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sábado, 17 de fevereiro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (75)

Bocage
Infidelidade conjugal é o mesmo que traição. 
Esse tema se acha em tudo quanto é livro importante desde sei lá há quanto tempo! Nas línguas portuguesa, inglesa, francesa, espanhola, holandesa, italiana, alemã…
O sexo é fundamental na vida, seja qual for a vida. Animal, no sentido selvagem ou humano como tal entendemos.
É claro que sobre esse assunto muito já foi dito e muito ainda se dirá.
Na força, ganha o macho. 
A mulher perde não pela sua fraqueza física, mas de certo modo pela submissão. Desde sempre. Bíblia. 
Desde a Antiguidade, o mundo é regido pelo patriarcalismo machista, cuja visão transforma a mulher em mero objeto.
No decorrer do tempo as mulheres têm encontrado força para romper o elo patriarcal e, em liberdade, seguir a  própria vida.
Bela luta, não é mesmo?
Os poderosos, em todos os sentidos, usam e abusam do feminino. Eles podem tudo, a mulher não. 
As Mil e Uma Noites, um clássico árabe, começa quando o sultão Shahryar flagra a mulher aos beijos e abraços com um escravo, na cama. Irado, saca da espada e mata a infiel e seu amante. Depois disso, jura e cumpre a promessa de matar todas as mulheres depois da primeira transa. 
Corno contrariado é um perigo.
Tem o corno brabo e o corno manso, nessa história de pulada de cerca. A propósito, há até “oração” sobre o tema e um belíssimo soneto do Bocage intitulado Soneto do Corno Choroso. Este:

Se o grão serralho do Sophi potente,
Ou do Sultão feroz, que rege a Trácia,
Mil Vênus de Geórgia, oh! da Circássia
Nuas prestasse ao meu desejo ardente:

Se negros brutos, que parecem gente,
Ministros fossem de lasciva audácia,
Inda assim do ciúme a pertinácia
No peito me nutria ardor pungente:

Erraste em produzir-me, oh! Natureza,
Num país onde todos fodem tudo,
Onde leis não conhece a porra tesa!

Cioso afeto, afeto carrancudo!
Zelar moças na Europa é árdua empresa,
Entre nós ser amante é ser cornudo

Na real, no mundo real, são inúmeros e multiplicam-se os casos de infidelidade conjugal. 
Em 1976, o empresário Doca Street matou a sua companheira Ângela por sentir-se por ela traído.
Do tempo antigo há um caso marcante: o rei de Esparta Menelau encheu o mar de sangue depois de traído por Helena de Tróia, considerada a mais bonita daquele tempo, raptada pelo ousado Páris.
Antes disso, muito antes, a mesma Helena tinha 12 anos de idade quando foi arrancada de sua casa pelo venerado guerreiro ateniense Teseu, filho do rei Egeu. Mas isso não deu certo. 
Os irmãos de Helena a salvaram de um possível estupro.
O caso Menelau rendeu muitas histórias. E músicas. 

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