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terça-feira, 29 de novembro de 2011

UMA IMENSA CRACOLÂNDIA?

Leio que o crescimento do consumo e do Produto Interno Bruto, PIB, que mede o enriquecimento do País, tem feito milionários 19 brasileiros todos os dias, desde 2007.
A notícia está nas páginas da última edição da revista Forbes, norte-americana.
É a partir dessa revista que o mundo fica sabendo quem é mais rico e quem deixa de ser menos rico, no correr de cada ano.
De acordo com ela, o Brasil já tem 30 bilionários e 137 mil milionários; cerca de 70% deles – e da riqueza nacional – concentrados no Rio e em São Paulo.
E nós, pobres, temos o que a ver com isso?
Bem, o Brasil cresce de um lado e empobrece do outro.
A pobreza maior, porém, se acha nas áreas da educação e da civilidade.
Anteontem 40 pessoas, segundo jornais de hoje, lincharam um cidadão pacato, trabalhador, após passar mal ao volante de um ônibus e atingir três carros e três motos, ferindo um rapaz sem gravidade, na Rua Torres Florêncio e Rielli, na zona Leste de Sampa.
A gravidade ficou com ele, que morreu, deixando uma viúva e quatro filhos.
Ninguém foi preso.
Triste, fim.
Sim, triste como a multidão de drogados que se espalha que nem fogo em palheiro pelos quadrantes da cidade, sem que o prefeito nada faça.
Um lenitivo?
O deputado Itamar Borges, do PMDB, informa que o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, e a presidente Dilma Roussef, do PT, estão preocupados com o que ocorre na chamada Cracolândia.
Ontem à noite houve uma reunião no Palácio dos Bandeirantes, com a presença do próprio Itamar, para tratar da questão.
Enquanto há vida há esperança, não é?
Aguardemos.

domingo, 27 de novembro de 2011

PERGUNTO AOS CORINTHIANOS: TEM OU NÃO TE MACUMBA?

De fato, não há no mundo time igual ao Corinthians paulistano.
Desde que surgiu, em setembro de 1910, tem mexido a cabeça e coração de seus seguidores, milhões, porque é no seu fazer diário uma espécie de religião.
Lembro como sofria o meu amigo Lourenço Diaféria!
Lourenço escreveu um belíssimo livro sobre o Timão, vocês conhecem?
O Timão tinha tudo pra levar o título de campeão hoje contra o Figueirense, evitando – acho –o embate desnecessário do próximo domingo contra Vasco, para alegria de outro amigo e conterrâneo, Moacir Japiassu, criador do provocativo Janistraquis, vocês se lembram?
O Coringão fez o que tinha de fazer, ou seja: um gol de placa, diga-se, do Liedson, de cabeça, do presente que recebido de Alex, que cruzou da esquerda para a direita e... Pimba!
Mas como eu dizia, não há no mundo um time como o Timão.
É dor de cabeça, de coração e tudo o mais que ele nos dá todos os dias; mas também alegria, é claro.
Tem macumba, não tem macumba ou o que tem o Corinthians?
O torcedor Guilherme Silva compôs, em 1977, a marcha carnavalesca Tem Macumba no Timão, que Luiz Rosadinha gravou para Discos Itapuã.
O mesmo Silva, e no mesmo ano, compôs o samba Sem Macumba no Timão, para Tony Sampaio gravar num compacto simples para o mesmo selo Itapuã.
A questão é: tem ou não tem macumba no timão?
O cordelista baiano Maxado Nordestino escreveu, nos anos de 1970, dois folhetos.
Um deles, o Sapo que Desgraça o Corinthians, que irritou a torcida; e outro, Corinthians não é mais Aquele do Sapo Cururu, que o redimiu perante a mesma torcida.
O problema é que o Corinthians é o que é, ou seja, único: com ou sem macumba, com ou sem sapo cururu a lhe infernizar a vida e a vida da sua “nação”.
Domingo que vem mais surpresas nos espera.
Não foi assim, no ano do centenário?
Uns versos?

Tem ou não tem macumba
No time do nosso coração?
Tem sim e não tem macumba
No chamado grande Timão
Ele é o maior e sempre será
No campeonato Brasileirão

Mais uns?

