O dia continua lindo.
Meus pensamentos transportam-me a tempos de ontem.
Vejo-me brincando nas areias da praia de Cabo Branco, ali pegadinho a Tambáu.
Vejo-me também, já crescidinho, trepado nos cajueiros e chupando caju.
Bons tempos aqueles!
Lembro-me também das férias passadas em Alagoinha Serra de Boi, no brejo paraibano. Lá eu andava de Jerico e de cavalo de pau, correndo atrás de bandidos furiosos, doido para pegá-los e levá-los à cadeia, como fazia Zorro.
Bom também era quando eu saia com os primos Dio e Dadá prá pegar manga e coco no pé. Era perigoso, claro, mas o perigo é o combustível dos aventureiros, e éramos naquele tempo, todos aventureiros, Parecia que não tínhamos medo de nada. Nem de caixas de marimbondo. Tampouco de chifre de bode e de marrada de garrote.
Este dia outonal trouxe-me também a amiga Cris Alves com cocos na mão.
Tem coisa melhor no mundo do que beber água de coco de manhã num domingo de outono? E ainda por cima, com colheres comemos a laminha dos cocos. Ô coisa boa!
E como se não bastasse, na vitrola rodava um disco do filósofo, cantor e compositor Alcântara das Luzes. Ele é da terra de Juvenal Galeno (1836 - 1931), autor do clássico romântico Cajueiro Pequenino. A propósito, clique acima e curta DiMattos da Rabeca interpretando essa obra prima.
O disco é de fins do século passado e eu o trouxe de Fortaleza, cidade do Alcântara.
Esse é o segundo ou terceiro disco do Alcântara. Não sei bem. Começa com o Rap dos Anjos, cuja letra é o resultado de uma adaptação de poemas do mais importante poeta simbolista do Brasil, o paraibano Augusto dos Anjos (1884 - 1914).
Alcântara das Luzes é, sem dúvida, um dos mais importantes artistas brasileiros. Creio até que já passou da hora de os brasileiros, todos, conhecerem-no. Uma amostra:
NA GALHA DO CAJUEIRO
Cajú, cajueiro, coco e coqueiro e outras frutas são, há muito, temas da nossa música popular. Acima eu trouxe lembranças de um passado distante em que se acham caju e coqueiros. Entre os autores, lembrei Juvenal Galeno, mas há outro, muitos outros poetas romancistas e cantores. Como esquecer Wilson Simonal, de corpo desaparecido no dia 25 de Junho de 2.000. A sua voz, porém continua viva, ouça: