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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

ÓCULOS PARA CEGOS, HEIN?

Sexta 19, ali pelas 11 horas, fui convidado a conhecer as instalações da biblioteca Louis Braille no Centro Cultural São Paulo. Até lá fui levado por Flor Maria e Cris Alves. Fui muito bem recebido pelas pessoas que cuidam dessa biblioteca. A ideia e o desejo eram testar um equipamento especial, feito em Israel, para possibilitar a leitura de livros a quem não vê. O equipamento tem por nome "óculos-scanner", fabricado pela Orcam.
Os ditos óculos-scanner, chamados também de "óculos inteligentes para cegos", chegaram ao Brasil em 2018, mas até hoje poucas são as pessoas com deficiência visual que tiveram ou têm acesso a eles. Os motivos são vários, mas destaco dois: o altíssimo preço (R$18.000, 00) e na prática sua pouca eficiência. A mim não me entusiasmou, confesso. Como funciona?
Aos óculos é acoplada, numa de suas hastes, pequena câmera. O usuário dá um toque na câmera depois de segurar o livro que deseja ler. A câmera foca a página e dela faz uma foto. Essa foto faz com que a câmera, depois de novamente acionada, leia o texto pretendido. Aí começam as falhas, pois quase sempre a foto sai com má qualidade. A leitura é feita por uma voz robótica, computadorizada. 
A biblioteca Louis Braille do Centro Cultural São Paulo foi criada há 75 anos. No seu acervo há milhares de livros em braille e em audio, à disposição de interessados. Pra tanto, basta fazer um
cadastro. Sete funcionários atendem o público. Quatro dessas pessoas são portadoras de deficiência visual e três videntes.
No linguajar das pessoas portadoras de deficiência visual, videntes são aquelas que não têm problemas visuais. 
À frente da biblioteca Louis Braille se acha Carlos Henrique Gomes Costa, o Caíque.
Caíque é funcionário público e presta serviço na biblioteca há dezoito anos.
Entre as pessoas que me receberam sexta 19, além de Caíque, se achava a baiana Edna, com problemas visuais desde a infância. "Ela não enxergava da vista direita e tinha visão residual na esquerda. O médico disse que sua visão poderia melhorar na puberdade ou poderia perder totalmente esse sentido. Com Edna aconteceram as duas coisas: ela teve súbita melhora da visão no olho esquerdo, mas em seguida perdeu totalmente a visão. Hoje dedica sua vida a colaborar com outros deficientes visuais", conta sua amiga Cris Alves.
Há alguns anos, Edna teve a ideia de criar uma espécie de passeio para videntes, no Centro Cultural São Paulo. Esse passeio, chamado de "Passeio no Escuro", visa promover a sensibilidade de videntes para melhorar a inclusão de quem tem baixa ou nenhuma visão.
Ao fim da visita, que adorei, Edna pediu que  eu declamasse algum poema. E declamei: 
 
 

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