1964 – “MAS QUE NADA, SAI DA MINHA FRENTE QUE EU QUERO PASSAR[1]”...
Dando “tudo de mim” entoei meu
canto primal na Casa de Saúde Santa Terezinha sita à Avenida Simôa Gomes nº 342
no mesmo dia que nasceu David Gilmour (1946), um dos guitarristas que na
adolescência fariam minha cabeça para a música e para a guitarra. Era uma
sexta-feira, dia seis de março às nove horas e cinquenta e cinco minutos em Garanhuns
– Pernambuco, também conhecida como: a Suíça pernambucana, terra de frio e
bastante aconchegante. Meu berço estava à minha espera na Rua Alice Dourado
número 113 no bairro de Heliópolis. Fui batizado como Jorge José Ferreira de
Lima Alves em homenagem ao meu avô paterno e, mais tarde, adotei o nome
artístico de Jorge Ribbas, mas
essa história ainda será contada.
A vida não estava fácil, “Deus e
o Diabo estavam na terra do sol”. Jânio Quadros já tinha renunciado e o povo
tinha eleito João Goulart (Jango). Pois é também sou filho da revolução de
1964, o movimento que depôs João Goulart justificando uma “ameaça comunista”.
Uns chamam de revolução outros de golpe de estado e, depois da ditadura,
preferiram chamar de golpe militar que deixou a ideia de violência e Ilegitimidade
nas costas do Marechal Humberto de Castelo Branco. No entendimento de hoje, as
elites, junto aos militares e a imprensa, catalisaram o que hoje se chama de
golpe civil-militar que afetou toda a sociedade.
Pelo resto do mundo aconteceram
os XVIII jogos olímpicos em Tóquio, a moda da minissaia foi lançada pela
inglesa Mary Quant e Nikita Khruschev perde o poder para Leonid Brezhnev.
Nasci na gestação da MPB, junto
com a estreia do show Opinião[2]
no RJ, num momento onde a bossa-nova declinava e gestavam os movimentos
populares de contestação ao sistema que refletiam os dissabores do golpe de 64
na ânsia pela democracia.
O xará Jorge Goulart já
prenunciava a moda dos cabelos grandes quando lançou “Olha a Cabeleira de Zezé”
enquanto Roberto Carlos antecipava as futuras campanhas anti-fumo com “É
Proibido Fumar”, especialmente descendo a augusta a 120Km por hora.
Eram os chamados anos 60 da
gestação da MPB, do auge do Baião que vai ceder espaço para a jovem guarda –
iê, iê, iê, no caldeirão da revolução. Desde o ano anterior a garota de Ipanema
ainda não dormia, deslumbrada com a composição de Tom Jobim e Vinícius de
Morais. O baião saia da moda, sendo substituído na mídia pela bossa-nova e
depois pela jovem-guarda. Sou da mesma idade de Diana Krall, Tracy Chapman,
João Gordo, Dinho Ouro Preto, Lenny Kravitz, Courtney Love, Tom Morello do Rage
Against the Machine e Eddy Veder, vocalista do Pearl Jam.
A música popular internacional desse ano
nos deu muitas canções, mas as que, mais tarde, fizeram parte da minha existência
foram: Canção tema de The Addams Family (Vic Mizzy), Glad All Over (Dave Clark
& Mike Smith), Oh, Pretty Woman (Roy Orbison
& Bill Dees), A World Without Love (John Lennon
e Paul
McCartney) e Zorba's Dance (Mikis
Theodorakis).
De janeiro a maio os Beatles, que se tornariam
muito presentes na minha carreira musical, fizeram a festa; lançaram o Beatles
for Sale, fizeram sua primeira viagem pelos Estados Unidos quebrando todos os
recordes de audiência na televisão ao se apresentarem no Ed Sullivan Show,
Lennon lançou “In His Own Write” seu
primeiro livro e, ainda, foram os primeiros artistas pop a serem representados
em cera no Museu de Madame Tussaud. Ocupam todas as cinco primeiras posições na
lista de Top Pop Singles da Billboard com "Can't Buy Me Love",
"Twist and Shout", "She Loves You", "I Want to Hold
Your Hand", e "Please Please Me", detêm 14 posições na lista dos
Hot 100 da Billboard - Anteriormente, o maior número de singles de um único
artista a fazerem parte da Hot 100 ao mesmo tempo foi de nove de Elvis Presley
em 1956. E pra completar a febre Beatlemaniaca, nos Estados Unidos, o Segundo
Disco dos Beatles sobe ao primeiro lugar nas paradas de LPs apenas duas semanas
após seu lançamento, sendo o primeiro álbum na história a atingir o primeiro
lugar tão rápido, além de ocupares as seis primeiras posições das paradas
australianas.
Enquanto na BBC estreia o Top of the Pops,
os Rolling Stones lançam seu primeiro trabalho em 26 de abril, o grupo The
Mamas & the Papas e Marianne Faithfull iniciam suas carreiras e Elvis
Presley lança o seu 14º filme (Kissin' Cousins) no cinema.
Na música
clássica Aaron Copland estreava sua: Musica para uma grande cidade, meu xará
George Crumb dava nascimento ao seus quatro Noturnos (Música Noturna II) para
violino e piano e Dimitri Shostakovich estreava seus quartetos de cordas nº 9
em Mi bemol maior, Op. 117 e nº 10 em Lá bemol maior, Op. 118, e eram estreadas
as óperas Traces de Luciano Berio, Curlew River de Benjamin Britten e Don
Rodrigo de Alberto Ginastera, onde o tenor Plácido Domingo fez sua estreia na
cidade de Nova York. Continua...
[1]
“Mas que nada”, música do xará Jorge Benjor no disco Samba Esquema Novo de 1963..
[3]
Filmes lançados em 1964.
Essa é uma parte da história do nascimento do cidadão Jorge Ribbas, cantor e compositor da vida brasileira. Espalhem esse nome... Eu gostaria de ouvir o Jorge tocando e cantando junto com Vandré, Milton Nascimento, Paulinho da Viola e Socorro Lira. Jorge Ribbas é multi. Ouçam mais um pouco do Jorge Ribbas: https://tratore.com.br/smartlink/realidade, https://tratore.com.br/smartlink/cantoandino
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