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sábado, 10 de fevereiro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (73)

Cora Pearl
O estupro, além de provocar transtornos emocionais, quase sempre também leva a vítima à prostituição. Isso se acha em narrativas reais e fictícias.

Na década de 60 do século 19, na França, uma personagem inglesa do mundo real chamada Emma Elizabeth Crouch (1835-1886), para um público especial Cora Pearl, fez estrondoso sucesso se prostituindo. Antes de “cair na vida”, Elizabeth foi internada num convento de freiras na França e ao sair de lá foi estuprada por um desconhecido com mais do dobro de sua idade. À época, ela tinha 15 anos. 

Perdida, assustada, Elizabeth alugou um espaço em Paris e passou, então, a entregar-se aos homens para sobreviver.

Elizabeth Crouch morreu fora do território parisiense, em Monte Carlo, no ano do lançamento do livro no qual conta a sua história: Mémoires d’une Courtisane.

História parecida, só que na ficção, teve Madame Bovary.

Essa personagem de Gustave Flaubert (1821-1880), era interiorana e apaixonada por leituras românticas. Casou-se com um médico, foi infeliz, e suicidou-se depois de cair nos braços de um amante. 

Algo parecido, muito parecido aconteceu com Anna Karenina.

Anna Karenina, uma criação do russo Tolstói (1828-1910), matou-se atirando-se na frente de um trem.

Não é incomum  nos dias de hoje uma mulher usar o próprio corpo para galgar posições importantes na sociedade. 

Cristo ainda não havia nascido quando nasceu em Alexandria, então capital do Egito, aquela que seria a mais fulgurante e poderosa mulher do seu tempo: Cleópatra. 

Cleópatra integrava a dinastia ptolomaica. Seu pai Ptolomeu XII era grego.

Os homens da família de Cleópatra eram chamados de  Ptolomeu I, II, III, IV...

Sempre visando o poder, Cleópatra chegou a casar-se com dois de seus irmãos, Ptolomeu XIII e Ptolomeu XIV.

Incesto, não?

Incesto era uma prática comum e não punível na Antiguidade.

Jorge Amado

Na literatura antiga há muitos registros sobre o assunto. 

Sófocles, considerado pai do teatro grego, escreveu e levou à cena Édipo Rei. Nessa peça que Aristóteles classificou de "verdadeira tragédia", o personagem Édipo casa-se com a própria mãe, Jocasta, sem saber e com ela gera filhos. Quatro: Antígona, Ismênia, Etéocles e Polinice. 

Ao descobrir, surpresa, o incesto consumado, a mãe de Édipo se mata e ele desesperado fura os próprios olhos e sai zanzando perdido na escuridão. 

No mundo encantado dos orixás a chamada rainha das águas Iemanjá casa-se com um irmão e com ele tem um filho que finda por engravidá-la.

É tudo muito louco, não é?

Iemanjá,  no seu berço africano, era negra. No Brasil, é branca.

A obra de Jorge Amado (1912-2001) é toda recheada de personagens ligadas ao mundo dos orixás. Tereza Batista, por exemplo, é filha de Iansã.

Essa Tereza é protegida de todos os orixás, a partir do justiceiro Xangô.

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