Fazia tempo que eu nada fazia.
Isto é, que não dava bolas a relógio, horários etc.
Anteontem saí por aí, à toa, engolindo vento.
Fui ao mercadão da Cantareira após passar por um sebo na Mooca.
Fiz compras e conversei com um monte de gente que não conhecia.
Tomei umas; poucas, mas tomei.
Já nos meus domínios na cozinha, caprichei numa bacalhoada.
Liguei o rádio e ouvi notícias sobre a cidade, o trânsito e também sobre a lamentável figura do velho de barbas brancas e postiças induzindo gente pobre a gastar o que não tem, enquanto bufa seu hô, hô, hô idiota pelas ruas da vida.
Li bastante, menos jornal.
Antes de bater a hora de matar a fome, me deitei na rede e me balancei um pouco.
Por um instante, dei de garra do controle e passei a zapear.
Lá pras tantas, o P&B Os Sete Samurais de Akira Kurosawa aparece na telinha.
Colossais, o filme e o diretor.
Fez-me lembrar o filme de três horas e meia o fax de Kurosawa à poeta paulista de Planalto Mariazinha Congílio, amiga querida fundadora da inesquecível Pensão de Jundiaí, outrora frequentada por Hernani Donato, Fábio Lucas, Jayme Martins, Mário Albanese, João Marcos Cicarelli, Geraldo Vidigal, Ives Gandra da Silva Martins e o seu irmão, o pianista hoje maestro João Carlos; Expedito Jorge Leite, Paulo Bomfim, Marcello Glycerio de Freitas, Rhadá Abramo, Inezita Barroso, eu mesmo e tantos outros.
Mariazinha, que já está no céu, teve em 1992 a salutar ideia de criar o Dia Internacional do Homem, com estatuto e tudo que guardo como relíquia.
Os primeiros homenageados foram o jurista/filósofo Miguel Reale, o pintor Inos Corradin e Paulo Vanzolini, de Ronda e Volta por Cima. Depois Mandela, Kurosawa, o palhaço Arrelia, o historiador Sebastião Witter, o professor Pasquale, o cientista Clodowaldo Pavan, o jornalista Oliveiros Ferreira, entre outros.
Na impossibilidade de comparecer pessoalmente à solenidade de entrega de um diploma e um mimo, a Moringa da Pensão, no caso, Kurosawa mandou um fax agradecendo a iniciativa e a escolha de seu nome.
Lembro isso para lembrar a grandeza dos homens simples.
Ser simples por si só é ser grande, é ser sábio.
A pureza anda de mãos dadas com a simplicidade, quem não sabe?
Grande Akira Kurosawa!
Ainda num zap e noutro, aparece na telinha Roberto Carlos cantando suas coisas resultantes de pesquisas e tal.
Lembro dele, sim.
Nos meus tempos de repórter da Folha, nos 70/80, fui escalado para cobrir, numa madrugada fria, uma passagem de som sua, no Ibirapuera.
Fiz a cobertura, claro, mas sem entrevista.
Quem me ajudou no cumprimento da pauta foi o empresário, Marcos Lázaro.
Tudo bem que a vaidade e o lucro estejam acima de tudo nos planos de vida de Roberto, mas que ele é esquisito, isso é.
Como pode alguém se irritar tanto, ao ponto de acionar advogados para retirar do mercado um livro tão bem-feito a seu respeito, no caso Roberto Carlos em Detalhes, do historiador Paulo Cesar Araújo, que conheci de entrevista ao programa São Paulo Capital Nordeste que apresentei por anos a fio na Rádio Capital paulista?
Eu, hein!
Ah! A foto que ilustra este texto, vem dos meus arquivos e lembra o registro da cobertura de passagem de som de Roberto. À esquerda, eu. À direita, Lázaro.
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"À esquerda, eu. À direita, Lázaro." Lá no fundo, o famoso quem?
ResponderExcluirE Roberto, foi convidado alguma vez para ser homenageado no Dia Internacional do Homem?
Hahaha, vc é dez multiplicado por um milhão.
ResponderExcluirMas não, Marcão. Inclusive porque a Mariazinha foi amiga dele, Roberto, e de poetas como Manuel Bandeira.
RC recusaria a honraria sem fax, sem telefonema, sem mandar avisar...
Abração,
do seu amigo de sempre:
Assis