O Corinthians ganhou hoje
Mais um jogo no Brasileirão
Porém ele deixou de ser
Antecipadamente campeão
O que somente fará domingo
Que vem contra o Vascão.

sábado, 26 de novembro de 2011

MÁRIO LAGO, HOJE 100 ANOS

Hoje faz cem anos que Mário Lago nasceu.
O caso se deu no Rio de Janeiro, onde também morreu à boca da noite de 30 de maio de 2002.
Nasceu numa sexta e partiu numa quinta.
Orgulhou o Brasil e seus contemporâneos.
Atuou na vida como jornalista, advogado, compositor, radialista e ator; e como ator, também cantou.
Chegou a gravar discos; dois LPs, pelo menos.
Suas músicas foram gravadas por muitos intérpretes, de Chico Alves a Orlando Silva, que dele lançou a canção Nada Além, composta em parceria com Custódio Mesquita.
Eu gostava dele.
Fiz até um especial com ele, ao vivo, no programa São Paulo Capital Nordeste, que permaneceu no ar, pela Rádio Capital AM 1.040, durante seis anos e meio.
Foi um programa bonito, histórico, feito quando ele estava completando 90 anos de vida.
Também participei da mesa que o entrevistou, ao vivo, para o programa Roda Viva, da TV Cultura, mais ou menos no mesmo ano do seu aniversário natalício.
O centenário de Mário está sendo comemorado no Rio de Janeiro, por amigos e familiares.
Em São Paulo, também.
Aqui as comemorações começarão no próximo dia 2, sexta, das 19 às 22 horas, e delas vou participar a pedido do agitador cultura da Praça Benedito Calixto, Edson Lima, criador do projeto O Autor na Praça.
Viva Mário!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

E VIVA O CIRCO!

Foi um bom papo o de ontem no Centro de Memória do Circo do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) da Prefeitura Municipal de São Paulo, conduzido por Verônica Tamaoki.
O Centro está instalado num prédio do Anhangabau.
A região do Anhangabau abrigava, no começo do século passado, o Circo Piolin de que falo no livro A Menina Inezita Barroso.
Ali naquela região, o velho Mazzaropi tinha escritório fixo.
Ali também o romancista e musicólogo paulistano Mário de Andrade se encantou com as performances de Piolin, tanto que escreveu crônica na revista Terra Roxa sobre ele.
Piolin, para quem não sabe, nasceu dentro de um circo em Ribeirão Preto, SP, como o compositor, cantor e instrumentista Adão da Viola que anda por aí cantando e contando histórias.
No fundamental - para a cidade e para todo o País - Centro Memória do Circo falamos eu e Ayrton Mugnaini (na foto acima, de microfone em punho), para uma platéia pequena, porém atenta.
Lembramos das origens do circo.
Lembramos de grandes cantores brasileiros, como Chico Alves e Vicente Celestino, mais Sílvio Caldas e Luiz Gonzaga, que encontraram no circo o espaço que precisavam para mostrar sua arte e talento.
Não esquecemos, claro, de falar dos pioneiros cantores palhaços, como Eduardo das Neves.
E como esquecer de nomes como Carequinha, Torresmo e Arrelia, sobre quem, aliás, a pedido próprio, escrevi texto para livro autobiográfico lançado há alguns anos pela Ibrasa.
Tantas histórias...
Ayrton acaba de realizar ampla pesquisa sobre o tema, que espero ver tomar forma de livro logo, logo.
Este nosso país é mesmo incrível, não é?
Na sua formação, há palhaços e palhaços.
Palhaços de picadeiro e palhaços da vida real.
Os da vida real, são os que sofrem na unha de políticos sem noção.
Os do picadeiro há! Esses são de fato incríveis e nos fazem um bem danado.
Como vai, tudo bem, tudo bem, tudo bem, bem, bem?
Um Chaplin brasileiro?
Mazzaropi é um bom nome, não é?
Amâcio Mazzaropi nasceu na rua Vitorino Camilo, bairro de Campos Eliseos, em 2012.
Quer dizer: no próximo ano, ele completaria 100 anos de idade.
Ele tem tudo a ver com circo.
Numa entrevista à revista Veja, em 1970, ele disse:
"Quero morrer vendo (sic) uma porção de gente rindo em minha volta".
Morreu num hospital da capaital paulista, com médicos e enfermeiros muito tristes a sua volta.
E Luiz Gonzaga, cujo centenário de nascimento também se comemorará no ano que vem?
Cliquem aí:

sábado, 19 de novembro de 2011

"SERTANOJICE" É DOENÇA, VOCÊ SABIA? E VIVA O CIRCO!


