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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A PRÁTICA POLÍTICA DA TRAIÇÃO

Você já ouviu falar em Judas Iscariotes?
Pois bem, foi esse cara que um dia entregou Cristo a seus algozes.
Esse gesto lhe rendeu 30 moedas de prata.
Em valores de hoje, essas moedas valeriam cerca de 200 dólares americanos ou um pouco mais de 1000 reais, na nossa moeda. Uma merreca. Mas foi por esse merreca que Cristo findou pregado numa cruz, por nós.
Traição é uma praga prática surgida em tempos imemoriais.


O Brasil tem na história
História de traição
Calabar traiu seu povo
Em troca de patacão
Tiradentes, nosso herói
Foi morto por traição

(Do Cordel Serpente Quer por Ovo no Coração do Brasil; reprodução da capa, ao lado)

A traição de Judas fez-me lembrar o intenso jogo político que ora ocorre nos gabinetes palacianos e, especialmente, na Câmara e Senado. 
Rodrigo Maia foi traído pelo seu próprio partido, o DEM, liderado pelo esperto ACM Neto. Essa traição já gera reflexo em vários outros partidos. 
O PSDB, o MDB, o PT e o escambal devem votar no candidato do palácio, o deputado Artur Lira. 
No Senado, a situação também é pró palácio. 
Há pouco o MDB estava fechado contra Pacheco e a favor de Simone Tebet, concorrente à substituição de Davi Alcolumbre.
Tebet agora está mais só do que ermitão em mata fechada. 
Já cantando vitória, Bolsonaro sai da moita e manda recado ao seu arqui-inimigo Rodrigo Maia: "Seja feliz. Tudo um dia acaba". 
Com a vitória de seus candidatos na Câmara e no Senado, Bolsonaro ganha fôlego e pode continuar a jogar contra o povo brasileiro sem que seja impedido. 
Esse é o jogo do toma lá da cá. Esse jogo também é chamado de favas contadas. 
Política não é pra iniciante. 
O ex-governador mineiro Magalhães Pinto (1909 - 1996) deixou uma frase clássica: "Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Você olha de novo e ela já mudou".
Outro mineiro, Tancredo Neves (1910 - 1985), em estudo sobre a política brasileira, também deixou uma frase memorável: "Voto secreto gera uma vontade de trair danada". 
As eleições que começam logo mais à noite, na Câmara e no Senado, serão secretas. 
Curiosidade: a turma pró Bolsonaro Câmara, seguros da vitória, estão rindo a toa com um bolão a 200 pratas por cabeça. Os mais eufóricos, cravam 302 votos pra Lira. 
A derrota de Maia é visível. Só um milagre o salvará, mas contra ele há muitos Judas. 

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