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domingo, 29 de setembro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (134)

George Orwell
Idílio, amor, traições, estão presentes em quase tudo que Shakespeare escreveu.
Amor e paixão na obra shakespeariana marcam mesmo quando abordados de forma leve, tranquila, insinuantemente. Exemplo é a peça Muito Barulho por Nada, que entre nós virou ditado popular.
Essa história tem lá seu lado engraçado, picante e tal. Um dos personagens ama uma jovem, mas não tem coragem para dela se aproximar. Pede então ajuda a um amigo príncipe pra servir de elo entre ambos. Lá pras tantas a cobiçada jovem é acusada de dar pra Deus e o mundo. E mais não digo.
E o enredo de A Megera Domada, hein?
Nessa peça Shakespeare mistura humor com seriedade, riqueza com pobreza, erudito com o povarél. O enredo põe em destaque a disputa de dois jovens por uma donzela: Bianca. Mas Bianca não pode se casar antes de sua irmã mais velha, a megera…
Em 1958, Huxley voltou ao tema por ele abordado em 1932. Título: Regresso ao Admirável Mundo Novo.
Nesse novo livro, o autor avalia as previsões que fizera no seu livro de estreia no qual alertava o mundo para educar os seus cidadãos, da melhor forma possível, para não caírem em ditaduras. Isso, infelizmente, há muito ocorre. São 49 ditaduras ou quase ditaduras espalhadas mundo afora, segundo pesquisa feita pela Freedom House e tornada pública em 2021.
O Admirável Mundo Novo pode ter inspirado George Orwell a escrever 1984, originalmente publicado em 1949. Nos livros desses autores há de tudo, incluindo distopia, cenas de amor, prazer e sexo. Exemplo, em 1984:

… A cintura da garota na dobra de seu braço era macia e quente. Ele a puxou, de modo que eles estavam de peito a peito; o corpo dela parecia derreter no dele. Para onde quer

que suas mãos se movessem, tudo era tão flexível quanto água. Suas bocas se agarravam; era bem diferente dos beijos duros que haviam trocado antes. Quando voltaram a separar seus rostos, os dois suspiravam profundamente. [...]

Winston colocou seus lábios contra a orelha dela. “Agora”, ele sussurrou.

“Aqui não”, sussurrou ela de volta. “Vamos voltar para o esconderijo. É mais seguro”

Rapidamente, com um crepitar ocasional de galhos, eles trilharam seu caminho de volta para a clareira. Uma vez dentro do anel de mudas, ela se virou e o enfrentou. Ambos respiravam rápido, mas o sorriso havia reaparecido nos cantos de sua boca. Ela ficou olhando para ele por um instante, depois abriu o zíper de seu macacão. E, sim!, foi quase como em seu sonho…


Foto e Ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora

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