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quarta-feira, 26 de maio de 2010

VIVA SIVUCA!

Foi num dia como o de hoje, só que do longínquo maio de 30, cheio de emboscadas, mortes, revoluções etc. e tal, que o paraibano de Itabaiana Sivuca acordou o mundo com um berro, talvez de sanfona.
Tudo nele era diferente: o olhar, os cabelos, o andar, os gestos, o falar e a forma de encarar o próprio mundo.
Idéias não lhe faltavam.
Criatividade também não, tampouco sensibilidade e perseverança.
Era um dínamo que o mundo aprendeu a aplaudir desde Recife, passando pelos Estados Unidos e Japão.
Como o baiano Ruy Barbosa, que diz a lenda ter ensinado inglês aos ingleses, o sanfoneiro Sivuca ensinou a meio mundo a tocar bem violão.
Era craque também nesse instrumento.
De natureza, era um ser inquieto.
Milhões de idéias o levavam para onde houvesse uma nota musical perdida ou pronta para ser achada.
Fazia arranjos, compunha, tocava, cantava, dirigia espetáculos, dançava, pulava.
Era contagiante.
Sem dúvida, um mágico era o que era o meu conterrâneo e amigo que Deus levou; de batismo Severino, igual ao do homem que me pôs no mundo junto com dona Maria Anunciada, minha santa mãe.
Dito isso, digo também da alegria que tive ao encontrar outro dia num sebo do Boulevard Saint-Germain, na Saint-German-des-Prés, Paris, proximidades do famoso Café de Flore, um disco de dez polegadas intitulado Sivuca et les Rythmes Brésiliens de Silvio Silveira: Samba Nouvelle-Vague, lançado pelo selo Barclay, cuja capa ilustra este texto.
O Café de Flore, inaugurado em 1887, é famoso por ter contabilizado entre seus freqüentadores intelectuais, pintores e libertários.
Passaram por lá Hemingway, Léger, Camus, Picasso, Delon, Bardot, Belmondo e tantos de tantas áreas do cotidiano invulgar, incluindo Paulo Benites e Peter Alouche. Sartre teria dito: "O Café de Flore pra mim foi o caminho da liberdade".
Sartre ficava lá horas e horas com Simone, trabalhando.
Era uma espécie de escritório dos dois o lugar, também para o poeta Apollinaire.
Ah! Sim, nesse disco Sivuca não faz muito uso da sanfona e dá é gosto ouví-lo cantar, numa entonação que vocês precisam ouvir: bossa nova, mas com dois sambas assinados por ele mesmo: Fala Amor, pendendo pruma batucada; e Rosinia. Afinadíssimo, o Sivuca.
No disco tem Jobim, João Gilberto, esses caras.
Lembro do nosso último encontro, em São Paulo.
Corria a segunda parte de 2006.
Foi num hotel da região da Avenida Paulista, cá em Sampa.
Eu, ele e Glorinha Gadelha, sua fiel escudeira por muitos anos desde Nova Iorque, onde se conheceram. Ele trabalhando, ela estudando.
O cidadão Severino nasceu num maio.
O artista que o mundo acolheu, também.
O primeiro disco de Sivuca foi à praça em maio de 1951, um mês e pouco depois de ser gravado nos estúdios da Continental, no Rio de Janeiro. Trazia duas músicas, dois choros: Carioquinha no Flamengo, de Waldyr Azevedo e Bonfiglio de Oliveira; e Tico Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu, que o criador do bebop Charles Parker gravara dois meses antes em New York City e lançara num disco de dez polegadas.
Enfim, viva Sivuca!
Viva Glorinha!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

SENADO APROVA FICHA LIMPA

Sob a presidência interina do senador goiano pelo PSDB Marconi Perillo (foto), foi aprovado por unanimidade no início desta noite, no Senado, o projeto Ficha Limpa gerado pela mobilização popular em setembro do ano passado. Agora cabe ao presidente da República Luís Inácio Lula da Silva sancioná-lo.
O projeto é um marco na história recente do nosso país; e importantíssimo, pois visa moralizar a política e devolver orgulho ao cidadão brasileiro.
A aprovação do Ficha Limpa foi inesperada para muita gente, incluindo juristas. Muitos acham que mesmo com a sanção presidencial o projeto dificilmente entrará em vigor ainda este ano. Mas tudo é possível, pois, para isso, basta vontade política.
E o Lula não vai perder essa oportunidade, não é mesmo?
O vice José de Alencar, presidente em exercício, já disse: “O Brasil preciso disso”.
O disso, no caso, é o projeto Ficha Limpa em vigor ainda este ano e válido contra o Ficha Suja.

O SAMBA ACABOU?
- Engraçado, a revista norte-americana Sports Illustrated exibe capa dedicada ao futebol e vaticina que o samba morreu. Qual é, hein?

DOR DE CORNO
- E o Ronaldinho? Se mordendo todo, o meia-atacante foi à Rádio Montecarlo choramingar. Entre um soluço e outro juntou as mãozinhas e jurou que não vai assistir aos jogos da Seleção, na Copa. Justificativa: “Gosto de jogar e não de apenas ver”. Então, tá.

FICHA LIMPA É ALGEMA PRA ESPERTINHOS

Algo sem dúvida de extrema importância está ocorrendo hoje no país, pois não é que de uma hora pra outra a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado acaba de aprovar o projeto Ficha Limpa de iniciativa popular, que proíbe a candidatura de sujeitos condenados pela Justiça a concorrer a cargos eletivos? Isso quer dizer o seguinte: se aprovado no plenário do Senado, o projeto provocará uma mudança radical na forma de se fazer política partidária no Brasil já a partir deste ano. O relator, senador do DEM goiano Demóstenes Torres (foto), chegou a prever que se isso de fato se concretizar é bem possível que pelo menos 25% de seus pares estarão fora da política nacional desde as próximas eleições, pois não poderão se reeleger.
Será o mal sendo cortado pela raiz, sem dó nem piedade.
O projeto se aprovado ainda hoje em plenária do Senado, como se espera, também breca a ânsia tresloucada de alguns muitos empresários de doar grana de forma ilegal para eleger seus representantes nas diversas esferas da política.
Bom demais.
Neguinhos que forem expelidos da profissão por suas representações classistas, como a Ordem dos Advogados e o Conselho Federal de Medicina, por exemplo, também serão alcançados pelas garras do Ficha Limpa.
Bom, não?
Aguardemos o andar das horas.

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