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domingo, 17 de março de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (82)

Ovídio
Vênus é a versão romana da mitológica deusa grega Afrodite, uma das inúmeras filhas do todo poderoso Zeus que pintava e bordava como soberano sem concorrente no Olimpo.
Zeus, não custa lembrar, era casado com a vingativa protetora das mulheres grávidas Hera. Ciumenta lá com suas razões, pois o maridão não era brinquedo. Com ela teve meia dúzia de bruguelos importantes e com outras muitos outros, que se tornaram famosos como Hércules, que Hera tentou matar de todas as maneiras.
Hércules foi fruto da união de Zeus com Alcmena, a mulher de Anfitrião, rei de Tirinto.
Entre os filhos de Zeus, fora Hércules, estão Afrodite, Ares, Hefesto, as nove musas do Olimpo e Apolo, irmão gêmeo de Ártemis…
À propósito, Apolo era doido pelo amor do mortal espartano Jacinto, que era também disputado pelo deus Zéfiro, mal casado com a deusa Íris.
Íris é personagem de Ilíada.
Cupido, filho de Vênus, mete flecha no coração de tudo quanto é ninfa habitante da ilha dos amores constante em Os Lusíadas.
Antes de Camões, Ovídio andou falando de amor. Mais do que isso: definiu e ensinou a quem quisesse aprender a arte de amar.
Virgílio

A Arte de Amar é uma obra curiosa e atual, distribuída em três pequenos volumes.
No 1° volume, diz Ovídio:
É justo o que peço: que a moça que ainda há pouco me cativou ou tenha amor por mim ou faça com que tenha eu amor por ela.
Ah, foi demasiado o meu desejo! Que apenas consinta em ser amada, e já Citereia terá ouvido todas as minhas súplicas.
No 2° volume, o poeta nos dá uma aula sobre a Beleza:
Longe de nós todos os meios proibidos. Para ser amado, seja amável, pois não é suficiente a beleza dos traços ou do corpo. Assim mesmo você será, Nireu, amado pelo velho Homero, ou Hilas, de delicada beleza, que as Náiades raptaram por um crime. Se você quer conservar sua amiga e não ter nunca a surpresa de ser abandonado por ela, una os dons do espírito às vantagens do corpo…
E lá pras tantas, já no 3° volume, quase no final, ele destaca:
Onde me deixei levar, insensato que sou? Por que ir ao encontro do inimigo com o peito aberto? Por que me denunciar? O pássaro não ensina ao passarinheiro os meios de prendê-lo; a corça não ensina a correr os cães que se lançam contra ela. Que importa meu interesse? Prosseguirei lealmente em minha empreitada e darei às mulheres de Lemnos as armas para me matar.
Façam de conta (e é fácil) e nós nos sentiremos amados: a paixão se convence facilmente do que ela deseja. A mulher só precisa lançar sobre seu amigo um olhar mais amoroso, suspirar profundamente, perguntar por que ele vem tão tarde. Acrescente lágrimas, a cólera de um fingido ciúme, e arranhe-lhe o rosto com suas unhas. Ele ficará logo persuadido; será o primeiro a se comover; ele dirá: “Ela me ama loucamente”, principalmente se ele for elegante e se admirar no espelho, se acreditará capaz de alcançar o coração de uma deusa. Mas, em todo caso, não se deixe aborrecer demais por uma ofensa, e não perca a cabeça ao saber que tem uma rival!
Antes de Ovídio, e ainda na Antiguidade, Virgílio, no seu clássico Eneida, não deixa de falar de amor. Diz:
Homero
Porém Apolo de Grínia ordenou-me há pouquinho buscarmos a Grande Itália, essa Itália que os vates da Lícia apontaram. Ali, o amor; ali, a pátria.
E antes de Virgílio, Homero no seu Ilíada põe sereias à disposição do herói Ulisses, cuja mulher Penélope o aguarda de volta pacientemente. Fora lutar em Tróia onde uma guerra estourara depois que a rainha grega Helena, mulher de Menelau, rei de Esparta e irmão mais novo de Agamémnon, foi raptada pelo príncipe guerreiro troiano Páris. Foi quando o tempo fechou com raios e trovões pondo em rebuliço o mar que de repente encheu-se de sangue.

Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora

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