Políticos
intelectuais como Euclides da Cunha, Ronaldo Cunha Lima, Saulo Ramos, Ariano Suassuna,
Paulo Vanzolini, Manuel Bandeira e Rachel de Queiróz eram grandes entusiastas da
poética musical do repente brasileiro. Esses nomes me levam a outros, como Almir Pazzianotto, Peter Alouche e Aldo Rebelo, ex-deputado federal e atual
ministro dos esportes.
Certa
vez, na década de 70, veio da França o professor Raymund Cantel, titular da cadeira
de cultura popular universal da Sorbonne, para desenvolver pesquisa sobre
literatura de cordel e a arte do Repente. Agora mesmo, seguindo seus passos,
chega à São Paulo a estudante Elvina Le Poul. Ela já ouviu dezenas de repentistas e no
Instituto Memória Brasil disse que os europeus, especialmente os franceses, têm
grande admiração pelos poetas improvisadores ao som de viola.
Pois
bem, de muito bom grado atendi ontem o convite do amigo Aldo Rebelo para
almoçar ao lado de alguns desses artistas tão admirados. Foi um encontro e
tanto no tradicional restaurante Andrade, especializado em pratos típicos da
culinária nordestina.
O
encontro reuniu Sebastião Marinho, Andorinha, João Bernardo, Luiz Wilson, Zé
Teotônio, Téo Azevedo e Moreira de Acopiara, entre outros (foto acima no
clic de Darlan Ferreira).
O
secretário de cultura do município de São Caetano, Jander Lira também esteve
presente.
Houve
momentos marcantes de uma verdadeira cantoria.
Sebastião
Marinho e Andorinha abriram a roda glosando o mote O Brasil está Querendo dona
Dilma Novamente (Click abaixo).
https://www.youtube.com/watch?v=BQr-2id_2A8&feature=youtu.be
Outro momento bonito foi quando o aboiador Zé Teotônio desenvolveu um tema em que os vaqueiros do sertão estão sendo substituídos por motoqueiros.
https://www.youtube.com/watch?v=BQr-2id_2A8&feature=youtu.be
Outro momento bonito foi quando o aboiador Zé Teotônio desenvolveu um tema em que os vaqueiros do sertão estão sendo substituídos por motoqueiros.
Demonstrando
estar ainda totalmente integrado às suas raízes nordestinas, Aldo Rebelo chegou
a se emocionar por instantes enquanto aplaudia os artistas em performance. Ele
mesmo chegou a informar que na sua terra, Alagoas, as vaquejadas também contam
com motoqueiros com suas máquinas endiabradas a correr atrás de boi. Uma
tristeza.
Euclides
da Cunha, Ronaldo Cunha Lima, Saulo Ramos, Paulo Vanzolini, Manuel Bandeira e
Rachel de Queiróz não tiveram tempo para ver com seus próprios olhos a tragédia
da substituição da vaqueirama por motoqueiros.
Ariano
viu e sofreu.
Saulo
Ramos gostava tanto de cantador repentista que chegou a levar alguns para tocar
na casa de Roberto Carlos, entre eles Otacílio Batista e Oliveira de Panelas.
Alias,
numa certa ocasião o poeta pernambucano Manuel Bandeira escreveu:
Anteontem, minha
gente,
Fui juiz numa função
De violeiros do Nordeste
Cantando em competição,
Vi cantar Dimas Batista,
Otacílio, seu irmão,
Ouvi um tal de Ferreira,
Ouvi um tal de João...
Fui juiz numa função
De violeiros do Nordeste
Cantando em competição,
Vi cantar Dimas Batista,
Otacílio, seu irmão,
Ouvi um tal de Ferreira,
Ouvi um tal de João...
O trecho aí faz
parte de um longo poema que o poeta publicou na coluna que escrevia no jornal
do Brasil, em 1959. Detalhe: Muitos anos depois, o compositor/cantor Djavan
musicou e gravou num LP os primeiros onze
versos sem dar crédito ao autor...
Fica o registro.
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