O Brasil é bom demais, mas a gente parece não
saber disso. E a gente não sabe porque não quer. E é tudo muito bonito.
Falar inglês, neste nosso país brasileiro, é o que
há de melhor, para os bestas.
Não que eu seja contra nós nos entendermos em
outras línguas, mas falar na nossa língua, principalmente, é fundamental. Se não
nos entendemos na nossa língua, como vamos nos entender nas línguas dos outros...?
Deus do céu, eu fico doido toda vez que volto ao
ontem. O Ontem é Hoje... E o analfabetismo continua desde sempre. E nós achando
bonito o falar grego dos norte-americanos.
Não sei quanto por cento, mas eu sei que é muito,
e muito mesmo, o muito de livros traduzidos em muitas línguas para a nossa
língua portuguesa, que deveria ser brasileira...
Os governantes, todos os governantes do nosso país
desde sempre, mirabolavam em francês, inglês.
Pois bem, nesse falar, e comportamento, a gente
vai se perdendo, e os outros do outro lado do Atlântico vão nos engolindo.
Estou fazendo esse arrodeio todo para, mais uma
vez, dizer da importância e beleza do meu país patropi.
Ademilde na Borborema |
Toda vez que me chega às mãos um livro como “Para
Dançar e Xaxar na Paraíba: Andanças de Rosil Cavalcanti”, de Rômulo C. Nóbrega
e José Batista Alves, eu passo a ter certeza de que, mais do que existir, o
Brasil é o país de nós, brasileiros.
Mas por que não falamos tanto de nós todos,
brasileiros, como deveríamos falar?
Em todas as livrarias, principalmente as dos
grandes centros, só aparecem em destaque os grandes autores em tradução. Porém,
pergunto: por que os autores brasileiros não aparecem também no destaque
merecido?
A colonização é uma desgraça.
Biografias de personalidades estrangeiras ganham
no Brasil destaque fenomenal. Por que isso não acontece com personalidades e
personagens da vida cultural brasileira?
O mundo é regional, e no seu regionalismo há a
universalidade e o particularismo.
Aprendemos com isso ou não. No universalismo e no
regionalismo podemos entender a grandeza e pequenez de todos nós.
Luiz Gonzaga toca na Borborema |
Quando um autor escreve sobre um artista, em
qualquer língua, é porque o artista representa o universalismo.
Rosil Cavalcanti é um autor universal, por
traduzir o pensamento comum da universalidade popular. Agora, é o seguinte:
como escrever isso, de que forma escrever isso, de que forma dizer de maneira
que todo mundo entenda?
Rômulo Nóbrega, economista de formação, num
momento de inspiração e municiado pelo acervo do pernambucano José Batista
Alves, decidiu trazer à tona um dos personagens mais importantes da cultura musical
do Nordeste: Rosil Cavalcanti. Numa linguagem simples, fácil, compreensível
para todos os comuns, abundante em informação, provando que é possível escrever
de modo natural e direto, sem o academicismo rançoso, chato, que incomoda quem
lê o beabá, por não dizer nada.
O livro “Pra Dançar e Xaxar...”, nas suas tantas e
tantas páginas, traz personagens muito importantes da história da Paraíba ou
que viveram na Paraíba, como Chacrinha, Capiba, Marinês, Luiz Gonzaga...
Detalhe: em 1950, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, lançou em praça pública de
Campina Grande o baião “Paraíba”...
O livro de Nóbrega e Alves traz um perfil muito
bonito e necessário para compreender a cidade paraibana de Campina Grande, que
o multitudo Rosil Cavalcanti escolheu para viver e se eternizar; e não à toa muito
bem observado pelo prefaciador, Agnello Amorim. Agnello, em muitos momentos, no
seu texto conciso, lembra as atividades múltiplas do biografado.
Agnello Amorim, prefaciador |
Marinês dança com Rosil |
Rômulo Nobrega fala a fala do povo, falada por
Rosil Cavalcanti nos microfones da Rádio Borborema, inventada pelo paraibano de
Umbuzeiro Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, aquele que trouxe
para o Brasil a televisão.
Não que eu seja contra que se traduzam livros em
quaisquer línguas para os nossos olhos, e ouvidos. Mas é importante escrever
sobre os personagens da vida cotidiana do nosso País, para nosso deleite e
registro histórico.
Acho que deveriam ser escritos livros sobre a vida,
e principalmente obra, de Sidney Miller, Gordurinha, Manezinho Araújo, Raul
Torres, Billy Blanco e Bahiano; este, especialmente, por ter sido o primeiro
cantor profissional que o Brasil teve. Ele nasceu na mesma cidade em que nasceu
Caetano...
VIVA
DRUMMOND!
O mestre da poesia de Itabira, universal, Carlos
Drummond de Andrade, continua sendo homenageado por sua grandeza na memória do
povo brasileiro. No último dia 3, mestre Drummond foi mola corrente na memória
do país. Como?
Paraisópolis, pequena cidade no sul de Minas
Gerais, realizou sua 6ª Caminhada Poética, "Tinha um Drummond no Meio do
Caminho”. Ideia de um professor, José Antonio Braga Barros, inspirado na Semana
Roseana de Cordisburgo (MG), dedicada à obra de Guimarães Rosa.
Duzentas pessoas, a maioria de fora de
Paraisópolis, fazem uma caminhada de três horas, com dez paradas, nas quais o
Grupo de Teatro Toque de Arte declama poemas do itabirano. A caçula do grupo é
Maria Isabel, de 10 anos. A próxima caminhada será em 2 de julho de 2017.