Nessa
tarde de frio danado, deleito-me ouvindo a nova produção autoral – um álbum
duplo pra lá de bonito – do artista maranhense que de música sabe tudo: Papete,
que comentarei aqui, neste espaço, na próxima semana.
Mas
se agora eu falo do cantor, compositor e multi-instrumentista Papete é que acabei
de ouvir as sanfoninhas choradeiras de Toninho Ferragutti dando cor à canção
Senhor José, de Alberto Trabulsi; e a de Ruy Mário alegrando a guarânia
Cubanita, de Almir Sater e Paulo Simões.
E
ouvindo Toninho e Ruy eu me lembrei de Dominguinhos que partiu terça, aos 72
anos.
Lembrei-me
também de um espetáculo (Projeto Música do Brasil; acima) que dirigimos e
apresentamos nas noites de 25 e 26 de novembro de 2006 na unidade Sesc
Pinheiros, com a presença dele, Dominguinhos, Cezar do Acordeon – outro grande,
hoje pouco lembrado –, o cantador repentista Oliveira de Panelas, o violonista Gereba, os
emboladores Caju & Castanha, a cantora Socorro Lira, a rainha do forró, Anastácia; uma camerata regida por Marcelo Martins; e a rainha do baião, Carmélia Alves.
Naquela
ocasião, esses artistas nos ajudaram a contar a história do baião, riquíssima.
Esse
espetáculo foi de grande importância para todos nós; mais ainda para Anastácia,
que há muito não se apresentava num mesmo palco com sua eterna paixão,
Dominguinhos, ao lado de quem conviveu por 12 anos.
Com
Dominguinhos, Anastácia compôs exatas 213 músicas.
Desse
enorme repertório, a Rainha do Forró ainda guarda algumas inéditas, quatro das
quais estarão no seu próximo CD de produção independente, a ser lançado até
setembro.
O
CD, que provavelmente se chamará É Sempre Verão, trará 18 faixas.
As
inéditas compostas por Anastácia e Dominguinhos são: Baião do Trabalhador,
rancheira; Ave de Arribação, arrasta-pé; Se Meus Olhos Falassem, samba-choro; e
o xote Redenção, cuja letra diz:
No
sertão quando sei
Que
o mormaço vai esquentar
Anunciando
a seca, o chão se vê rachar
O
sanfoneiro não dorme mais
Acabou
a sua paz...
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