O nosso país de dimensões continentais, novo ainda para o mundo, é, sim, injusto com seus filhos.
Quanta gente incrível chega e parte no anonimato, embora muitas vezes seja dotada de inteligência e sensibilidade invulgares?
Quantos de nós sabemos, por exemplo, ou lembramos quem foi Paula Nei, Álvaro Martins, Joaquim Serra, Raul Machado, Domingos Margarinos de Sousa Leão, Cristóvão Barreto, Rodolfo Teófilo e Ferreira Itajubá, que escreveu uma quadrinha que diz assim:
Quem canta alivia as apenas
Ah! Se eu pudesse cantar
Como canta o verdelinho
Nas ribanceiras do mar!
Eram poetas nordestinos esses todos, nascidos nos séculos XIX e XX, que ousei, após seleção rigorosa de poemas deles, gravar num CD ano passado com tiragem de 1000 cópias, que ninguém deu bola, que ninguém disse nada.
E Renato Caldas, quem foi?
Dica: nasceu na terra de Itajubá e Auta de Sousa.
Quem foi Auta de Sousa?
De outra terra, mas do nosso mesmo Brasil, foi também Alberto Nepomuceno.
O amigo aí saberia dizer quem foi e o que fez na vida Alberto Nepomuceno?
Certa vez lá em casa, Belchior me desafiou: por que você não escreve um livro sobre Alberto?
Estou devendo...
Ah! Claro, políticos-poetas e contistas que assinavam como Barão do Rio Branco e Rui Barbosa muitos conhecem, mas de onde eles eram?
Rui era baiano, tudo bem, todos sabem. E o barão, e o que fez ele de tão importante para o Brasil?
Leonardo Mota, que sabe quem foi?
E Gustavo Barroso, Afrânio Peixoto, C. Nery Camello?
Camello descobriu um cara no mundo da poesia, chamado Zé da Luz? Já ouviu falar? Zé:
Campina Grande! Campina!
Sois a cidade aloprada,
Sois a cidade-sustança!
Reúna dez cidadesinha
Que tu Campina, sozinha
Pesa mais numa balança.
E Abílio Victor, Inaço da Catinguera, Joaquim Mello, Chico Nunes das Alagoas?
No livro O Poeta do Povo, Vida e Obra de Patativa do Assaré, à página 45, eu falo de poetas esquecidos, inclusive de Juvenal Galeno mais antigo, e mais novo Chico Pedrosa que ninguém dá bola.
Com relação a Chico, o Lirinha andou declamando e até gravando umas coisas.
De Luiz Campos e Alberto Porfírio, ninguém fala.
Pois, é.
No nosso país poeta vivo vale pouco; morto, nada.
Poxa! E eu ia falar do Francisco Araújo, um violonista do tamanho do mundo.
Ia falar também de Elifas Andreato, um cara que no mundo não tem outro...
Ia voltar a falar mais um pouco da Cia. do Tijolo e do Concerto de Ispinho e Fulô.
Seguir o blog
Assinar:
Postar comentários (Atom)
POSTAGENS MAIS VISTAS
-
Coisas da vida. Zica Bergami, autora da valsinha Lampião de Gás partiu. Tinha 97 anos completados em agosto. O caso se deu ontem por volta d...
-
http://www.youtube.com/watch?v=XlfAgl7PcM0 O pernambucano de Olho da Agua, João Leocádio da Silva, um dos mais inspirados compositores...
-
Cegos e demais pessoas portadoras de deficiência, seja ela qual for, come o pão que o diabo amassou. Diariamente. SER CEGO É UMA MERDA! Nã...
-
Este ano terrível de 2020 está chegando ao fim, sem deixar saudade. Saudade é coisa que machuca, que dói. É uma coisa que Deus botou no mund...
-
Intriga, suspense, confusão, mentira, emoção atentado contra a ordem e a lei e otras cositas mas . O cantor, compositor e instrumentista To...
-
Escondidinho de carne seca e caldinho de feijão antecederam o tirinete poético travado ao som de violas repentistas ontem à noite, na casa ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário