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quinta-feira, 13 de outubro de 2022

MEMÓRIAS DA INFÂNCIA: O MENINO E O MAR (1)

Lá atrás, lá bem atrás, nos meus tempos distantes de criança, eu costumava ouvir nas horas de recreio na escola coisinhas assim:

Hoje é domingo
Pé de cachimbo
O cachimbo é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo!


E ouvia também, e todo mundo cantando, pérolas como esta:

Marcha soldado
Cabeça de papel
Se não marchar direito
Vai preso no quartel…


Muitas coisas bonitas, lúdicas, permanecem grudadas nas paredes da minha memória.
A história de Chapeuzinho Vermelho me assustava, me arrepiava todo. E olha, nem era a história original contada na Idade Média que eu ouvia. Na versão original o lobo mau matava a vovozinha e seu corpo cortado como em pedaços de bife dividia com Chapeuzinho que nem de longe desconfiava do que estava comendo. E depois disso, insaciável, crau! Comia a pobrezinha da Chapeuzinho.
Essa história tem várias versões na França, na Espanha, na Itália. No Brasil, em 1970, o compositor Chico Buarque e o cartunista Ziraldo inventaram uma certa Chapeuzinho Amarelo. É a história de uma menina que tem medo de tudo, até do medo.
Lembro da Gata Borralheira, da Branca de Neve, do Pinocchio, do João e Maria...
A história de João e Maria, essa contada por minha avó Alcina, arrancava-me rios torrenciais de lágrimas. Os irmãos, crianças, eram filhos de um lenhador viúvo casado pela segunda vez. Eram pobres. A madrasta, má, convenceu o marido a abandonar os filhos na floresta. Em resumo: eles sobrevivem mesmo depois de caírem nas garras de uma bruxa cega.
Ai, ai, ai meus tempos de criança.
Os contos de fadas e fábulas têm origem nos tempos imemoriais.
Há indícios de que o primeiro autor de fábulas foi o escravo grego Esopo. Indícios, apenas indícios, pois até hoje não há provas concretas. Não há escritos, manuscritos.
Histórias, historinhas, colhidas da boca do povo. Tudo oralidade.
Esopo teria vivido no século 6 a.C.
Nos séculos 17 e 18 surgiram na França e na Alemanha La Fontaine e os irmãos Grimm, respectivamente.
No ano de 1668 Fontaine publicou seu primeiro livro reunindo pouco mais de uma centena de fábulas, em versos, a que intitulou Fábulas Escolhidas. Esse livro foi dedicado ao rei Luís 14.
Os Grimm foram, como Fontaine, de grande importância para a fabulagem de nossos tempos de infância.
A literatura infantil, em prosa e poesia se acha nos quase 200 países classificados pela Organização das Nações Unidas, ONU.
Pinocchio é personagem italiano e incorpora o mentiroso.
Eu gostava do Pinocchio.
Pra incomodar amiguinhos chatos, eu os chamava de Pinocchio.
Criança apronta muito, e muito. Sempre.
Mais de uma vez eu vi amiguinho defendendo a mãe com uma quadrinha que nunca me saiu da cabeça. Era quando um menino maior xingava um menino menor chamando-o de "filho da puta". Resposta:

Filho da puta
É banana curta
Teu pai é corno
E tua mãe é puta!


O moleque dizia isso e pernas pra que te quero! E corria feito doido, cai aqui cai acolá. E quando caía, apanhava.
Não posso me queixar dos meus tempos de criança. Brinquei de cavalo de pau, de esconde-esconde, de bang bang, de médico e paciente, de passa anel, de bola de gude, de pião. Muitos dos meus brinquedos eu mesmo os construía como caminhõezinhos de madeira, boizinhos e vaquinhas de barro.
O tempo passa e a memória fica.

O MALIGNO E CRIANÇAS EM ARMAS

Uma coisa é certa: a coisa tá feia, como diria o violeiro mineiro de Monte Azul Tião Carreiro (1934-1993), que durante anos e anos fez dupla com o paulista de São Carlos Pardinho (1932-2001).
O presidente Bolsonaro não para de mandar o povo se armar. O povo dele, diga-se de passagem.
Ouvi no rádio e TV noticiário dando conta de que autoridades de Uberaba (MG) e do Rio, RJ, "comemoraram" o Dia das Crianças ensinando a elas como mexer com armas. E de grosso calibre. E bombas de gás lacrimogênio. Um horror! Disseram que era para as crianças começarem a perder o medo de armas de fogo e de bombas. Deus do céu!
Os agentes do Ministério Público estão investigando esses horrores.
Enquanto isso, e no mesmo dia das crianças, Bolsonaro agarra-se no vácuo à cata de votos de cristãos e evangélicos, depois de flertar com a Maçonaria.
Ontem 12, Em Aparecida (SP), o arcebispo dom Orlando Brandes mandou um recado curto e grosso direto a Bolsonaro no correr da homilia: "Nossa Senhora gloriosa no céu, depois da cruz e o céu, é a nossa pátria definitiva. Maria venceu o dragão. Temos muitos dragões que ela vai vencer. O dragão que é o tentador. O dragão que já foi vencido – a pandemia". E disse mais: "Mas temos o dragão do ódio, que faz tanto mal. E o dragão da mentira, e a mentira não é de Deus, é do maligno. E o dragão do desemprego, o dragão da fome. O dragão da incredulidade. Com Maria, vamos vencer o mal e vamos dar prioridade ao bem, à verdade e justiça que o povo merece porque tem fé e ama Nossa Senhora Aparecida".
A minha conclusão é simples: esse cara que mente, mente e mente, não tem o menor escrúpulo. É horroroso de nascença. O objetivo dele é praticar o mau, especialmente a quem dele discorda. 
O Brasil está se cobrindo de irracionalidade da Direita extremosa, assassina.
Bolsonaro não tem limite. Ele rasga as leis e cospe na cara do povo. Do povo brasileiro, do povo pacato, simples, trabalhador. E aos poucos recomeça sua ladainha contra as urnas eletrônicas. E o Exército, na moita.
Cadê o relatório das Forças Armadas sobre o desempenho das urnas eletrônicas?

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