Achei demasiadamente esvaziada e desatrativa essa 22ª edição da Bienal Internacional do Livro, sem falar dos altos preços dos títulos etc. etc.
Os títulos da Imprensa Oficial, por exemplo, lá estão pela hora da morte.
Sem explicação, inclusive porque esses títulos são lançados com apoio de leis de incentivo.
Eu, hein!
Quanto ao esvaziamento, houve quem dissesse que se dava por causa do Dia dos Pais e da festa de encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres, onde o Brasil acabou com três medalhinhas de ouro, cinco medalhinhas de prata e o resto de medalhinhas de bronze.
A minha referência à falta de atrativo do evento se deve ao fato de eu não ter visto nenhum espaço reservado à cultura popular que poderia ter sido resolvido por iniciativas públicas, já que se depender da Câmara do Livro, bal, bal!
Não vi uma banca sequer com folhetos de cordel, livros, discos etc. etc. a ver com o assunto popular no sentido cultural, claro.
Jorge Amado estava lá por iniciativa do Sesc, que levou Tom Zé, Ilana Goldstein e Jose Castello para falar dele.
Ponto marcado!
Mas Augusto dos Anjos, coitado, foi totalmente esquecido neste ano do centenário de lançamento do mais importante livro de poesia do Brasil, que, não por acaso, vem ser de sua autoria: Eu.
E também ninguém se lembrou de fazer uma homenagenzinha que fosse ao centenário de nascimento do mais importante artista da música popular do Brasil, Luiz Gonzaga, que não por acaso ocorre este ano.
Luiz foi o divisor de águas da música brasileira.
Quando é que vão perceber isso, hein Nêumanne?
Aliás, nenhum evento significativo em torno do Rei do Baião foi realizado ou programado este ano em
qualquer lugar do território paulista ou paulistano.
Heresia?
Pra lá de heresia!
E pensar que foi aqui na capital paulista que Luiz Gonzaga montou o seu quartel-general e até um LP gravou com essa referência!
Mas tire-se o chapéu: o Sesc foi a única entidade pública a se lembrar de pelo menos um grande personagem da nossa cultura popular: Patativa do Assaré.
Para falar dele e da sua obra, estivemos eu e o fotógrafo Tiago Santiago (foto acima) no Salão de Ideias de lá, da Bienal.
Tiago é o autor do belíssimo ensaio fotográfico que ilustra o livro sobre Patativa O Sertão Dentro de Mim, assinado por Gilmar de Carvalho.
Torço para que os organizadores da Bienal valorizem mais o Brasil e a nossa cultura popular, que entendo ser a digital do povo.
Quem sabe eles, os organziadores, façam uma grande festa de encerramento do centenário de Luiz Gonzaga na 23ª edição da Bienal, hein?
DIA DO JEQUIBAU
O que é jequibau?
Avião ou estrela cadente?
Terra, pífano, galo, gaiola ou um parque sem gente?
Água de beber, bicho de morder ou pio de pinto sem pena?
Flor de açucena?
Um rochedo, floresta ou tronco de ipê?
Nome de gato, gata ou topada no meio da escuridão?
Sol ou apelido oculto do cangaceiro lampião?
Não sei; não sabes, não?
Pois, pois.
Nome de menino ou canção de ninar?
Talvez um anjo torto perdido no oco do céu.
Ou um quadro de Dalí.
Ou um vaso da China, um verso sem rima.
Talvez...
O que é jequibau?
Um romance inacabado ou um disco quebrado?
O apelido da lua cheia ou o coaxar de um sapo de olho no brejo.
Um vulcão ativo, quem sabe?
Um grito de guerra, um psiu acanhado.
Uma baleia presa num arpão.
Um operário escravo do patrão.
Ou um tigre findo num alçapão?
Um boi, um bode, um bonde, um bumbo.
Ou o boto de sinhá!
Não sabes?
Eu sei o nome de quem o inventou: Mário Albanese, um paulistano da safra 31.
Eu o conheci no século passado, há mais de duas décadas.
Não sei se na Pensão Jundiaí da Mariazinha.
Virou amigo, desses que a gente ganha e não quer perder.
Mário estava ontem na pensão da Mariazinha, tocando teclado, tocando jequibau.
Jequibau é um estilo musical criado por Mário e Ciro Pereira.
Certa vez, num folheto, escreveu o poeta popular Téo Macedo, em sextilhas:
Jequibau é jequibau
Diferente marcação
Cinco tempos por inteiro
Contrariando a tradição
Um compasso brasileiro
Nova forma de expressão
Jequibau é jequibau
A palavra é singular
Não existe em dicionário
Não adianta procurar
E depois de tantos fatos
É hora de registrar...
No ritmo jequibau gravaram Hermeto Pascoal, Jair Rodrigues, Altemar Dutra e Moacir Franco, entre centenas de outros artistas brasileiros. No campo internacional, destaque das gravações para Andy Willians, Charlie Byrd, Sadao Watanabe e Rita Reys.
Mário Albanese, nunca é demais dizer: é uma glória nossa absolutamente necessária de se rever, de se redescobrir e aplaudir.
Flores em vida.
AMIGOS
Fazia tempo, muito tempo que eu e Tom Zé não nos encontrávamos. O reencontro ocorreu ontem à tarde na Bienal, registrado no clique de Darlan Ferreira.
Ontem também reencontrei o craque do traço Jô Oliveira, o editor José Cortez, o artista e tradutor do russo para o português-brasileiro Luís Avelima, o cordelista Marco Haurélio e mais um monte de gente bonita.
RIVALDO CHINEM
O amigo Rivaldo Chinem dispara convites nos intimando e ao povo todo para a noite de autógrafos do seu livro Comunicação Empresarial - Uma Nova Visão de Empresa Moderna (Discovery Comunicações), quinta que vem às 20 horas no stand B58, na Bienal.
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segunda-feira, 13 de agosto de 2012
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