Pessoalmente não conheci o violinista Alberto Marino, hoje nome de viaduto no bairro do Brás; mas conheci o filho, Júnior, de quem nos tornamos amigos.
Júnior, de idade, está fechando a casa dos 80, como Paulo Vanzolini.
Conheci também um de seus quatro filhos, Roberto.
Somos amigos.
Aliás, conheci boa parte da família; como dona Yara Azeredo, mãe do Roberto e mulher-companheira pela vida toda de Marino Jr., até hoje.
O “até hoje”, leiam-se: 60 anos.
Dona Yara é da turma de formandos de 1950 da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a mais antiga do País (a segunda mais antiga é a de Recife, PE, onde estudou o poeta paraibano, meu conterrâneo, Augusto dos Anjos, autor de um só livro, de poesias: Eu, um clássico do gênero e o mais lido da língua portuguesa).
É o caso: conversa vai, conversa vem, o que se leva desta vida, digo: é o que deixamos, ou seja: a amizade que se tem e que o peito mantém.
Pois bem, a primeira vez que falei com Marino Jr., por telefone, foi ali no redor dos anos 90, por telefone. Um pouco antes, talvez; ainda nos tempos em que eu exercia a função de repórter da Folha de S.Paulo.
Pessoalmente nos conhecemos na década passada, quando fui atendido por Roberto, advogado e uma pessoa incrível.
O velho Marino era o titular do Sexteto Bertorino Alma, anagrama que inventou para se esconder da turba elitista da sua época, que considerava artista popular uma espécie de pária da sociedade.
Vejam só!
Estamos falando dos começos dos 900...
Alberto Marino, entre várias composições instrumentais, nos deixou Rapaziada do Braz (com “z”), homenagem à namorada Ângela Bentivegna, com quem se casaria e viveria por toda a vida.
Marino partiu em 1967.
Rapaziada, uma valsa-choro, foi gravada originalmente pelo Sexteto Bertorino, por volta de 1927, num selo chamado Brasilphone; e logo depois pelo Sexteto Piratininga, via selo Arte-Fone, ambos de curtíssima duração.
Em 1960, o cantor argentino naturalizado brasileiro Carlos Galhardo pediu a Marino Jr. que compusesse uma letra para a melodia do pai, o que foi feito da noite para o dia.
Foi, podemos dizer, a beleza se juntando à beleza. Resultado: a perfeição numa obra popular.
Mas o que é que eu quero dizer com este arrodeio todo?
Primeiro: que Rapaziada do Braz foi o primeiro clássico musical da capital de São Paulo.
Mais: que é um clássico com o nome de um bairro paulistano, o primeiro dentre dezenas, hoje.
E mais: que o autor, de família italiana, nascido no bairro da Liberdade, geraria filhos e netos de grande importância para a vida brasileira; quase todos advogados.
Os Marinos juntaram a Arte ao Direito.
É coisa pra se aplaudir, não é?
E por que mais faço este arrodeio?
Ora, para dizer simplesmente que dona Yara Azeredo Marino, da safra de 26, e cuja história passa pela guerra do Contestado, está aniversariando hoje.
Tim, tim.
Parabéns e meus respeitos e carinho a dona Yara.
Ah! Mas o que tem a ver Paulo Vanzolini com esta história?
Simples: é dele o samba-canção Ronda, lançada por Inezita Barroso em 1953 e logo tornada um clássico do cancioneiro paulistano, não basta?
E viva o Brasil!
Na foto acima, de 1953, o jovem Alberto e a jovem Yara, nas Arcadas de São Francisco.
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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
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