É bom demais falar de história, e por que não falamos de história?
O escritor paulista Monteiro Lobato cunhou uma frase que resume um ensinamento: "quem lê mais, sabe mais."
Somos uma nação nova, jovem, de poucas letras e saberes.
É preciso que conheçamos a nossa história, a nossa casa, o nosso País.
Conversar com pessoas que se interessam por história é muito bom.
Neste domingo 29, recebi a confortante visita do jornalista e historiador gaúcho José Antônio Severo, autor de livros fundamentais para o conhecimento da gente, do nosso povo, da nação brasileira.
Severo é autor do livro Senhores da Guerra, em dois volumes, que somam umas mil páginas, e que acaba de chegar às telas na forma de filme de longa metragem. Um épico.
Dessa vez, não falamos sobre a formação histórica do Rio Grande do Sul.
Falamos um tantinho assim sobre os portugueses, incluindo Dom Pedro, e do mar de Minas.
Essa história tem uns cem anos.
Essa história de o povo ter memória curta faz sentido, pois é prática dos nossos governantes apagar o que vem antes.
Exemplo: Dom João VI procurou apagar o antes dele no Brasil.
O mesmo fizeram os Pedros I e II e também o Marechal Deodoro, que foi posto para correr por seu vice, Floriano Peixoto. Um assassino.
A República Velha foi também praticamente apagada pelos poderosos d'antanho.
Ruy Barbosa, jurista e senador da primeira República, ministro da Fazenda de Deodoro, fez um monte de besteira ao apagar parte da história que tem como personagens de uma história feia os negros de África, comercializados como coisas e bichos até 1888, quando a princesa Isabel deu uma canetada os liberando para a vida sem grilhões e sem direitos...
Em 1880, Dom Pedro II assinou decreto cedendo terras para investidores da primeira estrada de ferro, a Bahia-Minas.
Em 1908, os investidores agraciados por esse decreto, faliram e o Banco de Crédito Real do Brasil ficou com as terras hipotecadas. Dois anos depois, foi a vez de esse Banco falir, e aí é quando entra na história o governo mineiro que adquiriu a papelada toda.
A Bahia-Minas, com ajustes aqui e ali, virou fantasma no começo dos anos de 1960.
De acordo com a papelada, caberia à Minas, o pedaço de terra em questão. Detalhe: se levada à risca a negociação histórica, os mineiros, por força de lei, teriam direito a um pedaço de mar. E esse pedaço de mar está bem ali no litoral Sul, no extremo Sul da Bahia dos baianos. Chama-se Caravelas, uma cidadezinha, bonita e aconchegante, habitada por umas 20.000 pessoas. Metragem? 142 km de extensão por 12 km de água adentro. Da região faz parte o distrito Ponta de Areia. Clique:
Pois é, meus amigos, minhas amigas, entendem quando eu digo que é bom falar de história?
No começo dos anos de 1970, o compositor mineiro Fernando Brant era repórter da revista O Cruzeiro, onde também trabalhei. E esse assunto, o do mar de Minas, ele trouxe à tona. Falou-se bastante a respeito à época, mas ficou tudo por isso mesmo. Houve uma troca de informações entre os governadores dos dois estados, uma comissão para estudar o caso foi constituída, mas ao fim e ao cabo Minas continua sem mar.
E aí Téo Azevedo?
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