Cheguei ontem de curta viagem ao Rio Grande do Sul. Sol de lascar. Trinta e tantos, à sombra. Houve hora que temi não aguentar.
Deus do céu, o que está havendo?
A temperatura lá, aqui e alhures está derretendo tudo...
Mas, enfim, lá estive e lá reencontrei o amigo José Antônio Severo, jornalista dos bons e escritor idem de Uruguaiana; mais as meninas Celia e Celma, das Minas de Ari Barroso.
Severo estava em clima de pré-aniversário, às vésperas dos 70.
Eu dez a menos, mas insistindo - e pondo como meta - chegar lá.
A viagem, entre outras coisas, eu aproveitei para degustar os famosos churrascos da terrinha de Um Certo Capitão Rodrigo...
Bons, muito bons de fato são os churrascos de lá.
E com uma cervejinha graus abaixo, então...
Bati pernas.
Fui ao Mercado Central do século 19, onde almocei uma tainha saborosíssima.
Fui também a sebos, como o denominado Livraria Érico Veríssimo, na Jerônimo Coelho, onde achei uns livros que me interessavam muito, entre os quais Som do Sul, a História da Música do Rio Grande do Sul no Século XX, de Henrique Mann (Ed. Tchê, 2002); História do Hino Nacional Brasileiro, de Mariza Lira, editado pela Biblioteca do Exército em 1954 e que há muito eu procurara; uma plaqueta de Noemy Valle Rocha (Conceitos Gerais Sobre Folclore, 1953), um folheto de cordel de 1921 (História do Marujo Vicente) e o romance A Guerra dos Cachorros (L&PM, 1983) do já referido José Antônio Severo e que lerei já, já.
Valeu.
Um dia antes, fui à feirinha de bugigangas do Parque da Redenção.
Como tem parques o Rio Grande, tchê!
Que belo Estado!
Na feirinha também achei umas coisinhas interessantes, como o disco de dez polegadas Gaúcho, de 1953, em cuja contracapa - não assinada - é possível ler:
“Há alguns anos o público cosmopolita vem dando um destaque todo especial à música regional do Nordeste. Veio o baião lá do Ceará, pelas composições de Lauro Maia...”.
Mas não, não é bem isso.
O baião veio de Pernambuco, através do exuense Luiz Gonzaga e do cearense Humberto Teixeira, lançado nacionalmente no dia 22 de maio de 1946 no Rio de Janeiro pelo grupo Quatro Ases e um Coringa, cujos integrantes - aí, sim! - eram estudantes de Direito do Ceará e intérpretes, não compositores.
Enfim, foi legal a esticada até os Pampas.
Estivemos, eu e a minha companheira Andrea, visitando o Memorial Mário Quintana, que ocupa o antigo e charmoso Hotel Magestic, onde se hospedavam figurões estrangeirtos e nacionais, como Getúlio Vargas e Chico Alves, chamado de rei da voz.
Também estive no Chalé da Praça XV onde, dizem, frequentava Lupicíno Rodrigues; e nas bordas do Guaiba estivemos, também.
Porém uma das razões da viagem era entrevistar o estudioso da cultura popular Paixão Cortes, mas Paixão Cortes não estava em disponibilidade, pois meio adoentado e recém saído de alta hospitalar.
Em compensação, conheci o diretor de cinema Tabajara Ruas (aí no clique da Célia), no momento à frente da produção do épico Os Senhores da Guerra, filme baseado em livro homônimo de Severo com previsão de lançamento no segundo semestre do ano que vem.
Tabajara, na sua tranquilidade franciscana, é plural até no sobrenome.
Uma figura e tanto! Inteligentíssima é o que ele é.
EMA KLABIN
Depois de amanhã 6 estarei dizendo coisas em torno de Luiz Gonzaga e cultura popular, na Fundação Ema Klabin.
MEMORIAL
Às 19 horas do dia 9, domingo, estarei junto com Oswaldinho do Acordeon, Papete e Socorro Lira no Memorial da América Latina; mais precisamente as Sala dos Espelhos, falando a respeito do projeto O Samba do Rei do Baião, que está virando disco pra lá de bom.
MÁRIO LAGO
Antes, às 15 horas de domingo 9, estarei dizendo umas palavras sobre o grande ser humano que foi o carioca Mário Lago, que tive o prazer de entrevistar mais de uma vez no meu programa de rádio na Capital e no programa Roda Viva da TV Cultura, por ocxasião dos seus 90 anos. Será durante evento promovido pelo agitador cultural sampaulista Edson Lima. Lago dizia que não era saudosista, que não ficava lamentando. Dizia mais: que seu tempo era o de hoje, e que não ficava na calçada vendo o desfile passar. "Eu vou junto", arrematava.
Grande Mário!
Luiz Gonzaga gravou duas músicas de Mário Lago: Devolve e Não Quero Saber, valsas, em 1946.
CHICO SALLES
Hoje, nas primeiras da tarde, o forrozeiro paraibano Chico Salles está chegando a Sampa.
SEMANA LUIZ GONZAGA/CORTEZ
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