Dá profunda raiva saber que Glauco já não se acha conosco por causa de um débil com a mente tumultuada por drogas que lhe cruzou à frente achando ser Cristo e disparando balas seguidamente matando-o em minutos e a seu filho, Raoni, de 25 anos, na madrugada de sexta 12, poucas horas depois de comemorar alegremente o seu 53º aniversário de nascimento ao lado da mulher Bia e de seus entes mais próximos.
Dá raiva profunda saber que vivemos numa sociedade com leis que tendem a beneficiar o lado da corda mais forte, como a do covarde criminoso que continua foragido, escondido em algum lugar sob a proteção dos familiares que, através de advogado, tentam livrá-lo da cadeia.
Dá raiva saber disso.
Dá raiva, sim, constatarmos ser impotentes para impedir atos tresloucados como o que ceifou a vida de um artista que só o bem fazia em prol de todos e que pensava, dessa maneira, estar contribuindo para que o mundo tomasse jeito e juízo e que fôssemos bons uns com os outros.
Glauco pensava numa sociedade melhor.
Sim, dá raiva pensarmos que o criminoso ainda possa sair-se imune do Art. 121.
Dá raiva pensar que ele, ao livrar-se das grades, possa ir a tratamento numa casa de tratamento para drogados.
É o fim do mundo!
A minha filha Clarissa lembra que o grande educador pernambucano Paulo Freire, que tive o prazer de entrevistar e tê-lo numa noite de lançamento de um dos meus livros, escreveu no seu Pedagogia da Autonomia (Saberes Necessários à Prática Educativa), que chegou a ter alegria por ter raiva, e que isso o ajudou a “continuar no mundo por mais tempo”. Explicou: “Está errada a educação que não reconhece na justa raiva, na raiva que protesta contra as injustiças, contra a deslealdade, contra o desamor, contra a exploração e a violência um papel altamente formador”.
Pois bem, aí está: estou com raiva, sim. E exijo das autoridades responsáveis pela segurança pública a imediata prisão do criminoso que acabou com a vida de Glauco e seu filho, e da Justiça que o condene com a pena máxima.
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