Hoje tem espetáculo?
- Tem sim, senhor!
Hoje tem espetáculo?
- Tem sim, senhor!
Eu era menino quando circos se armavam na “periferia” da pequena Alagoinha.
Eu estudava em João Pessoa ia à Alagoinha nas férias de junho, e às vezes também em dezembro.
Houve um tempo que Alagoinha era chamada de Alagoinha Serra de Boi.
Essa bela cidade fica a cerca de 90 quilômetros da capital paraibana,
Pois bem, os circos chegavam lá e no dia da estréia um palhaço saia às ruas de megafone em punho anunciando as atrações.
Atrás dele, um bando de moleques de calças curtas respondendo à pergunta sobre se haveria ou não espetáculo.
Eu, entre eles.
Ao fim da caminhada atrás do palhaço, o prêmio: um risco à tinta especial feito no meio da testa, que garantia a entrada gratuita ao espetáculo. Vou falar sobre isso segunda que vem às 19 horas na Galeria Olido, à av. São João, 473, centro velho de Sampa, ao lado do amigo e craque no tema Ayrton Mugnaini. Informações pelo telefone 3397.0177.

PALHAÇO CHARLES
E hoje tem espetáculo no palco do palhaço Charles, à rua Fradique Coutinho, 1004, Vila Madalena. Começa às 22 horas, com entrada gratuita. E vale a pena ir inclusive porque Charles, criação do ator paraibano Alessandro Azevedo, está completando 15 anos.
Eu vou, você vai?

TEATRO DE RUA
Desde ontem e até o próximo dia 26, grupos de teatro de rua de todo o País estarão se apresentando em São Paulo. As apresentações fazem parte da 6ª Mostra de Teatro de Rua, este ano dedicada ao criador dos grupos de teatro VentoForte, Lino Rojas. Detalhes pelo telefone (11) 8337-5168.

SERTANOJO
Cuidado, isso é doença braba.
O primeiro sintoma de quem está com “sertanojice” é demonstrar algum interesse por duplas que atendem por Chico Rey & Paraná, Gian & Giovani, Gilberto & Gilmar, Rud & Robson e Rick & Renner, que são vírus brabos. Vocês viram o que aconteceu com Zezé di Camargo e Luciano? Pois é: discos no encalhe aumentando cada vez mais, os dois irmãos inventaram de brigar para ocupar espaços nas mídias. E conseguiram, pois estão em todo canto em tom de “reconciliação”. Resta saber se voltarão a desencalhar as bobagens gravadas.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

INEZITA BARROSO E SUAS MIL HISTÓRIAS


Toda vez que Inezita telefona, telefona rindo e disposta a contar histórias.
Ela é uma figura incrível!
Hoje, telefonou para saber se eu sabia que há índios que fazem à mão viola de cocho.
Mostrei meu espanto, embora sabendo que foram os jesuítas que lhes apresentaram os primeiros instrumentos de cordas, principalmente a referida viola que tem origens fincadas em Portugal e no velho mundo árabe.
Pois é, ela começou, “uma vez me disseram em Cuiabá, no Mato Grosso, que havia por lá um índio que fazia esse tipo de viola”.
Curiosa, ela quis conhecer o índio fabricante de viola de cocho.
“Eu não acreditei muito, mas fui lá”, lembra.
O índio morava num ranchinho de palha, bem humilde.
Quando soube que Inezita queria conhecê-lo, o índio se preparou todo, incluindo sua palhoça etc. Até um tapete, uma espécie de tapete, ele providenciou para recebê-la.
E assim foi.
Mas a primeira impressão que ela teve dele não foi das melhores.
Ele era carrancudo e tinha cara de mau.
Mas foi só a primeira impressão, pois logo em seguida ele se mostrou afável.
Inezita queria comprar uma de suas violas.
Ele não queria vender, queria dar.
E aí começou uma rápida discussão, que terminou com Inezita ficando com duas violas: uma comprada e outra, dada. Mas foi a dada, ele disse, “a mais melhó”.
E ele tocou pra ela ouvir.
E ela ouviu notou um som “diferente”, e pediu explicação.
Ele:
- É que a corda do meio é de tripa de macaco, e se a senhora deixá eu vô trocá essa corda por outra, que não é de macaco.
Foi quando ela ficou sabendo que era proibido matar macaco pra fazer de suas tripas cordas para viola de cocho.
E ainda tem a vez que ela fugiu dum hospital para apresentar seu programa, Viola Minha Viola.
Conto depois.

SAMBA DA VELA
- Logo mais às 21 horas, na unidade Sesc-Vila Mariana, tem pré-lançamento do CD Samba da Vela, Revelando Novos Compositores. Ontem o convidado especial foi Almir Guineto. Hoje, é Mário Sérgio. Os primeiros a me falar sobre essa história de samba da vela, que está fazendo 11 anos, foram os amigos Paulo Vanzolini e Osvaldinho da Cuíca. Começou num bar chamado Ziriguidum, em Santo Amaro, zona sul da capital paulista. Pertencia a Chapinha, que se juntou a Paquera, sócio e parceiro, e deu no que deu. Hoje o chamado Samba da Vela é ponto de encontro de velhos e futuros bambas na Casa de Cultura de Santo Amaro, toda segunda-feira, a partir das 20 horas. Detalhe: lá, pinguço não tem vez; seja bamba ou aspirante a bamba. Motivo? Para que seja garantida a paz no lugar.

CHORINHO
- Antes, às 19h30, tem chorinho saindo alegre do piano do craque Marco Bernardo, num belo espaço da velha sede da Caixa Econômica, ali na praça da Sé, 111. Ele interpretará obras de Antônio Callado, pioneiro do nosso chorinho; Chiquinha Gonzaga, maior compositora brasileira até no volume de obras; Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Zequinha de Abreu, Waldir Azevedo e outros bambas. Eu não irei, pois um mesmo corpo não pode estar ao mesmo tempo em dois lugares... Mas, é claro, recomendo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

OS FILHÕES DE PAIZINHOS DA USP E O 11, 11, 11

Abro os jornais e de novo leio notícia sobre os filhões de paizinhos da USP, anunciando retomada da greve após alguns deles serem flagrados desrespeitando a lei, que existe pra ser cumprida.
Querem a Polícia fora do Campus.
E querem também o reitor no olho da rua.
E o governador!
Papeis invertidos!
E tanta coisa importante eles poderiam fazer!
Poderiam, por exemplo, se mobilizar para pôr fim ao ataque constante das saúvas aos cofres públicos.
Poderiam também centrar energias a favor de iguais causas nobres, como exigir do governo condições de vida melhor para a população, incluindo salário justo, emprego, saúde, moradia e, claro, ensino de alto nível, com professores bem pagos e ensinando a quem quer aprender.
Houve um tempo, eu lembro, e não faz muito, que estudante estudava, professor ensinava e passarinho trinava.
Mas os passarinhos hoje estão gogos pela poluição das grandes cidades, como Sampa, enquanto a roda da vida gira fazendo o dia amanhecer, o sol brilhar, a noite escurecer e a lua e as estrelas nos alumiar.
Cada qual no seu papel neste eterno ciclo, mas os papéis estão invertidos...

Hoje o dia amanheceu macambúzio, com o sol tímido sendo acariciado por ventos frios.
Mas agora, a essa hora do dia, oito e tanto, o astro-rei parece começar a reagir, para fazer o dia mais claro e quente.
Tomara que consiga.
Dei uma espiada no calendário e encontrei a provável razão para a indisposição do dia.
É que hoje é 11, de 11, de 11, e para quem entende do riscado esse é um numeral cuja energia tem a ver com autoritarismo, competição, briga por poder e corrupção.
Vai ver, é isso o que mais querem os filhões dos paizinhos da USP.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SANFONEIRO CHAMBINHO VIVERÁ REI DO BAIÃO, NO CINEMA

O diretor Breno Silveira, o mesmo de 2 Filhos de Francisco, está arregaçando as mangas para por no telão a história do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, e seu filho adotivo, Gonzaguinha.
Quem vai fazer o papel dos primeiros anos da vida do Rei, no cinema, é o paulista de São Bernardo do Campo Nivaldo Expedito de Carvalho, mais conhecido por Chambinho do Acordeon.
A história de Gonzaga é uma história incrível, forte, instigante.
Negro, pobre, nordestino e semi-analfabeto.
Quer dizer, ele tinha tudo para ser um zero à esquerda em qualquer contagem que fosse feita.
Mas a sorte estava à espreita.
E ela apareceu na forma de uma pisa dada pelo pai Januário e pela mãe Santana, num dia só, fim de tarde, em Exu, sua cidade, quando tinha 17 anos de idade.
O motivo?
Cachaça e confusão.
E a pisa, de tão braba, o envergonhou e o fez fugir de casa e se aventurar no Exército, mentindo a idade para poder se alistar.
Findavam os anos de 1920.
Já alistado, mas por desconhecer quaisquer notas musicais, virou corneteiro de caserna.
E após muita água correr por debaixo da ponte, e dez anos depois da pisa, ele aparece tocando sanfona nos cabarés do baixo Rio, quando tem a atenção despertada por um violonista português, Xavier Pinheiro, e por um certo estudante de Direito chamado Armando Falcão, que liderava um grupo de outros estudantes.
Logo surgiu a oportunidade de gravar o primeiro disco solo.
Um não, dois no mesmo dia: 14 de março de 1941.
A partir daí, sua história mudou.
Como mudará a história de Chambinho, sanfoneiro que começa a trilhar a estrada com a mesma idade que Gonzaga tinha quando se preparava para ao estrelato: 31 anos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

INEZITA BARROSO E SUAS HISTÓRIAS

Hoje a Inezita tava que tava, toda falante.
Ligou pra pedir desculpas por ter demorado pra dar retorno à ligação que lhe fiz ontem, no começo da tarde. Desculpou-se dizendo que acabara de almoçar e partira para atender recomendação médica, de descansar um pouco, pois já não se acha a mesma menina que retrato no livro que escrevi a seu respeito.
Mas, como não poderia deixar de ser, aproveitou para dizer que isso não é motivo de lamentação, não. Que ta, que ta, sem perder, por exemplo, uma gravação sequer do programa que apresenta há 31 anos, interruptamente, Viola Minha Viola, pelo canal 2 da TV da Fundação Padre Anchieta, de São Paulo.
E foi falando, falando, e eu ouvindo suas deliciosas histórias.
Falou em tom crítico sobre a invasão da Reitoria da USP por estudantes, elogiando, no episódio, a posição do governador Alckmin. Falou de Papete, "um grande artista, que me fez muito bem ao participar recentemente do meu programa". Falou de suas viagens pelo País afora, algumas ao lado de Oswaldinho do Acordeon, "que era muito bonito e despertava paixões na mulherada". Elogiou também a dupla de comediantes do Zorra Total, Janete e Valéria. Disse que Tom Cavalcanti, coitado, está perdido, sem graça, na Record. E deu uma cutucada na Hebe:
- Imagina, quando era menina ela já era profissional de TV. Eu tenho 86 anos e ela 76, pode?
Em seguida, contou histórias engraçadas ocorridas em casa e fora de casa.
Em casa, lembrou que uma vez uma cunhada, grávida, chamou a atenção de sua filha, Marta.
O diálogo:
- Tia, por que você ta com esse barrigão?
A tia gostava de responder a tudo que lhe perguntassem, viessem as perguntas de onde viessem inclusive da cacholinha das crianças. E ficou pensando, pensando, numa boa resposta quando foi interrompida:
- Tia, você não vai me enganar dizendo que aí dentro tem um bebê que você engoliu, né?
Outra.
Inezita um dia levou a menina para assistir a um ensaio de orquestra, sob a regência do maestro Segesfredo (Fêgo) Camargo, pai de Hebe.
E ela, a menina, foi se aproximando, se aproximando ate ficar frente à frente com um violoncelo.
Curiosa, Inezita perguntou:
- De qual instrumento você mais gostou?
E ela:
- Daquele, que parece um violãozinho de índio.
Era o Cello.
Esta ocorreu com ela mesma, Inezita.
Convidaram-na para um evento alusivo a um aniversário da extinta TV Tupy, no Memorial da América Latina.
Lá pras tantas, a apresentadora anunciou pêsames pela morte da cantora e atriz Wilma Bentivegna.
Na platéia, sentadas, Inezita e a própria Wilma.
As duas se entreolharam, se levantaram e foram embora.
Wilma morreria muito tempo depois, no começo deste ano de 2011, aos 81 anos.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

PAPETE, O MAIOR PERCUSSIONISTA DO MUNDO HOJE ANIVERSARIA


Princesa do Mearim, Capital do Médio Mearim ou Macabal’s City como é chamada por uns e outros a Bacabal querida do meu querido amigo José.
Esse José tem ainda no nome Ribamar e Viana, para completar.
Em suma: José Ribamar Viana.
Vocês sabem quem é José Ribamar Viana?
Ele é incrível!
De tão incrível, um amigo nosso comum, como se diz, Aldemir Martins, pintor cearense dos melhores do País, o rebatizou com o nome de uma ilha: Papete.
Mas a ilha tem dois “e” depois do “p”.
E como achou muito, Aldemir tirou um dos “e”.
Papete ilha fica na Polinésia francesa.
Pois, pois, paremos por cá.
Macabal é uma pequena e bela cidade maranhense localizada a cerca de 250 quilômetros de São Luís, capital do Estado.
Essa cidade é berço desse José, que boa parte do mundo conhece, sim, sim, por Papete,
Pois bem, e fazendo as contas nos dedos, por décadas, assim: ...20, 30, 40, 50, 60...
Epa!
Chegamos à conclusão que por ele, Papete, já se passaram, além de muitas águas aparentemente paradas, 64 anos.
Isso é muito tempo?
Isso é pouco tempo?
Na verdade isso não importa.
O que importa é saber que o tempo é relógio que não se quebra, como esse Papete.
Papete, o artista, começou a carreira cantando numa rádio de Gurupi, em Tocantins.
Ele, como Luiz Gonzaga, queria ser artista, ser cartaz.
Um como o outro queria cantar a vida brasileira.
José Ribamar Viana, o Papete, não faz outra coisa na vida se não isso.
Ei, cá pra nós: esse arrodeio todo pra dizer que Papete é do tamanho do nosso País; é do tamanho do mundo a partir do Maranhão, que é o seu coração e a razão da sua vida; eu sei.
Parabéns, Papete!
Que esses 64 anos se multipliquem muitas vezes.
Ah! Outro dia chafurdando coisas no meu acervo, achei uma revista, Moda & Viola, do comecinho dos anos de 1990, com duas páginas na forma de entrevista que fiz com ele, Papete. O título foi: Não Somos Caubóis, Somos Boibóis.
Uma coisa digo agora:

Papete é gente grande
Do tamanho deste mundo
Ele faz o que não fazemos
No piscar de um segundo
Ele é do Maranhão
Ele é um giramundo

PS – Minha querida Andrea, que está aqui ao meu lado, te deseja tudo de bom multiplicado, por milhões.
Darlan Ferreira, amigo do Norete e querido que te conhece artisticamente mais do que você mesmo, multiplica os milhões em bilhões as alegrias e saúde que eu e todos nós te desejamos.
Arriba, companheiro!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O QUADRINISTA ALOISIO DE CASTRO E O CANGACEIRO CARCARÁ


Aloísio de Castro é um dos quadrinistas brasileiros mais talentosos e respeitados que conheço, na atualidade. É da linhagem dos grandes e a prova disso está na nova produção em forma de revista que acaba de pôr à praça através da Qualidade em Quadrinhos Editora, de São Paulo, depois de ser premiada para publicação pelo edital do Programa de Ação Cultural, ProAc, da Secretaria de Estado da Cultura do Estado de São Paulo, neste ano de 2011.
Trata-se de uma história muito bem contada e magnificamente desenhada com traços fortes, marcantes, seguindo argumento assinado pelo próprio autor e que se passa num lugar qualquer, ermo, do causticante sertão nordestino, de tantas lutas e desigualdades sociais insolúveis.
Chama-se Carcará o personagem que dá título à revista e movimento à história.
De um lado, além de Carcará, há um coronel folgazão e violento de nome Emerenciano; e, de outro, um humilde e sensato cidadão chamado Ananias, pai três vezes e dono de um pedaço de terra almejado pelo truculento e ganancioso coronel.
O enredo é simples e muito bem desenvolvido.
Na verdade, os personagens do enredo e a própria história são o grande pretexto para o craque Aloísio mostrar mais uma vez o seu enorme talento na arte de quadrinizar histórias, e essa começa em 1928, dez anos antes da morte de Lampião, o Rei do Cangaço, representando, de certo modo, pelo celerado Carcará e seu bando de valentões; e pode ser dito que finda no início de outra, a da revolução dos paulistas, ou Constitucionalista, em 1932, desencadeada no dia 9 de julho daquele ano contra o ditador Vargas, o mesmo que poria fim ao cangaceirismo no Nordeste.
Nas quase cem páginas em que se desenvolve a trama, Aloísio gera pérolas de estranha força literária, como esta:.
“O som dos cascos quebrando ossos, torturam minha alma”.
Poesia pura, como se vê; com gosto de sol, fel e coragem, gritada num pesadelo do velho Ananias.
E esta:
“As lembranças parecem tiros dentro da cabeça de André”.
Na história, André é um dos filhos de Ananias, que volta à casa onde viveu e em lugar dos pais encontra cruzes indicando que foram mortos. O pai de peito aberto, num tiroteio irregular com os cabras de Emerenciano; e a mãe pelas costas, com tiros disparados covardemente e à queima-roupa pelo filho de Emerenciano, Antenor.
É uma história danada, que prende atenções.
Agora, o seguinte: se eu fosse você iria correndo procurar essa revista pra ler no próximo feriado, que, aliás, tá batendo à porta, hein?

domingo, 6 de novembro de 2011

MÃOS AO ALTO!

João Gilberto está mais difícil de se ver do que orelha de freira.
Melhor: mais difícil de se ver do que Nossa Senhora da Conceição.
Mas, claro, está difícil de ser visto por causa do calor do Rio, que o derrubou na semana que passou.
Isto é: o calor o fez gripar, por isso ele não veio ontem à Sampa murmurar suas canções e fazer caretinhas lindas na batidinha bonita do dim, dom que modelou.
João gripou, João está dodói, coitadinho do João.
As más línguas - delas ninguém escapa! - dizem que ele gripou por causa do encalhe repentino dos ingressos para suas apresentações na turnê idealizada para comemorar seus 80 anos Brasil afora.
Na última vez que ele deu o ar da graça por cá, foi em 2008.
Na ocasião, os ingressos custavam entre R$ 30,00 e R$ 360,00.
Uma pechincha.
O Auditório Ibirapuera lotou, mas agora os ingressos engordaram e subiram de preço.
Por cabeça, a bagatela média de R$ 500,00 a R$ 1.400,00.
Danado, não é?
Depois há quem pergunte por que João gripou.
E o que tem ele a ver com a santa da Conceição?
É que ela tem se engraçado do advogado Pedro Siqueira, que a vê quase todos os dias, no Rio.
A notícia tá na Folha de quarta 2, sob o título: Linha Direta com o Céu, caderno C, pág. 10.

sábado, 5 de novembro de 2011

INVERSÃO DE VALORES


Num tempo não muito distante, estudantes estudavam e professores ensinavam, de verdade.
E havia respeito mútuo.
Hoje, estudantes fingem que estudam e professores - grosso modo - idem.
E também já não há respeito de quem estuda por quem ensina.
São os tais valores invertidos na sociedade moderna.
Lembro disso ao ver estampada nos jornais a notícia de que estudantes da USP estão em greve e têm até o final do dia para pôr fim a isso.
Não que greve seja algo simplesmente condenável.
Pelo contrário: é arma de bom calibre para operários de qualquer lugar do mundo se defenderem dos abusos praticados pelas forças patronais.
Mas não é o caso aqui exposto.
Tudo começou semana passada, quando três estudantes foram flagrados pela polícia fumando maconha.
Logo outros estudantes correram a prestar “solidariedade” aos colegas.
E foi feita uma assembléia pela greve, que foi deflagrada por uma diferença de 15 votos.
E a assim, em decisão relâmpago, a reitoria foi ocupada pelos consumidores de marijuana.
A conseqüência disso é o prejuízo causado a milhares de matriculados da USP, que estão sem assistir a aulas desde então.
Eu, hein!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

