Ouvi no rádio a notícia de que a cidade de Itu, localizada
na região sorocabana e distante 102 quilômetros da capital paulista, está
vivendo o pior e maior drama da sua história de 404 anos: a falta d’água.
Como Itu, chamada de Cidade da Criança e onde dizem
que tudo lá é grande, inclusive a esperança, dezenas de outras cidades paulistas
passam pela mesma terrível experiência, embora o governo do Estado não
reconheça nisso drama nenhum.
Aliás, vários bairros da capital de São Paulo estão vivendo
em sistema de racionamento há meses, embora o governo também negue esse fato.
Ironicamente Itu é uma das 29 estâncias turísticas do
Estado, mas o fluxo de visitantes está, obviamente, prejudicado por motivo de
força maior: a falta d’água.
Outrora Itu foi a cidade mais importante e rica do
Estado, tanto que chegou até a marcar presença de destaque no processo vitorioso
que levou à proclamação da República em 1889, ao sediar 16 anos antes a
primeira convenção de eminentes republicanos, entre os quais quase todos os
barões do café.
Mas a notícia que me trouxe a realidade vivida
atualmente pelos ituenses me levou também à dura realidade ora vivida pelos sertanejos
nordestinos, que amargam as consequências da estiagem mais violenta do último
meio século sem que o poder público nada faça para sequer amenizar as agruras
sentidas.
E nestes tempos bisonhos de pré-eleição nem a imprensa
diz nada.
Por que será, hein?
Ah! Sim, além de ser uma espécie de berço da República,
Itu é berço também do futebol brasileiro, pois foi lá que se soube da
existência do futebol, notícia trazida por um jesuíta que fora à Europa, em
1878, em busca de novidades para o colégio no qual lecionava e onde rolou bola
no Brasil pela primeira vez: o São Luís.
Alunos do colégio São Luís, de Itu, foram os primeiros jogadores de futebol no Brasil. A foto é de 1897 |
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