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sábado, 20 de maio de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (17)

Assis e Capiba

Em 2014, uns tais de Filipe Escandurras e Magno Santana fizeram uma coisa chamada Lepo Lepo. Um grupo especializado em porcaria musical, Psirico, gravou e encheu o bolso de grana. A coisa ficou nas paradas do rádio durante intermináveis três ou quatro meses. O cara do Psirico não cantava, gemia ou grunhia num suposto ato sexual. Mas não houve censura. Aliás, anote: se não gostar do que ouve no rádio e vê na TV, mude de rádio, de canal ou desligue.
No carnaval baiano de 2023 o grande sucesso foi uma josta chamada Zona de Perigo, interpretada por um cara que faz tempo se acha na crista da onda, Léo Santana.
A interessante letra de Zona de Perigo, dada a sua beleza e profundidade filosófica, precisou da colaboração integral de seis intelectuais ora de reconhecida fama: Adriel, Rafa, Ivees, Fella, Pierrot e LuKinhas.
O ritmo de Zona de Perigo é resultado da mistura incrível de arrocha, pisadinha, funk, suor e peido, como certamente diria o despachado e sem papas na língua Capiba.
O pernambucano Capiba, autor de belíssimos frevos, rebatendo jovens músicos de sua época dizia que "Som universal é peido!".
Aproveito pra compartilhar com vocês um pedacinho, só um pedacinho, da interessantíssima música Zona de Perigo: "Sensacional o jeito que ela faz comigo/ É fora do normal, estou na zona de perigo/ ...Essa bebê provoca, a bunda dela pulsa/ ...E vem sentando gostosinho pro pai...".
Se bunda pulsa, bunda pensa.
Pergunto: isso é arte?
A banda Blitz faturou legal com o carimbo de proibição que a censura da ditadura militar lhe deu.

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