CÉLIA E CELMA, ANTÔNIO SEVERO E ONALDO QUEIROGA

As mineirinhas irmãs Celma e Célia aniversariaram ontem. A elas fui de encontro bater palmas e tomar água de coco, misturada com o frio que caracteriza o mês. As duas estavam felizes como o gaúcho jornalista companheiro de Célia, José Antônio Severo, animado com o término das filmagens de longa metragem da história que conta no livro Os Senhores da Guerra sobre o conflito armado de grandes proporções ocorrido em 1920 no Rio Grande, hoje esquecido no País e que durou menos de um ano, como a Guerra dos Paulistas, em 1932.
Entre uma bicada e outra num coco de Minas, safra das antigas, Severo desandou a contar histórias incríveis e belas. Algumas envolvendo ele próprio como personagem dos tempos áureos de reportagem para a extinta Realidade, revista que marcou época pelo calibre do talento de ouro dos craques que a compunham, como Audálio Dantas.
Severo, digamos, foi uma espécie de kamikaze a serviço do bom jornalismo brasileiro. Entre suas façanhas, uma se destaca: pular de paraquedas sem treino devido e pilotar avião idem, sem brevê.
“Eu era”, ele se minimiza “uma espécie de sertanejo no meio da bossa nova”.
E cai na risada, justificando poética e filosoficamente:
“Voar no espaço infinito é uma brincadeira muito gostosa”.
O Vandré, que ouve música no roncar dos motores dos aviões, iria também gostar de ouvir isso...
Como companheiro dos pássaros Severo pode servir hoje, mas não para o jornalismo que se faz.
E eu digo, provoco, e ele ri:
“Nos envelheceram (no jornalismo) antes do tempo”.
Ele responde, meio desconversando:
“Fui especialista em dar manchetes”.
A história desse José é muito rica.
Aliás, ele é história.
Sua participação, por exemplo, na entrevista histórica com o manda-chuva de Cuba Fidel Castro, em 1990, para o programa Roda Viva, o mais importante da TV Cultura, ao lado de Viola Minha Viola e Sr. Brasil, foi excepcional.
Uma pérola.
Está na Internet.
A fala fluindo entre nós e ele contando que o sonho de um certo Funaro era ser pianista.
Funaro treinava noite e dia e aí chegou o câncer, que chegou pra Dilma, que chegou pra o Lula.
Funaro - poucos sabiam e sabem - tocava no anexo do Dacon, prédio bonito e muito conhecido em São Paulo, endereço de novela do SBT assinada por Walcyr Carrasco (acho que Cortina de Vidro).
Corria o ano de 1985.
Fisioterapia, careca, toca etc.
Funaro famoso, economista, milionário, empresário, ex-secretário do governo paulista etc., mas sonhando ser pianista, reconhecido como tal etc.
E até que tocava bem, garantia o músico profissional Antônio Adolfo.
Conclusão:
A arte salva pobres sem futuro e destino e até milionários.
E a pergunta que se faz é: agora com câncer, o que pensa Lula?

MÚSICA NAS ESCOLAS
- Há muito falo sobre a necessidade - e importância - de a música brasileira voltar a integrar o currículo escolar.Uns três ou quatro anos atrás estive encerrando um seminário sobre o assunto no Congresso Nacional, em Brasília. Deixei pauta sobre isso. A Roseana, não tenho certeza, pegou a deixa e mandou ver: fez aprovar projeto obrigando as escolas inserir a matéria no currículo. Aqui, o ponto. O telefone tocou há pouco e atendi. Era meu amigo Darlan Ferreira informando que o Jornal Nacional de hoje iria encerrar com essa notícia. Dito e feito, pá bufo! Que bom. A matéria já vale pro ano que vem.

ONALDO QUEIROGA
- O meu amigo juiz da Comarca de João Pessoa Onaldo Queiroga também acaba de telefonar. Diz que está em Sampa e que o frio o impede de sair do hotel. Vou agora mesmo vê-lo, pr amatar saudade da terrinha.

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