A Pedra do Reino, um calhamaço de 750 páginas, trata de histórias fantásticas.
Delícia de se ler, do velho Ariano, são também o Santo e a Porca e O Auto da Compadecida.
Nesse Auto, os personagens fazem estripulias impagáveis.
A santa Compadecida é interpretada pela atriz Fernanda Montenegro.
Além de santa, Fernanda também interpretou Teresa uma lésbica na trama criada por Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga. Título: Babilônia, que esteve no ar pela Globo em 2015.
Nessa novela ocorreu o primeiro beijo lésbico na TV brasileira. A respeito da personagem que interpretou, Fernanda declarou: “Considero o papel uma declaração de não preconceito a respeito da opção sexual”.
É bom que se diga que antes de Babilônia, a Globo pôs no ar a novela Amor à Vida. Essa novela, de Walcyr Carrasco, também tem personagens gays: Félix e Niko.
Depois disso, o tema virou feijão com arroz na telinha. Porém, não custa dizer que foi o cearense Adolfo Caminha (1867-1897) o primeiro escritor brasileiro a publicar um livro abordando de maneira claríssima a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo. O caso se acha no livro Bom-Crioulo (1895), cujos personagens principais são o ex-escravo Amaro e Aleixo. Esse Aleixo é conquistado por uma cafetina e com ela teve a primeira transa. Gostou e por gostar deixou Amaro. Termina em sangue.
Do mesmo Caminha são os livros Voos Incertos (poesia, 1886), Judith e Lágrimas de um Crente (contos, 1887) e Cartas Literárias (crítica, 1895).
Do mesmo autor são os romances A Normalista (1893) e Tentação (1896).
A Normalista conta a história de uma menina que perde a mãe e o pai e é criada por um padrinho, que nutre por ela uma obsessão, chegando a engravidá-la.
Até parece que aí tem um dedo de Nelson Rodrigues, mas não. Nelson nasceu em 1912 quando Caminha já havia morrido há 15 anos.
Curioso nessa história também é o último livro de Caminha: A Tentação. Na trama há um troca-troca entre dois casais. E mais não digo.
Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora
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