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sábado, 29 de setembro de 2018

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES, 50 ANOS






O momento político em que vivemos é crítico, como crítico era o momento político que vivíamos em 1968, 67, 66, 65, 64 e na ordem contrária até 1985, quando Tancredo Neves (1910-1985) foi eleito para governar o país, mas não governou.
Em 1964, os militares assumiram o poder com a ajuda de civis poderosos. Quer dizer: os civis de muita grana compactuaram com os militares e quem pagou o pato foi o povo.
Em 1968, o ano mais marcante do século em todo o mundo, o governo militar decretava o mais perigoso dos atos institucionais:  o AI-5.



Nos dias 12 e 14 de setembro de 1968, a TV Globo promoveu o mais importante dos seus festivais: o Internacional da Canção.
Na noite daqueles dias ora lembrados aconteceu, no teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Tuca, a primeira eliminatória das canções inscritas nesse festival. Dessa primeira disputa, foi para o Rio de Janeiro a canção Pra não Dizer que Não Falei de Flores (Caminhando) do paraibano Geraldo Vandré.
A segunda eliminatória do Festival Internacional da Canção ocorreu nas noites de 26 e 28 de setembro. E na noite 29, hoje é 29, no Maracanãzinho lotado, ocorreu a finalíssima do festival que resultou na premiação em primeiro lugar da canção Sabiá, dos cariosas Chico Buarque e Tom Jobim (1927-1994). O segundo lugar entrou para a história com a música de Vandré, que ganharia no correr do tempo mais de uma centena de regravações em discos nos mais diferentes formatos por artistas brasileiros e estrangeiros, incluindo o italiano Sergio Endrigo (1933-2005), da espanhola Ana Belén e do norte americano Ernie Sheldon (acima a matriz original dessa gravação). Luiz Gonzaga, o rei do baião, também gravou essa música, aliás, foi ele o primeiro cantor a gravar Pra Não Dizer que Não Falei de flores, gravação de estúdio abaixo.
Sabiá é uma canção baseada no poema Canção do Exílio, do maranhense Gonçalves Dias (1823-1864). Lindíssima, aliás, outro dia o Vandré nos disse que alimenta o desejo de um dia gravar essa música.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, se acha toda a obra discográfica de Geraldo Vandré. Caminhando é uma espécie do hino francês La Marseillaise.
Quer saber mais sobre Vandré? Clik os links abaixo:

http://assisangelo.blogspot.com/2014/03/joan-baez-e-vandre-o-encontro.html


Em Paris, um dia, achei o disco que Vandré gravou por lá.Pela primeira vez ele pôs as mãos num exemplar deste disco na minha casa. Emocionou-se. Da mesma forma que há uns 30 anos mostrei-lhe a gravação que fizera para a TV Búlgara.





ZIRALDO
O cartunista mineira Ziraldo foi o autor do desenho que gerou o troféu Galo de Ouro, do festival internacional da canção que eternizou Sabiá e Pra Não Dizer que Não Falei De Flores. Ziraldo está internado num hospital do Rio de Janeiro. Saúde e longa vida a Ziraldo.

Um comentário:

  1. Pra não dizer que não li Assis Ângelo!
    Vandré e o nosso "hino" nos tempo de chumbo.
    "esperar não é saber"
    É momento de todos nós brasileiros, principalmente d'aqueles que falaram de flores, "fazer a hora", afinal em outubro que se avizinha podemos dar um novo rumo ao Brasil.
    Meu comentário não tem qualquer matiz partidária. Decida como você, leitor(a), achar como é melhor "fazer a hora".
    Obrigado Assis. Revivi a década de 1960, cantei Vandré, escutei vaias, e fui agraciado com o vozeirão do mestre Lua, o Rei do Baião

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