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quarta-feira, 4 de julho de 2018

LOBATO, UM GÊNIO BRASILEIRO.

O Brasil é pródigo em talento. Talento de todos os tipos, de todas as formas, de todo canto, de Norte a Sul do país.
Falar dos mestres do traço Fausto, Ziraldo e Paulo Caruso, e seu irmão, Chico, é moleza. É como tirar pirulito da boca de criança. Fácil, fácil.
Os mestres dos traços entre os quais citados, recriam o mundo a cada instante. A cada segundo.
Poucos minutos atrás, aproveitei o telefonema do Fausto pra lhe dizer, ou lembrar, que hoje completam-se 70 anos do encantamento do mestre taubateano Monteiro Lobato, de batismo José Renato Monteiro Lobato (1882-1948).
Monteiro Lobato foi um gênio em vários aspectos da vida, especialmente brasileira.
Monteiro Lobato foi um dos formandos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Chegou a ser promotor na cidade onde nasceu. Muito cedo, casou-se com uma Maria;Maria Pureza Natividade, com quem a história registra ter sido pai 4 vezes.
Monteiro Lobato virou escritor por acaso. Isso quem diz sou eu.
No começo, bem no começo do Séc. XX, José Renato Monteiro Lobato herdou de um parente uma fazendo no Vale do Paraíba. Mas ele não era do ramo, não nasceu para ser fazendeiro. Ele encheu-se da atitude dos capiaus da região que tacavam fogo em todo canto, em tudo que era mato.
Os capiaus do séc.19, 20, podiam tacar fogo em tudo que quisesse. E Lobato foi se enchendo com aquele comportamento. E um dia mandou uma carta pra redação do jornal O Estado de S.Paulo. A carta, enviada à seção de reclamação dos leitores, foi publicada na forma de artigo com o título Velha Praga,  em novembro de 1914. Chamou atenção de meio mundo,  na época. Nessa carta/artigo, Lobato detonava o governo,  às autoridades vigentes. Pouco tempo depois, já ficando famoso, reuniu uma dúzia de textos e publicou num livro a que intitulou Urupês.
O livro Urupês foi o primeiro da carreira de escritor, originalmente publicado na gráfica do massudo jornal paulistano....Quer dizer: o primeiro livro de Monteiro Lobato foi publicado de modo independente e foi nesse livro que surgiu o polêmico personagem Jeca Tatu.
Jeca Tatu, uma espécie de fungo malévolo, parasita, foi criado principalmente para chamar atenção das autoridades federais da época.
Esse Jeca foi apresentado ao Brasil como um ser sem futuro, sem iniciativa. Um ser dormente, lascado, feito, amarelo com bicho de pé, unhas compridas, podres, desdentado, magrelo,  barrigudo,  que não pensava além do próprio  nariz e nem podia, porque não sabia, era iletrado, vivia ao deus-dará. Ele trazia consigo todas as doenças que um corpo e uma mente podia trazer. Era o retrato do atraso , da vida em preto e branco, um zero ou dois ou tres a esquerda.. Era um nada a margem de tudo. Lobato foi terrível na sua criação, e nessa criação, ele alcançou seu objetivo: chamar a atenção das autoridades para todos os problemas que viviam os homens do campo.
Urupês, o primeiro livro de Monteiro Lobato, está completando nesse mês e ano, 100 anos da primeira edição.
Monteiro Lobato foi um gênio, sensível como criador e frio com empresário.
Dois dias antes de morrer de uma convulsão mental em julho de 1948,  Lobato concedeu uma entrevista altamente reveladora de sua personalidade,  ao repórter paulista de Itapetininga Murilo Antunes Alves (1919-2010).Ouça:

Monteiro Lobato foi um brasileiro preocupado com o Brasil, como poucos até hoje.
Ao Brasil, Monteiro Lobato entregou a sua vida. Foi crítico,  participante da vida nacional. O presidente da República à epoca, Washington Luís o fez embaixador cultural  nos Estados Unidos. Lá ele escreveu o romance  O Presidente Negro, que não fez sucesso lá nem aqui. Mas, no texto era como se  previsse a eleição de Obama ao poder. Essa ficção virou história.
Monteiro Lobato brigou com poderosos do seu tempo, inclusive Getúlio Vargas. Getúlio, puto com a campanha O Petróleo é Nosso,  mandou seu autor, Monteiro Lobato,  à cadeia.
Quanta história, meu Deus!
É curioso e verdade: no dia 3 de Outubro de 1953 o gaúcho Vargas criou a Petrobrás. Três anos depois, o pernambucano Luiz Gonzaga criou e cantou : Marcha da Petrobrás.


Em 1918, Lobato publicou Urupês. Nesse livro formado por 13 contos e um artigo, um desses intitulado  O Comprador de Fazendas, chegou às telas do  cinema em 1951. E lá está interpretando o  personagem principal o ator Procópio Ferreira. E atenção: nesse filme também está o Rei do Baião Luiz  Gonzaga, cantando músicas do seu repertório. Confira:










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