Callado era compositor e flautista, como Pattapio Silva (1880-1907) e Pixinguinha (1897-1973). Entre as mulheres, Chiquinha Gonzaga (1847-1935) foi uma chorona pioneira. A tevê Cultura levou ao ar recentemente, uma série de 13 capítulos contando a história do Choro. Luís Gonzaga, o rei do Baião está presente nessa história. Clique:
DIA DO LIVRO É hoje que foi criado para lembrar da importância de se ler. O paulista de Taubaté, Monteiro Lobato (1882-1948) dizia que um país se constrói com homens e livros. O Bolsonaro deve achar isso um absurdo.
Pattapio Silva e Pixinguinha foram dois dos maiores
flautistas que o Brasil já teve. O primeiro, carioca como o segundo, nasceu no
dia 22 de outubro de 1880. Deixou gravadas para a posteridade pouco mais de uma
dúzia de composições suas e mais algumas de outros autores.
Pixinguinha, de batismo Alfredo da Rocha Vianna Filho, veio
ao mundo no dia 23 de abril de 1897. Começou a gravar com 14 anos de idade e a
compor, com 11, aos 15 já integrava a Orquestra do Teatro Rio Branco, no Rio de
Janeiro. Deixou centenas e centenas de composições. São dele clássicos como
Carinhoso, Rosa e Sofres Porque Queres.
Pattapio morreu em Florianópolis, no dia 24 de abril de
1907. Foi-se tão novo quanto Noel Rosa (1910-1937) e Casimiro de Abreu
(1839-1860).
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, se acham todas
as gravações de Pattapio e Pixinguinha.
O Brasil é pra profissionais. Sempre foi, na ficção e na vida real.
Em março de 1911 o carioca Lima Barreto levou à praça em folhetim no Jornal do Comércio, RJ, Triste Fim de Policarpo Quaresma. No formato de livro, essa história foi publicada 4 anos depois. Esse foi o seu segundo livro, o primeiro foi Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de 1909. Em Policarpo Quaresma, Barreto conta a história de um pacato brasileiro que ia de casa pro trabalho do trabalho pra casa, pontualmente. Era solteiro, não tinha filho e morava com uma irmã e não fugia à rotina, de uma cidadão comum. Gostava muito de ler e até em tupi-guarani. Aliás, ele queria que o Brasil adotasse essa língua como língua oficial. E deu um rolo danado, virando chacota da imprensa. Era sonhador à toda a prova. Achava que o Brasil poderia ser um país independente e a sua população, feliz. Era apolítico e conservador, daqueles do tempo antigo. Ele tinha um amigo, Ricardo Coração dos Outros. Ricardo era trovador. Olga, sobrinha, tinha respeito extremado por ele, Quaresma. Um dia é tido por doido e levado a um manicômio. Depois de um tempo, retorna a rotina, nova rotina, pois deixara a repartição onde trabalhava e adquiriu um sítio. Nesse sítio ele achava que poderia servir de exemplo para o país. Mas ai vieram as saúvas. Milhares, milhares, milhares delas. Um exército que em pouquíssimos instantes destruíam tudo o que ele plantava. Não vou me estender, mas Barreto nesse livro é puro Kafka. Vocês lembram do enredo do romance O Processo? Nesse romance, o personagem Joseph K é surpreendido por dois tiras dentro de casa. Esses o levam a delegacia onde o delegado o interroga sobre sabe-se lá o que! Nem K sabia do que estava sendo sendo acusado, nem seus acusadores sabiam do que o acusavam. Igual, em parte, ao que sucedeu com Quaresma, que foi acusado sabe-se lá de que, preso, condenado e o fim é triste como o fim de K. Alguma coisa está ocorrendo no Brasil de hoje. Cheira mal a ordem do ministro do STF de mandar fazer busca e apreensão na residência de uma dezena de acusados de ameaçar o STF. Coisa de doido! Recomendo que leiam depressa, se já não leram, Triste Fim de Policarpo Quaresma e O Processo, esse de 1925. Sobrando um tempinho, leiam também Recordações do Escrivão Isaías Caminha. Nesse livro, Barreto conta da opressão e preconceito dos negros e mulatos da sua época, como hoje.
Im-pres-sio-nan-te! Estou estupefato. Como pode no tempo de hoje, terceiro milênio alguém ser contra alguém pelo simples fato de se distinguir pela cor? ouvir Há pouco um dirigente do Santos FC dizer que "multas e negros no Brasil são todos desonestos". Isso me lembra o que disse o ex-ministro da educação Vélez Rodrígues: "Rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião, ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola". Isso me lembra também o que Bolsonaro antes de virar presidente da República: "Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo”. É o fim da picada ou não é? O Boris Casoy, não faz tempo, andou metendo pau nos garis de São Paulo. William Waack, andou, também, metendo o pau nos negros... O curioso é que nessas pessoas, independentemente da profissão, não assumem o que dizem. No máximo pedem desculpas. Ora, ora. O educador Paulo Freire disse o que um verdadeiro cidadão diria: "O que quero dizer é o seguinte: que alguém se torne machista, racista, classista, sei lá o que, mas se assuma como transgressor da natureza humana. Não me venha com justificativas genéticas, sociológicas, ou históricas ou filosóficas a superioridade da branquitude sobre a negritude, dos pobres sobre os ricos, dos patrões sobre os empregados. Qualquer discriminação é imoral e lutar é um dever por mais que se reconheça a força dos condicionamentos a enfrentar. A boniteza de ser gente se acha, entre outras coisas, nessa possibilidade e nesse dever de brigar".
A Newsletter Jornalistas & Cia está às vésperas de completar 24 anos de existência. Importantíssima para nós jornalistas e também para quem não é jornalista. Sou colunista dessa publicação que semanalmente pode ser encontrada nessa caixinha doida chamada internet. Parabéns a Eduardo Ribeiro, seu fundador, Wilson Baroncelli e toda a equipe. Ai no link a edição especial sobre os 24 anos de vida dessa newsletter. Clic: http://www.jornalistasecia.com.br/edicoes/jornalistasecia1200.pdf
Na rua General Osório, no centro da capital paulista há várias lojas de instrumentos musicais e nessas lojas, ao fundo ou ao lado há sempre grupos de choro e samba se apresentando pra quem estiver a fim de ouvir coisas boas. Sábado 13 fui apurar os ouvidos no local denominado Consulado do Choro. E lá estavam Tadeu do Surdo, Zezinha do Cavaco, Nico do Pandeiro, Donato entre outros bambas tocando para uma plateia de bom gosto. Tudo na faixa, sem grana no balcão. O repertório, de arromba! A partir no meio da manhã até o meio da tarde rolaram obras de Pixinguinha, Waldir Azevedo e outras feras que nos legaram uma obra inestimável. O Consulado do Choro fica na Osório, 31 ou 91, não sei bem. O dono é o paraibano Damásio. Ele é da região que inspirou Joubert de Carvalho a compor a canção Maringá. Maringá é resultado da junção de Maria do Ingá, que no meio do século passado deu nome a um município do Paraná: Maringá. Maria do Ingá, diz a lenda, era uma jovem sertaneja muito bonita acoçada pelo fúria das secas que ciclicamente atingem o Nordeste. As fotos que ilustram este post foram feitas por Rômulo Nobrega.
Chico Anysio partiu para a Eternidad no dia 23 de março de 2012. Seu corpo foi velado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Cerca de 5 mil pessoas estiveram por lá. Foi cremado.
O mais importante humorista do Brasil era cearense. Seu
nome: Francisco Anysio de Oliveira
Paula, artisticamente conhecido como Chico Anysio .
Chico foi um brasileiro incrível. Digo de novo in-crí-vel!
Era um domingo quando Chico e família apearam no Rio de
Janeiro, de mala e cuia. Ele nasceu do dia 12 de abril de 1931 e tinha 8 anos de
idade quando lá chegou.
O Rio do tempo de Chico era um deslumbre.
Chico queria abarcar o Rio como a mãe o abarcava nos seus braços.
Os pais desse Chico queriam que ele fosse advogado. Ele estudou
e tal. Mas foi no rádio que encontrou o caminho das pedras.
Chico Anysio fez de tudo na vida. Foi tudo. Cidadão
principalmente. Respeitava todo mundo e todo mundo o respeitava, ora rindo ora
gargalhando.
Chico inventou 234 personagens e deixou duas dúzias de
livros publicados. Quer dizer: ele sozinho era uma multidão. Até uma
autobiografia teve ainda tempo de fazer: Eu sou Francisco. Ganhou muito dinheiro e
morreu pobre, abandonado pela TV Globo.
Chico deixou uma trintena de músicas de sua autoria gravadas
por artistas entre os quais Dolores Duran (1930-1959), aí na foto acima. Seu parceiro
mais frequente foi o pernambucano de Serra Talhada, Arnaud Rodrigues
(1942-2010).
Arnaud morreu num dia de carnaval, afogado no rio Tocantins.
Chico morreu no dia 23 de março de 2012, de tristeza.
Chico era tão bom, mas tão bom que era capaz de fazer até o
diabo rir. E fez.
Em plena ditadura, Chico Anysio levava suas piadas num quadro do programa Fantástico.
Você sabia meu amigo minha amiga que Chico Anysio chegou a
gravar uma quadrilha junina com o Rei do Baião, Luiz Gonzaga?
No acervo do
Instituto Memória Brasil, se acham todas as músicas e discos de Chico.
A fia de Chico Brito
A turma (Chico Anysio / Arnaud Rodrigues)
Ah! Ah! Ah! (Chico Anysio / Raymond)
Aldeia (Chico Anysio / Arnaud Rodrigues)
Cidadão da mata (Chico Anysio / Arnaud Rodrigues)
Ciranda (adaptação c/ Arnaud Rodrigues)
De quem é essa morena (Chico Anysio / Benito Di Paula)
Dendalei (Chico Anysio / Arnaud Rodrigues)
Folia de rei (Chico Anysio / Arnaud Rodrigues)
Maristela (Chico Anysio / Arnaud Rodrigues)
Monólogo nº 1 (Chico Anysio / Arnaud Rodrigues)
Monólogo nº 2 (Chico Anysio / Arnaud Rodrigues)
Não se avexe não (Chico Anysio / Haydée Paula)
Nega brechó (Chico Anysio / Arnaud Rodrigues)
O poste da rua Jorge Lima (Chico Anysio / Durval Ferreira e Arnaud
Rodrigues)
Rancho da Praça Onze (Chico Anysio / João Roberto Kelly)
Saudade jovem (Chico Anysio / Raymond)
Tá nascendo fio (Chico Anysio / Haydée Paula)
Tango (Chico Anysio / Raymond)
Tributo ao regional (Chico Anysio / Arnaud Rodrigues)
Tristeza mora comigo (Chico Anysio / Raymond)
Véio Zuza (Chico Anysio / Arnaud Rodrigues e S. Valentim)
Verde (Chico Anysio / Arnaud Rodrigues)
Ya no quiero (Chico Anysio / Raymond)
Zéfa Cangaceira.
Essa música aí está fazendo 60 anos de gravação. Pois é, na voz da grande Dolores Duran. Dolores chegou em casa, exausta, pedindo para que ninguém a acordasse. Amanheceu morta, na cama. Mas essa é outra história.
Eu conheci o Chico Anysio no começo dos anos de 1980. Sempre
que dava, a gente se encontrava no bar de um hotel qualquer de Sampa. Sempre
bons papos. Não custa lembrar: foi com ele que comi pela primeira e última vez
o tal do caviar, com whisky.
Ouço no rádio que o humorista Andreense Danilo Gentili foi condenado a 6 meses e 28 dias de prisão. A sentença foi proferida pela juíza Maria Isabel do prado, da 5ª Vara Federal em São Paulo. Eu não gosto do Gentili. Acho o seu humor grosseiro, grosseiríssimo. Confesso que tenho dificuldade de rir das bobagens que ele faz, que ele diz, mas há gosto prá tudo. O problema, porém, é gravíssimo: a justiça condenando o livre-pensar. O livre-pensar sempre foi um problema para os ditadores. A tirania é um horror. A Constituição Brasileira vigente garante o livre-pensar. Censura é um horror, é coisa horrorosa em qualquer tempo e lugar. Já passamos por isso. Fomos oprimidos o tempo todo pelos poderosos. Desde ontem e isto não pode perdurar. Gentili foi condenado por processo acusatório provocado pela deputada Maria do Rosário. Os deputados e deputados, senadores e senadoras, poderosos, têm imunidade parlamentar. Quer dizer: não podem ser processados, investigados e tampouco condenados por quaisquer coisas que façam. E podem pedir a condenação oficial de um cidadão qualquer. Deputados e senadores parecem estar acima de tudo e de todos. Pena. A censura em qualquer tempo e lugar é um horror. É um perigo dos infernos! Até o Bolsonaro, vejam só!, postou no seu twiter fala a favor do humorista. Os tempos que vivemos, cá no Brasil, são uma incógnita. Mas ditadura, jamais! a propósito, não custa lembrar o que disse o pastor luterano alemão Martin Niemoller (1892-1984):
Primeiro, os nazistas vieram buscar os comunistas, mas, como eu não era comunista, eu me calei. Depois, vieram buscar os judeus, mas, como eu não era judeu, eu não protestei. Então, vieram buscar os sindicalistas, mas, como eu não era sindicalista, eu me calei. Então, eles vieram buscar os católicos e, como eu era protestante, eu me calei. Então, quando vieram me buscar... Já não restava ninguém para protestar.
A cultura popular e musical do Brasil são das mais
importantes do mundo. Todo mundo sabe disso, se não sabe deveria saber. E
poucos sabem, na verdade. Não à toa o escritor pernambucano Nelson Rodrigues
(1912-1980) dizia que o brasileiro é vira-lata. E é, ainda.
O presidente Bolsonaro acaba de demonstrar isso no beija-mão
que fez com Trump. Pena, pena.
A música brasileira é de uma importância fun-da-men-tal no
mundo.
Numa lista das dez músicas popul
ares mais conhecidas no
mundo, Garota de Ipanema e Aquarela do Brasil sempre estarão presentes.
Pois bem, Ary Barroso (1903-1964) compôs Aquarela do Brasil
em 1939 e nesse mesmo ano teve a alegria de vê-la gravada pela cantor mais
importante da época: Chico Alves.
Aquarela do Brasil ganhou mundo a partir de 1941, quando o
cantor Lee Broyde a gravou (ai na foto).
Ah! Ia me esquecendo: o Frank Sinatra adorou ter gravado
Aquarela...
Terça-feira 2, contei a história de Aquarela do Brasil para
uma plateia muito bonita. Foi no Sesc Pinheiros.
No Acervo do Instituto Memória Brasil, IMB. Se acham todas
as gravações em disco de Aquarela em muitas línguas e também na nossa,
portuguesa.
O Ministério da Cultura, MINC, foi criado no começo do governo Sarney(1985 - 1990). Vejam só! O Sarney é o que é. Todo mundo sabe que ele é um danado, no sentido malandro do termo. No começo da carreira, Sarney contratou o baiano Glauber Rocha (1939-1981) pra fazer um documentário a seu respeito. Glauber fez um documentário excepcional, a seu modo. Pôs o dinheiro no bolso e o resultado é essa beleza aí:
E eu, cá comigo, fico pensando: onde está a nossa cultura, no limbo? O ministério da cultura criado aos moldes Sarney e preservado nos governos seguintes até Temer, virou uma gaveta do ministério da cidadania, regida pelo gaúcho Osmar Terra. O secretário dessa gaveta Henrique Pires, é nada. Como nada é a secretária que ele comanda. Mas o que esperar de um governo que é sugestionado por um boboca chamado Olavo de Carvalho, que nasceu no Brasil e vive nos estados unidos? Os livros de Carvalho são tão importantes quanto as ideias de Bolsonaro. O filósofo grego Sócrates (469 a.C - Atenas, 399 a.C) morreu sob efeitos da cicuta dizendo que do mundo e da vida nada sabia. O conselheiro e guru de Bolsonaro, aquele que mora na Virgínia, EUA, chegou a comparar-se a Sócrates. Pior: deixou-se entender que Sócrates foi uma bobagem e lê uma sumidade. Estávamos falando de cultura. Onde anda o Ministério da Cultura do Brasil? Um amigo me disse para eu não ficar perdendo tempo com essas coisas, pois o ministério da cultura o gato comeu.
Nada não, a mim nada não custa recomendar a leitura de diálogos de Platão.
Hoje, 6, Carlos Silvio mais uma fez um gol de placa ao levar ao levar ao seu programa Paiaiá na conectados o cantor Roberto Luna, símbolo do romantismo musical brasileiro. Foi uma belíssima entrevista. Inteligência das duas partes, do apresentador e o entrevistado. essa entrevista será repetida amanha 7, a parti das 19h. para ouvi-la é só acessar aqui: http://www.radionectados.com.br/
Tudo quanto foi presidente do Brasil, depois de JK, só levou
o nosso País ao retrocesso. A começar com doidura de Jânio, com a sua renúncia,
redundou no Cearense Castelo ,no ano de 64.
Nós, brasileiros, temos uma culpa danada nessa história.
Bolsonaro, o atual presidente do país, disse esta semana que
não houve ditadura no Brasil e que o Governo Militar foi uma opção escolhida
pelo povo brasileiro. Mentira pura. Fake News!
Nessa mesma linha, o “coisa” titular da Educação foi ainda
mais além. Disse que não houve golpe Militar no Brasil, em 64. Depois ameaçoumudar a história que resultou em centenas de
mortes de brasileiros pelos fuzis do Exército .Que horrou! A ditadura mata,
seja de direta ou de esquerda. Totalitarismo nunca! Jamais!!!
Bolsonaro, que a olhos vistos, não tem “tocômetro” voltou a
dizer besteiras que em 3 meses de Planalto passam de todos os números razoáveis.
Disse, na sua viagem a de passeio a Israel, que o Holocausto patrocinado por
Hitler foi coisa da esquerda. Dá pra entender?
No museu do Holocausto, em Israel, há um nome de uma brasileiro
de grande importância: Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa (1908 —2011).
O atual presidente do brasil deveria se orgulhar em saber
disso que estou contando. Mas o que esperar de um homem que virou presidente do
Brasil sem querer ser presidente? Mas aí há uma contradição: por que ele se
candidatou a presidente?
Jair Bolsonaro disse hoje 05, que sempre quis ser Militar e
não presidente da República.
O Brasil ao escolher Bolsonaro como presidente parece ter
entrado numa fria.
É provável que o nosso atual presidente nunca tenha lido uma
poesia, um romance, um livro de história, um folheto de cordel...
O Paulista de Taubaté Monteiro Lobato (1882 –1948) disse uma
vez que “Um País se faz com Homens e livros”.
O ministro Paulo Guedes, da economia, disse que em 2018 o Brasil gastou 700 bilhões de reais para pagar os aposentados. Nesse mesmo ano, foram gastos 70 bilhões na área de educação. Justificando o projeto de reforma da Previdência, Guedes disse que ou o Congresso aprova ou aprova, e se não aprovar o Governo quebra de vez.
O projeto de reforma da Previdência já tomou a atenção dos governos FHC, Lula, Dilma e Temer, mas não foi em frente.Á época lula e dilma falaram claramente sobre a importância da aprovação de um projeto de equlíbrio á pravidência. Clique: https://www.youtube.com/watch?v=JRHKx3SDglA
E o motivo é simples: o projeto é totalmente impopular. E por falar em Previdência, o que se viu e ouviu ontem, 3, na CCJ da Câmara foi um horror, muita baixaria.
Um deputado chegou a comparar Paulo Guedes a um Tigrão e a uma tchutchuca.
Na linguagem marginal Tigrão é o nome que se dá aos traficantes que nos bailes funk obrigam mulheres a satisfazê-los, sexualmente. Tchutchucas são essas mulheres.
O funk veio da soul music. Coisa dos americanos do Norte, da periferia, dos arrabaldes e chegou ao Brasil nos já distantes anos de 1980. Entre nós ficou conhecido como "funk carioca". Esse tipo de ritmo ensurdece, deixam os ouvidos moucos. Faz um mal danado à sensibilidade humana. A barulheira é infernal. É música de putaria, como diz um amigo meu.
Lembrando o tal do Tigrão eu peço desculpa pelo post abaixo:
Um tal Leandrinho integrante ou ex integrante do Bonde do Tigrão, soltou uma nota à imprensa lamentando a provocação do deputado para irritar o ministro.Disse que isso não se faz. Também acho.
O Governo Bolsonaro está se mostrando um governo sem futuro sob quase todos os aspectos.
O Ministério do Turismo é uma josta. Prá que serve o Ministério do Turismo?
O caos que ora ocorre no Ministério da Educação é absolutamente sem precedentes. Nunca tivemos um ministro estrangeiro comandando esta pasta e o que esse cara está fazendo nem um doido absoluto deveria fazer. Não há projetos desse ministro. A cabeça dele parece completamente oca, tão oca quanto a de Bolsonaro e de seu alter ego ou guru, como queiram, Olavo de Carvalho.
Como pode um presidente da República ser tão influenciado por um boboca como esse Carvalho? Aliás ele mora na Virgínia, EUA...
A última do ministro da Educação, o mal educado Ricardo Vélez Rodriguez: disse que não houve golpe militar em 1964 e que os livros didáticos que tratam disso serão revistos.
Como papagaio, Rodríguez repete tudo o que o seu chefe diz.
É muita confusão que se vê em 3 meses de governo. A Educação está no lixo, como no lixo está cultura.
Um povo sem cultura é um povo perdido, sem rumo, sem futuro.
