Mário nasceu no dia 09 de outubro de 1893. Era de família endinheirada, como se diz. Mas depois que o pai morreu ele teve de se virar, como também se virou, no início do século passado, o potiguar Luiz da Câmara Cascudo.
Será redundância dizer, mas digo: Mário de Andrade foi um intelectual de nível tão alto quanto Cascudo.
Mário era rebelde na sua juventude. Cascudo, nem tanto. Cascudo tinha fome e sede por pesquisas. Mário também. Cascudo não tocava piano, Mário tocava e, como pianista, manteve-se depois que o pai morreu: foi professor. Isso, em 1917. Nesse ano o mundo tomou conhecimento da primeira e maior greve de operários já registada. Foi na Rússia, mas essa é outra história.
Mário de Andrade morreu em 1945, poucos meses antes de a II Grande Gerra acabar.
Mário publicou livros necessários para a Compreensão da vida cultural do país. Escreveu sobre música, dança e fez viagens importantes para fazer pesquisa sobre o folclore. Encontrou no compositor e maestro carioca Villa-Lobos, um companheiro e amigo. É de Villa a pesquisa que resultou na colheita de cantigas de roda dos fundões da Paraíba.
Mário foi macho em todos os sentidos, inclusive quando assumiu a condição de homossexual.
Em carta enviada ao poeta pernambucano Manuel Bandeira, no dia 07 de abril de 1928, ele contou das suas angústias referentes à homossexualidade. Essa carta foi censurada pelos posteriores do Mário e somente veio a público há dois anos.
Em carta enviada ao poeta pernambucano Manuel Bandeira, no dia 07 de abril de 1928, ele contou das suas angústias referentes à homossexualidade. Essa carta foi censurada pelos posteriores do Mário e somente veio a público há dois anos.
Em nada mudou na vida e obra de Mário, que seus familiares impediram o tempo todo de as pessoas, todas, conhecerem.
Eu disse lá em cima, que Mário era pianista. Com diploma e tudo, e professor e tal. Pois bem, em pouquíssimas ocasiões o nosso paulistano arriscou-se a compor. Composição famosa dele é por exemplo, Viola Quebrada, que a querida Inezita Barroso e dezenas e dezenas de outros intérpretes gravaram e com certeza continuarão a gravar.
Meu amigo, minha amiga, você conhece a voz de Mário de Andrade? Já a ouviu em algum lugar?
Antes de ouví-la, eu quero lembrar que Mário escreveu um belíssimo poema sobre São paulo, a Capital onde nasceu. Esse poema da década de 1920 chama-se Paulicéia Desvairada. Parte desse poema foi musicado pelo piauiense, amigo querido Jorge Mello:
E por fim, está na Biblioteca dos EUA a única gravação da voz do Mário, cantando na sua casa junto com a cearense maravilhosa Raquel de Queiroz (1910-2003). Incrível, não é? O Brasil parece não gostar de história, de acervo, de memória. Bom, ouçam Mário e Raquel:
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