O nosso mundinho feito por Deus está uma josta. Anda loucamente prá lugar desconhecido. E nele, dentro dele, perdidos também estamos nós. A história contada na Bíblia Sagrada envolvendo pais e filhos e filhos e pais, uns por outros mortos, continua clara que nem o sol. Matam-se adoidadamente por nada hoje em dia. Desde sempre. E as desculpas, quando as há, são as mais óbvias e inverossímeis. Exemplo? O sujeito mata o pai ou a mãe por nada. E nem sempre é condenado por isso. Basta dizer, aliás, que ouviu uma voz no pé do ouvido. Uma voz distante, uma voz não sei de onde... Pronto! O sujeito não vai prá cadeia, vai para um hospital de tratamento mental. Essa história e tantas outras acham-se em textos da literatura popular, também. O poeta paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918) falou muito dessas histórias doidas de que pessoas aparentemente normais são vítimas, e vice-versa, porque neste mundo tudo é doido, doidura. Somos fortes, belos e frágeis que nem cristais. Mas, diachos!, por que estou falando sobre isso? Num ano que não me lembro do século passado, um cara chamado Jim Jones, ordenou que cerca de mil pessoas se matassem. Naquela hora e tudo mais. E todos se mataram. Mas por que estou falando sobre isso? Foi, não foi, ouvimos notícia dando conta de que um americano qualquer, do Norte, invadiu uma escola e meteu bala. Isso nem é mais notícia, diga-se de passagem. Lá. Aqui, no Brasil, começa a ganhar forma essa ação amalucada. Fora isso ainda tem aquela história de que o assassino é vítima de bullying... O sofrimento é uma característica natural do ser humano. E é característica também tentarmos justificar o absurdo. O que aconteceu há menos de um mês em Suzano, SP, foi mais um desses absurdos em que o sujeito mata por matar e é perdoado por isso, pelo gesto trágico, dramático, praticado... Quem perder que conte. Isso é dito popular. Na primeira parte dos anos de 1940, o novaiorquino J. D. Salinger publicou um texto sequenciado no formato de revista contando a história de um menino de 16, 17 anos atormentado pela realidade. Nesse texto o personagem central, Holden Caulfield, demonstra suas contradições, a sua incapacidade de relacionar-se com naturalidade na escola e nos ambientes sociais. Era virgem e contava lorotas. Ele conta num fim de semana o que se passou com ele. É uma história simples, mas interessante. Holden tem problema de tudo quanto é tipo e não confia seus pensamentos a ninguém. Exceção a sua irmã caçula, pequena, de dez anos talvez. Não tem papo com pai, não tem papo com mãe, o papo que tem com professor é rasteiro e inconsequente. Enfim, Holden é um alienado, sem futuro. Mas nem por isso saiu com uma metralhadora, um revólver ou uma faca matando quem encontrasse pela frente. O contrário do adolescente que invadiu a Escola de Suzano e matou alunos e professores. O texto pulicado em formato de Revista por Salinger ganhou formato de livro em 1951. A história, O Apanhador no Campo de Centeio, The Catcher in the Rye, transformou-se num sucesso estrondoso. Foi traduzido em várias línguas. E o resto desta história todo mundo sabe, inclusive que J. D. Salinger morreu aos 91 anos de idade. Em resumo: matar não é legal. Matar gente não é legal. Gente que mata gente não é, em suma, gente que presta. O mais, deixemos aos psicólogos e demais profissionais da mente.
O 31 de março é um dia como outro qualquer. Não, o 31 de
março não é um dia qualquer. Você sabe por que eu digo isso?
O dia 31 de março é um dia marcante na vida brasileira. Nesse dia, em 1904 nasceu Araci Cortes. O nome de batismo de Araci era Zilda de
Carvalho Espíndola, filha de um chorão de nome Carlos.
Araci Cortes foi pioneira em muita coisa bonita.
Essa Araci começou a vida artística com 16 anos de idade e
já falando palavrão que era uma coisa maravilhosa, embora chocante para boa parte da sociedade da época. o rastro de Araci vieram Dercy
Gonçalves e Aracy de Almeida, principal interprete feminina de Noel Rosa
(1910-1937). O tempo passou e Araci Cortes transformou-se na Rainha das Atrizes
do Brasil em 1937, dois anos depois no dia 16 de junho, ela interpretou
Aquarela do Brasil pela primeira vez na revista “Entre na Faixa”, de Luís
Iglésias.
Estão se completando 80 anos da primeira gravação de
Aquarela do Brasil, feita pelo rei da voz Chico Alves (1898- 1952). Essa música
Chico gravou no dia 18 de agosto de 1939. O resto é história. Isso tudo se acha
no acervo do Instituto Memória Brasil, IMB. No IMB também se acham as
raríssimas gravações de Ary ao piano. O LP que aparece na foto aí foi lançado pela Funarte em 1984. Nele
há faixa de Araci cantando e dando depoimento sobre a sua vida.